sexta-feira, 20 de abril de 2012
Onça-Pintada
A onça-pintada é o maior felino
do continente americano. Seu peso varia entre 35 e 130 kg e geralmente, os
machos são mais pesados que as fêmeas. Possui o corpo robusto, compacto e
musculoso. O seu comprimento total pode variar de 1,7 a 2,4 metros, e sua cauda
é responsável por 52 a 66 cm do seu tamanho corporal (Seymour, 1989). As
onças-pintadas que habitam áreas de florestas tendem a ser menores do que as
que habitam áreas abertas como o Pantanal, no Brasil ou os Llanos, na
Venezuela.
Sua pelagem varia do
amarelo-claro ao castanho-ocreáceo e é caracterizada por manchas pretas em
forma de rosetas de diferentes tamanhos. Estas rosetas são como a “impressão
digital” do animal e servem para diferenciá-lo, pois cada indivíduo possui um
padrão único de pelagem. Deste modo, com o uso de armadilhas fotográficas, é
possível realizar a contagem de onças-pintadas e estimar o tamanho da população
em uma determinada área. Existe também a variação melânica da espécie, que são
onças com uma coloração de fundo preto, mas que também possuem as rosetas.
Essas são conhecidas como onças-pretas e ocorrem em algumas regiões da
distribuição da espécie.
Outras espécies de felinos, que
também possuem manchas, podem ser confundidas com a onça-pintada. Por exemplo o
leopardo (Panthera pardus) que ocorre na África e Ásia e a jaguatirica
(Leopardus pardalis) que ocorre no continente americano. No entanto, essas
espécies possuem porte e padrão de pelagem distintos.
A onça-pintada, juntamente com o
leopardo das neves, o tigre, o leão e o leopardo, compõem as cinco espécies de
grandes felinos pertencentes ao Gênero Panthera. Como característica em comum,
estas espécies possuem uma ossificação incompleta do osso hióide, localizado na
região da garganta, que proporciona um som forte e grave conhecido como esturro. O esturro é utilizado na comunicação entre
indivíduos de onças-pintadas principalmente no período de reprodução, quando
machos e fêmeas o utilizam para se localizarem. As demais espécies de felinos
emitem apenas um miado como forma de comunicação.
As onças-pintadas concentram suas
atividades no período crepuscular-noturno, porém este comportamento pode variar
conforme a região geográfica. Em hábitats de mata densa, as onças-pintadas
podem apresentar maior atividade durante o dia do que em hábitats abertos como
o Cerrado, o Pantanal e a Caatinga.
A onça-pintada é um animal
territorial, e utiliza para delimitar sua área de vida fezes, urina e arranhões
em árvores. De hábito solitário, interage com outros indivíduos da espécie
apenas no período reprodutivo, sendo que um macho pode acasalar com várias
fêmeas.
As fêmeas atingem a maturidade
sexual com aproximadamente dois anos, podendo ter sua primeira cria com três
anos. Os machos atingem sua maturidade sexual com aproximadamente três anos, e
são atraídos pelo odor e vocalização das fêmeas. O período reprodutivo se
estende por todo o ano, quando as onças-pintadas machos e fêmeas interagem por
alguns dias, copulando por várias vezes. Neste período, pode ser observado mais
de um macho acompanhando a mesma fêmea. O tempo de gestação da onça-pintada
varia entre 93 e 105 dias, podendo nascer de um a quatro filhotes, sendo mais
comum o nascimento de dois filhotes por ninhada. Em média, os filhotes
recém-nascidos pesam de 700-900 g, abrem os olhos entre o sétimo e o 13º dia,
mamam até aproximadamente o sexto mês de vida e acompanham a mãe até um ano e
meio de idade (Seymour, 1989).
A onça-pintada exerce importante
função ecológica para a manutenção do equilíbrio dos ambientes onde ocorre,
principalmente por regular o tamanho das populações de suas espécies presas
como, por exemplo, queixadas, capivaras e jacarés. É um animal que exige
extensas áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir. Dessa forma, a
onça-pintada é considerada uma espécie guarda chuva, pois suas exigências
ecológicas englobam todas as exigências das demais espécies que ocorrem no seu
ambiente.
No Brasil, a onça-pintada é
listada pelo IBAMA (2003) como ameaçada de extinção. Globalmente é
classificada como “quase ameaçada” (IUCN, 2008). A conversão de seu habitat
natural para atividades agropecuárias é a principal causa da redução de 50% de
sua distribuição original (Sanderson et al. 2002), sendo que a espécie foi
extinta em dois (Uruguai e El Salvador) dos 21 países em que ocorria
historicamente. A onça-pintada é legalmente protegida na maioria dos países que
compreendem a sua distribuição – somente na Bolívia a caça ainda é permitida; e
a espécie não tem nenhuma proteção legal no Equador e Guiana (Caso et al.,
2008).
A Amazônia é, atualmente, o maior
refúgio para a onça-pintada ao longo de toda a sua distribuição. Nos demais
ambientes, a fragmentação de habitat e o consequente isolamento de suas
populações são as maiores ameaças para a espécie. Nesses casos, a manutenção e
restauração de conexões entre populações isoladas é a principal estratégia de
conservação para a onça-pintada (veja por exemplo, Corredor de Biodiversidade
do Rio Araguaia).
A fragmentação de hábitats também
influencia diretamente na disponibilidade de presas naturais das
onças-pintadas. Nesses casos, em regiões de produção pecuária, o gado pode
passar a ser uma importante presa para a espécie A inclusão da espécie no
Apêndice I da CITES (Convenção do Comércio em Espécies Ameaçadas)
praticamente eliminou o comércio ilegal de pele de onça-pintada. No entanto, o
abate de animais em retaliação a prejuízos que eles causam a pecuaristas
continua sendo uma importante ameaça à conservação da espécie. Isso demonstra
que, para conservar a onça-pintada não basta manter hábitats e presas naturais,
mas também minimizar conflitos entre esses predadores e os pecuaristas (veja
por exemplo, Projeto Onça Social).
A onça-pintada é um predador topo
de cadeia alimentar, exclusivamente carnívoro. Estudos de sua dieta ao longo de
toda sua distribuição já registraram mais de 85 espécies de presas naturais
(Sunquist & Sunquist, 1989).
A onça-pintada caça de forma
oportunista, se alimentando das espécies mais abundantes no seu ambiente. Em
algumas regiões do Brasil, as onças-pintadas se alimentam principalmente de
grandes mamíferos, como o queixada, a capivara, o tamanduá-bandeira e a anta, e
em outras, se alimentam de répteis, como a tartaruga e o jacaré. Em áreas onde
vivem próximas ao gado, este pode constituir uma importante fonte de alimento
na sua dieta.
A extensão da área de vida da
onça-pintada varia ao longo de sua distribuição: as menores áreas foram
estimadas em 13 km2 nas florestas de Belize (Rabinowitz, & Nottingham,
1986) e as maiores em 265 km2 no Cerrado do Brasil central (Silveira, 2004).
Estudos têm revelado também que a área de vida de indivíduos machos é maior do
que a de fêmeas, sendo que a área de vida de um macho pode englobar as de
várias fêmeas.
A onça-pintada ocorre em
densidades de aproximadamente 1 a 7 indivíduos adultos por 100 km². Altas
densidades foram relatadas em florestas de Belize e Costa Rica (Salom-Pérez et
al. 2007, Silver et al. 2004), e do Pantanal brasileiro (Soisalo &
Cavalcanti 2006), onde a abundância de espécies presa é excepcionalmente alta.
A onça-pintada ocorre em
distintos e variados habitats, desde florestas tropicais na Amazônia, planícies
inundáveis no Pantanal, florestas secas no México, campos arbustivos e abertos
do Cerrado, e até mesmo em regiões semi-áridas da Caatinga. Preferencialmente
utilizam habitats próximos a cursos d‘água com vegetação densa. Normalmente a
onça-pintada evita áreas de agricultura, mas pode ser observada utilizando
pastagens.
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O animal da foto é um Leopardo.
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