quarta-feira, 30 de setembro de 2009

2009 - Primavera das plantas vai acabar mais cedo

Quem ainda quiser ver ipês-amarelos, jacarandás-mimosos e sibipirunas floridos, deve correr para os parques de São Paulo enquanto há tempo.
O inverno chuvoso que acabou na semana passada antecipou a floração de várias espécies de árvores comumente encontradas na cidade. Com isso, a tendência é que esse colorido também desapareça fora de época, ainda nas primeiras semanas da primavera.
"Não é que a primavera do nosso calendário vai ter menos flores. Foi a primavera das plantas que começou desta vez mais cedo", diz Adriana Fidalgo, pesquisadora do Instituto de Botânica de São Paulo.
Ela explica que as chuvas de agosto e setembro estimularam o metabolismo das plantas. Combinada com dias ensolarados, as águas acabaram funcionando "como um gatilho" para a floração. Exemplo disso é a quaresmeira, típica dos três primeiros meses do ano, e que está florescendo em setembro. Os ipês-amarelos, cujas flores começavam a brotar apenas em setembro, já estavam coloridos em agosto. Agora, no final de setembro, estão vazios de flores.
De acordo com a pesquisadora, a antecipação da época das flores não é incomum. É um fenômeno típico em cidades grandes, onde as árvores têm mais contato com a poluição, além de estarem mais vulneráveis a alterações artificiais de temperatura e à pouca permeabilidade do solo. Isso não significa, no entanto, que o período das flores já tenha chegado ao fim. As azaleias, as paineiras e os malvaviscus, por exemplo, começaram a florescer em setembro. As primaveras também devem demorar para desaparecer da paisagem.
Além dessas, ainda é possível encontrar sibipirunas (amarelas, já no auge), ipês-brancos, patas-de-vaca (brancas e rosadas) e tipuanas (amarelas). "Várias outras plantas ainda estão brotando. Se as chuvas continuarem e o frio der trégua, podemos esperar mais flores para a estação", diz Adriana.
A tendência, conforme previsão do CPTec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), é que isso de fato aconteça. A primavera deve ser chuvosa e ter temperaturas mais altas do que a média para o período.

*(Fonte:Folha Online)

Educação: um retrato da sala de aula


Lailson Santos
Uma visão prática - Carnoy:
"Os professores devem ser treinados para ensinar – e não para difundir teorias genéricas"

Poucos especialistas observaram tão de perto o dia a dia em escolas brasileiras quanto o americano Martin Carnoy, 71 anos, doutor em economia pela Universidade de Chicago e professor na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, onde atualmente também comanda um centro voltado para pesquisas sobre educação.
Em 2008, Carnoy veio ao Brasil, país que ele já perdeu as contas de quantas vezes visitou, para coordenar um estudo cujo propósito era entender, sob o ponto de vista do que se passa nas salas de aula, algumas das razões para o mau ensino brasileiro.
Ele assistiu a aulas em dez escolas públicas no país, sistematicamente – e chegou até a filmá-las, além de falar com professores, diretores e governantes.
Em entrevista à editora Monica Weinberg, Martin Carnoy traçou um apurado cenário da educação no Brasil.

*COMO NO SÉCULO XIX*
Está claro que as escolas brasileiras – públicas e particulares – não oferecem grandes desafios intelectuais aos estudantes. No lugar disso, não é raro que eles passem até uma hora copiando uma lição da lousa, à moda antiga, como se estivessem num colégio do século XIX. Ao fazer medições sobre como o tempo de aula é administrado nos colégios que visitei, chamaram-me a atenção ainda a predominância do improviso por parte dos professores, os minutos preciosos que se esvaem com a indisciplina e a absurda quantidade de trabalhos em grupo. Eles consomem algo como 30% das aulas e simplesmente não funcionam. A razão é fácil de entender: só mesmo um professor muito bem qualificado é capaz de conferir eficiência ao trabalho em equipe ou a qualquer outra atividade que envolva o intelecto. E o Brasil não conta com esse time de professores de alto padrão. Ao contrário. O nível geral é muito baixo.

*MENOS TEORIA E MAIS PRÁTICA*
Falta ao Brasil entender o básico. Os professores devem ser bem treinados para ensinar – e não para difundir teorias pedagógicas genéricas. As faculdades precisam estar atentas a isso. Um bom professor de matemática ou de línguas é aquele que domina o conteúdo de sua matéria e consegue passá-lo adiante de maneira atraente aos alunos. Simples assim.
O que vejo no cenário brasileiro, no entanto, é a difusão de um valor diferente: o de que todo professor deve ser um bom teórico. O pior é que eles se tornam defensores de teorias sem saber sequer se funcionam na vida real. Também simplificam demais linhas de pensamento de natureza complexa.
Nas escolas, elas costumam se transformar apenas numa caricatura do que realmente são.

*QUE CONSTRUTIVISMO É ESSE?*
O construtivismo que é hoje aplicado em escolas brasileiras está tão distante do conceito original, aquele de Jean Piaget *(psicólogo suíço,1896-1980),* que não dá nem mesmo para dizer que se está diante dessa teoria. Falta um olhar mais científico e apurado sobre o que diz respeito à sala de aula. É bem verdade que esse não é um problema exclusivamente brasileiro. Especialistas no mundo todo têm o hábito de martelar seus ideários sem se preocupar em saber que benefícios eles trarão ao ensino. Há um excesso de ideologia na educação.
No Brasil, a situação se agrava porque,acima de tudo, falta o básico: bons professores.

Oscar Cabral
Tempo mal gasto
Ensino brasileiro: ausência de desafios intelectuais e excesso de improviso

*À CAÇA DE MESTRES BRILHANTES*
A chave para um bom ensino é conseguir atrair para a carreira de professo ros melhores estudantes. Basta copiar o que já deu certo em países comoTaiwan, que reuniu em seu quadro de docentes algumas das melhores cabeças do país. Ali, um professor ganha tanto quanto um engenheiro – o que, por si só, já atrai os alunos mais talentosos para a docência. Mas não é só isso. Está provado que, para despertar o interesse dos mais brilhantes pela sala de aula, é preciso, sobretudo, dar-lhes uma perspectiva de carreira e de reconhecimento pelo talento que os distingue.
No Brasil, o pior problema não está propriamente na remuneração dos professores, até razoável diante das médias salariais do país – mas justamente na ausência de um bom horizonte profissional.

*VIGILÂNCIA SOBRE OS PROFESSORES*
Os professores brasileiros precisam, de uma vez por todas, ser inspecionados e prestar contas de seu trabalho, como já ocorre em tantos países. A verdade é que, salvo raras exceções, no Brasil ninguém sabe o que eles estão ensinando em sala de aula. É o que me faz comparar as escolas públicas brasileiras às empresas pré-modernas. Elas não contam com mecanismos eficazes para cobrar e incentivar a produtividade. Contratam profissionais que ninguém mais no mercado quer, treinam-nos mal e, além disso, não exercem nenhum tipo de controle sobre eles. Hoje, os professores brasileiros estão, basicamente, livres para escolher o que vão ensinar do currículo. Não há padrão nenhum – tampouco há excelência acadêmica.

*NA LINHA DA MEDIOCRIDADE*
É boa notícia que os brasileiros comecem a colocar a educação entre suas prioridades, mesmo que isso ocorra com tanto atraso em relação aos países mais desenvolvidos. Percebo no Brasil, no entanto, uma visão ainda bastante distorcida da realidade – típica de países onde as notas dos estudantes são, em geral, muito baixas. A experiência indica que, num cenário como esse, até mesmo os ótimos alunos tendem a se nivelar por baixo. Com um resultado superior à média, eles já se dão por satisfeitos, assim como seus pais e escolas.
Na verdade, estão todos mirando a linha da mediocridade. E é lá queestão mesmo. Os exames internacionais da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) mostram isso com clareza. Os alunos brasileiros que aparecem entre os 10% melhores são, afinal, menos preparados do que alguns dos piores estudantes da Finlândia. Os finlandeses, por sua vez, definem suas metas com base num altíssimo padrão de excelência acadêmica. É esse ciclo virtuoso que o Brasil deve perseguir – em todos os níveis.

*CHEGA DE UNIVERSIDADE GRATUITA*
Se quiser mesmo se firmar como uma potência no cenário mundial, o Brasil precisa investir mais na universidade. É verdade que os custos para manter um estudante brasileiro numa faculdade pública já figuram entre os mais altos do planeta. Por isso, é necessário encarar uma questão espinhosa: a cobrança de mensalidades de quem pode pagar por elas, como funciona em tantos países de bom ensino superior. Sempre me pergunto por que a esquerda brasileira quer subsidiar os mais ricos na universidade. É um contrassenso.
Olhe o que aconteceria caso os estudantes de renda mais alta pagassem algo como 1 000 dólares por ano às instituições públicas em que estudam. Logo de saída, o orçamento delas aumentaria na casa dos 15%. Com esse dinheiro, daria para atrair professores do mais alto nível. Quem sabe até um prêmio Nobel. O Brasil precisa, afinal, começar a se nivelar por cima.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

II SEAERJ - Simpósio de Educação Ambiental Empresarial do RJ

Data: 27, 28 e 29 de Outubro de 2009
Local: Pavilhão João Lyra Filho - UERJ/Maracanã
Capela Ecumênica
Coordenador Geral: Prof. Dr. Alexandre de Gusmão Pedrini




Principal objetivo do eveto:
Congregar os principais atores sociais envolvidos com a Educação Ambiental Empresarial para conhecer suas atividades, demandas, dificuldades e interesses, difundindo e debatendo as experiências empresariais, governamentais e acadêmicas a fim de construir um corpo sólido na área.
Inscrições e maiores detalhes no site www.seaerj.com.br

domingo, 20 de setembro de 2009

O risco das plantas invasoras

*Primeiro Caderno Dia-a-diaEdição de domingo, 20 de setembro de 2009 *
Espécies exóticas podem provocar desequilíbrio no meio ambiente e causarproblemas na paisagem urbana das cidades
Mais do que beleza e ornamentação, a vegetação é uma necessidade para o homem e para sobrevivência do planeta. Árvores e plantas são responsáveis pela purificação do ar, transformando o gás carbônico em oxigênio e impedem a erosão do solo, o que resulta em desertificação e morte do mesmo. Seus frutos e folhas servem como alimento ao homem e aos animais. Entretanto, mesmo importantes, elas podem ser prejudiciais ao ecossistema caso estejam em habitats inadequados ao seu desenvolvimento.
Exemplos disso são as plantas exóticas, transferidas de seus locais de origem, por alguma razão, mas que passam a trazer prejuízos ao sistema quando se proliferam de forma descontrolada. A partir disso, elas se tornam invasoras.
Algumas árvores inseridas no solo podem alterar o ecossistema. Neste contexto, cada espécie viva traz características próprias. Algumas são mais resistentes às intempéries do clima. Outras não convivem com a diversidade vegetal. Esse é um fenômeno biológico conhecidocomo alelopatia, observado nos casos em que nenhuma planta consegue crescer próxima a outra determinada, ou quando ela se desenvolve melhor na presença de "companheiras".
O engenheiro agrônomo Genival Filho explica que pela alelopatia determinados vegetais liberam no ambiente substâncias químicas através das folhas, das flores, do caule, das raízes que são absorvidos por outros vegetais. Esses compostos podem beneficiar ou prejudicar o desenvolvimento de espécies próximas a ela. "Quando os produtos liberados são incompatíveis, aquelas que não resistem, morrem e as que permenecem dominam o local". Segundo ele, o maior problema é quando o cultivo é desordenado e as plantas se proliferam por conta própria e livre de inimigos naturais, deterioram as espécies nativas.
*Castanholas invadem superfície*
Este foi o desfecho da história da árvore popularmente conhecida como castanhola, em João Pessoa. Originária do continente asiático, se reproduz com muita facilidade. Por ser resistente e oferecer um sombra agradável, foi preferida pelos moradores da capital, tendo sido plantada nos logradouros e calçadas.
A questão é que os frutos caem no chão e as sementes são levadas pela água até as partes mais baixas da cidade. Em função das condições favoráveis e por não disputar com predadores, as sementes depositadas germinam e crescem, povoando densamente a região. Como se trata de um vegetal forte, pelo fenômeno da alelopatia, outras plantas nativas não resistem e morrem, alterando o ecossistema. Além disso, a castanhola possui raízes grossas que crescem lateralmente, invadindo a superfície. Quando estão próximas às casas ou muros, comprometem a estrutura rachando aconstrução.
Josimar Máximo tem enfrentado no dia a dia a preocupação com plantas invasoras, que cresceram e estão provocando rachaduras no muro de seu condomínio. A Seman foi acionada para corte dos galhos
*Plantas crescem e ameaçam as demais*
Os moradores do Residencial Marina, um condomínio de casas na Rua Egídia Vanderlei A. de Carvalho. Os fundos do terreno e parte das laterais encontram um dos desembocadouros da drenagem das vias públicas de João Pessoa. Visto do alto, é uma bonita área verde.
Examinando de perto, trata-se de um conglomerado de plantas invasoras. Presença unânime das castanholas. Um dos integrantes da comissão de sindicância do condomínio, o advogado Josimar Maximo, informou que foi solicitado à Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Seman) a poda dos galhos das árvores que estão invadindo o residencial por cima do muro de mais ou menos quatro metros de altura, além do corte definitivo de uma delas que está rente ao muro.
No momento da entrevista, foram observadas várias rachaduras no muro que pode estar cedendo por causa da sobreposição das raízes. "Vou investigar a situação no outro lado, quando o pessoal da Seman vier. O que posso afirmar agora é que a sujeira é grande. Essas árvores crescem muito rápido. Os galhos podem bater na cerca elétrica e causar um curto circuito. Mas pior do que isso são os morcegos. Há dezenas deles. Eles têm ninho nessas ávores e se alimentamdos frutos. De noite é perigoso ficarmos no quintal, porque eles sobrevoam o condomínio com rasantes, mesmo quando deixamos os refletores de luz acesos", declarou o advogado. Os morcegos são transmissores de raiva e destruí-los,no Brasil, é considerado crime.
*Solução é monitorar e realizar a podagem*
Na área urbana da capital a Seman realiza o controle de espécies invasoras efetuando poda ou corte destas árvores e plantando espécies nativas no local, como a imbiribeira (*Eschweilera ovata*), o pau-cinza (*Hirtellahebeclada*), a quina-quina (*Coutarea hexandra*) o açoita-cavalo (*Lueheaocrophylla*), a guabiraba (*Campomanesia dichotoma*) e o jatobá-vermelho (*Hymenaearubiflora*). Mas estas soluções são paliativas.
De acordo com Anderson Fontes, engenheiro agrônomo da Divisão de Botânica da Seman, a secretaria está na formulando um amplo estudo na área urbana que resultará no Inventário Arbóreo de João Pessoa. Trata-se de um diagnóstico da situação das sete mil ruas da cidade, mapeando espécies nas calçadas, canteiros e praças. Este documento trará informações precisas a respeito da questão e, apartir, de então, será possível o planejamento de ações para resolver o problema.
Prefeitura realizará inventário para identificar os tipos de plantas na cidade Anderson Fontes, que trabalha no projeto, informa que este ano foi concluído o pré inventário que dará origem ao estudo final. Nele foi registrado que a paisagem nativa da capital mudou. 86% das árvores em João Pessoa são exóticas.
Na execução deste documento foram analisados 912 logradouros em 30 bairros, o que corresponde a 12% das ruas da cidade. Para o engenheiro, as pessoas demonstram boa intenção ao plantar uma árvore, "no entanto, elas precisam ter conhecimento da espécie mais adequada para as condições disponíveis. Uma castanhola precisa de sete a dez metros de raio em torno dela para se desenvolver de forma saudável. Não pode ser plantada em uma calçada. São necessárias ações educativas para a população", informou o engenheiro.
Outro alerta é direcionado às árvores que estão na orla: no Cabo Branco e Manaíra. São bonitas, oferecem sombra e alento na hora do sol escaldante. Contudo, não pertencem à vegetação nativa e estão invadindo, ese reproduzindo cada vez mais rápido. Num futuro próximo, irão dominar e depredar as dunas.
*Desequilíbrio na natureza preocupa*
Em âmbito nacional, o Ministério do Meio Ambiente atentou para o problema recentemente, a partir de uma reunião ambiental internacional, sediada no Brasil, que discutiu o assunto. Dentre as recomendações da reunião, foi determinado que o país desenvolvesse diagnósticos das espécies invasoras existentes e formas para combatê-las. Entre os anos de 2003 e 2005, técnicos coordenados pela Câmara Técnica Permanente de Espécies Exóticas e Invasoras, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, trabalharam na coleta de informações para a montagem do "Informe Nacional de Espécies Exóticas Invasoras", que afetam o ambiente em cinco níveis: terrestre, marinho, águas continentais (rios e lagos), sistemas de produção (agricultura, energia, eoutros), saúde humana (microorganismos e vírus, como a dengue, ou a gripe suína). No mês de setembro deste ano, o primeiro relatório será publicado, referente às Espécies Exóticas Invasoras Marinhas.
Expansão de plantas exóticas e os prejuízos para o meio ambiente tem tornadoo assunto prioridade para o governo Segundoo coordenador da Câmara Técnica Permanente de Espécies Exóticas e Invasoras, Lídio Coradin, esta é a segunda maior causa de destruição da biodiversidadedo planeta. É mais destruidor do que as consequências do aquecimento global. "Apenas a destruição causada pelo homem, através do desmatamento e da fragmentação dos ecossistemas é pior do que a presença de espécies invasoras", esclareceu o coordenador. O impacto financeiro também surpreende. No Brasil, entre as perdas causadas pelas espécies invasoras, que compreendem não somente plantas, como também animais e microorganismos, e ações para combatê-las, são gastos em torno de R$ 100 bilhões por ano.
Lídio Coradin lamenta ser este mais um problema que o governo federal terá que se ocupar, destinando verbas e esforços que poderiam estar indo para as áreas de educação e saúde. "As pessoas agem por desconhecerem a matéria enão imaginam o caos que essa atitude pode gerar. Quando o objetivo é econômico, quem explora a cultura precisa se preocupar em impedir que o plantio não se alastre para fora da área cultivada. Na bacia de origem, as espécies possuem predadores naturais consolidando o equilíbrio na natureza.
Quando elas são transferidas, o predador não vem junto e, agora exóticas, em terra estranha, as espécies encontram o ambiente perfeito para reprodução. O sistema começa a se desequilibrar", esclareceu Lídio Coradin. A dimensão do problema pode ser mensurada através da situação que a Usina Hidrelétrica de Itaipu enfrenta. Um dos motivos de paralisação das turbinas é a limpeza por causa do mexilhão dourado que adere ao equipamento. São gerados 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano, com as 20 turbinas em pleno funcionamento. O mexilhão dourado é considerado uma espécie invasora pelo MAM.
*Algaroba no Cariri: produtividade?*
A algaroba (nome popular) é uma planta originária do deserto de Piura, norte do Peru, e se desenvolve com facilidade em solos áridos. No início da décadade 1940, a espécie foi trazida para o Nordeste com a finalidade de servir de alimento ao gado e para o reflorestamento. Atualmente, técnicos da Empresade Assistência Têcnica e Extensão Rural (Emater) vinculada à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado, apontam a incidência excessiva da algaroba no interior paraibano, especialmente na região do Cariri. É a planta ivasora mais expoente, uma vez que as demais espécies não chegam a apresentar problemas.
O engenheiro florestal da Emater, Robi Tabolka dos Santos, explica que as invasões de espécies vegetais no interior ocorrem em pontos localizados, nabeira dos rios e mananciais de água e nas áreas onde a caatinga estádegradada. "As consequências se refletem na flora e na fauna. As plantas nativas deixam de existir, os animais que se alimentavam destas plantas migram para outras regiões e outros animais passam a habitar no novo sistema criado pela presença da invasora", esclareceu Robi Tabolka. Ele concluiu afirmando que o problema pode ser dominado, com chances concretas de ser revertido.
*Interior é beneficiado com uso de planta *
Embora a algaroba seja considerada invasora em determinadas situações, o cultivo controlado dela resulta em alta produtividade e lucros. O engenheirode alimentos Clóvis Gouveia da Silva, doutor em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisador vinculado ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (CT-UFPB), onde desenvolve pesquisas relacionadas com as propriedades da algaroba, afirma que as qualidades da algaroba são infinitas. "Há um aproveitamento completo da árvore, da raiz aos frutos", disse Clóvis. Para ele, o mito que existe emtorno da planta, considerando-a agente depredador, deve ser reconsiderado.
Com a modernização e a entrada de novas técnicas para alimentação do gado, a algaroba ficou esquecida no interior do estado e, livre de predadores, se proliferou descontroladamente. Contudo, para o estudioso a algaroba apresenta-se como uma das alternativas mais viáveis e imediatas para se combater a fome em nível mundial, por causa das propriedades nutritivas que contém. Rica em açúcares, proteínas e sais minerais, a partir das vagens, se retira às matérias-primas para produção de pães, bolos, biscoitos, bebidas, entre outros.

A GLOBALIZAÇÃO DA OBESIDADE

Belén Macias Marin
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti

Ter hipertensão, anemia, processos infecciosos freqüentes ou crescimento retardado e, ao mesmo tempo, obesidade: isso está se tornando cada vez mais comum nas periferias urbanas dos países mais pobres. A chamada liberalização dos mercados e a supressão das barreiras alfandegárias nos países subdesenvolvidos tem tido consequências, além das econômicas, na saúde das pessoas que vivem ao sul das fronteiras e das barreiras comerciais.

Um estudo publicado neste verão (no Hemisfério Norte) na revista de acesso livre_Globalization and Health_ (Globalização e Saúde) assinala que, desde que se liberalizou o comércio entre as Américas Central e do Norte, as importações e a disponibilidade de alimentos processados com altos conteúdos de açúcares e gorduras tem crescido dramaticamente, com um conseqüente aumento das doenças crônicas associadas à alimentação inadequada, como as cardiovasculares e certos tipos de câncer.

A América Central tem sofrido com uma extensa liberação do comércio nas últimas décadas, tendo assinado recentemente o _FreeTrade Agreement_ (Acordo de Livre Comércio) com os EUA. O valor médio do imposto sobre importações caiu de 45%, em 1985, para cerca de 6% no ano 2000, com o volume das importações duplicando em pouco mais de uma década, de 1990/92 a 2002/05. Por exemplo, durante esse período, as importações de queijo processado, como o em fatias, cresceu 3215%, até transformar-se em 37% do total do queijo importado dos EUA.

PELAS PERIFERIAS DO MUNDO

O resto da América Latina tem passado por processo similar. A denominada transição nutricional dos últimos 25 anos consistiu em comer alimentos com mais gorduras e açúcares e menos conteúdo de fibras e nutrientes essenciais. Os altos preços das frutas e verduras frescas transformaram esses produtos da terra em alimentos inacessíveis para as pessoas com menos renda. O prazer imediato proporcionado pelos alimentos processados com gorduras e açúcares, sua capacidade de saciar e seu baixo custo faz com que eles sejam muito populares em regiões periféricas do planeta, onde a informação do que é “ecosaudável” não chega, e onde fazer caminhadas diárias pode ser um esporte de risco.

"Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e viver, uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o planeta Terra"

Autor desconhecido
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Obesidade reduz até 10 anos de vida
Um IMC (índice de massa corporal) superior a 30 kg/m2 leva à diminuição da expectativa de vida até dez anos

É o que mostra uma meta-análise realizada com 57 estudos e dados de quase 900 mil pessoas com idade média de 46 anos e divulgada recentemente na edição on-line do periódico «The Lancet».
Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) viram que, em índices acima de 25 kg/m2, o acréscimo de 5 kg/ m2 eleva em 30 por cento as taxas gerais de mortalidade. O trabalho também aponta que o IMC entre 30 e 35 (indicador de obesidade leve) foi responsável pela redução de dois a quatro anos na expectativa de vida e, entre 40 e 45 (obesidade grave), por de oito a dez anos.
"Excesso de peso encurta o tempo de vida. Na Grã-Bretanha e nos EUA, pesar um terço a mais do que o ideal diminui a vida em três anos. Para a maioria das pessoas, significa carregar entre 20 kg e 30 kg a mais. Se você está a ficar mais gordo, deixar de ganhar peso também poderia adicionar anos à sua vida", explica o epidemiologista Gary Whitlock, líder do estudo.
O IMC é uma medição fácil de calcular: divide-se o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).
Por exemplo, se pesar 68 kg e medir 1,78 m, deve fazer a seguinte operação:68: (1.78 x 1.78). O resultado é de 21.5.
Resultados do IMC:Inferior a 18.5 = peso baixoEntre 18.5 e 24.9 = peso normalEntre 25 e 29 = excesso de peso30 ou mais = obesidade

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Veículos a álcool estão entre os mais poluidores

Marta Salomon da Folha de São Paulo, em Brasília.

O Ministério do Meio Ambiente divulgou ontem um ranking dos automóveis mais poluentes comercializados no país. Apesar de terem um combustível considerado mais limpo, os carros a álcool ocupam oito das 15 piores posições --alguns têm motor "flex".

Montadoras tentaram adiar divulgação de ranking
"A nossa intenção é que o consumidor também leve em conta as emissões de poluentes", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
Foram feitas 250 avaliações de veículos leves produzidos em 2008 - os automóveis "flex", que representam 85% da frota comercializada no país em 2008, tiveram duas avaliações diferentes, uma para gasolina e outra para álcool.
Foram dadas notas de um (piores) a dez (melhores) para a emissão de três gases poluidores --monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio-- que não têm efeito sobre o aquecimento do planeta, mas afetam a saúde.
Essas notas, chamadas de verdes, não levam em conta a emissão de gás carbônico --CO2, o principal gás causador do efeito estufa.
Nesse ranking das notas verdes, o melhor desempenho foi do Focus 2.0, da Ford, movido a gasolina, com nota 9,4. O pior desempenho foi do Corsa 1.4, da Chevrolet, quando movido a gasolina. Apenas oito carros obtiveram notas superiores a nove, liderando a lista dos menos poluentes.
As notas foram baseadas em informações colhidas durante o licenciamento dos veículos. Todos os modelos avaliados observam, portanto, os limites máximos de emissão adotados no país em 2008. Em janeiro, esses limites tornaram-se mais rigorosos. Novos limites entrarão em vigor em 2014.
Gás carbônico
O ministério também atribuiu pontuação (chamadas notas vermelhas) para a emissão de CO2 (numa escala de cinco a dez). Essas notas, no entanto, não entraram no cálculo para a criação do ranking dos mais poluidores porque foram dadas apenas aos veículos a gasolina.
Isso porque o governo considera, seguindo orientação internacional, que a produção do álcool combustível a partir da cana-de-açúcar captura carbono da atmosfera, zerando a emissão de gás carbônico.
Quando combinada a posição no ranking (nota verde) com o grau de emissão de gás carbônico (nota vermelha), o pior desempenho foi do Ford Ranger XL 2.3.
No endereço eletrônico do Ibama (
www.ibama.gov.br) é possível saber em detalhes quanto cada automóvel polui.
Também estão disponíveis dados sobre o consumo de combustível organizados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u624575.shtml

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Extinção dos corais pode provocar prejuízos de US$ 170 bilhões por ano

da France Presse
O aquecimento do planeta ameaça provocar a extinção imediata dos recifes de coral, de acordo com estudo patrocinado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Além disso, a falta dos "serviços" proporcionados por este rico ecossistema causaria também um prejuízo de US$ 170 bilhões anuais.
A originalidade do trabalho do economista indiano Pavan Sujdev é a abordagem econômica do problema, ao calcular os prejuízos financeiros para o planeta em decorrência desta extinção.
"Os serviços prestados pelo ecossistema dos recifes de coral, que vão desde a proteção das costas à alimentação dos peixes, têm um valor que chega aos US$ 170 bilhões anuais", afirma Sujdev, encarregado da UE (União Europeia) e do PNUE (Programa da ONU para o Meio Ambiente).
Um hectare de coral produz por ano entre 80 milhões e 1 bilhão de dólares em "oportunidades para o turismo e o lazer", segundo estimativas do estudo. Também é avaliada a proteção dos litorais contra catástrofes naturais como inundações: entre US$ 25 e 34 milhões anuais para cada hectare.
O estudo também tenta calcular o custo da recuperação dos recifes de coral: até US$ 542 mil por hectare. Esta operação, no entanto, recuperaria imediatamente US$ 129 mil por ano nos "serviços prestados". Por isso, conclui o diretor do PNUE, Achim Steiner, que é "amplamente preferível conservar estes ecossistemas do que deixar que se deteriorem para recuperá-los depois".
Valor além do financeiro
Muitos especialistas criticam a iniciativa de avaliar os serviços prestados pela natureza, afirmando ser impossível calcular ao certo quanto valem fora do mercado, enquanto outros condenam o estudo alegando que este tipo de abordagem banaliza o patrimônio natural.
De todo modo, o relatório destaca que, considerando o atual estado em que se encontram os corais, as opções deveriam ser feitas com uma base ética, e não apenas levando em conta uma análise de custo/benefício.
As taxas de CO2 na atmosfera, que atualmente chegam a 387 ppm (partes por milhão), deve ser inferior a 350 ppm para salvar os corais.
O relatório é destinado aos líderes políticos que se reunirão dentro de três meses em Copenhague para decidir sobre o acordo que substituirá o protocolo de Kyoto.

Bancos que financiam o desmatamento vão se dar mal

Os bancos que se cuidem.
O Ministério Público Federal anunciou que deve fazer com as instituições financeiras o mesmo que fez com indústrias e varejistas que comercializam produtos oriundos do desmatamento da Amazônia no Pará. Ou seja, quem conceder crédito a fazendas, mineradoras, hidrelétricas e outros empreendimentos envolvidos em crimes ambientais vai enfrentar ações na Justiça seguindo o mesmo modelo que a cadeia da pecuária bovina está enfrentando. Conversei com representantes de bancos em São Paulo. Disseram que, com isso, terão que correr atrás do prejuízo.
Com base em um rastreamento de cadeias produtivas realizado em parceria com o Ibama, o MPF-PA iniciou duas dezenas de processos judiciais contra fazendas e frigoríficos, pedindo o pagamento de R$ 2,1 bilhões em indenizações por danos ambientais, no final de maio. Dezenas de empresas que compraram subprodutos desses frigoríficos receberam notificações em que foram informadas que haviam adquirido insumos obtidos através do desmatamento ilegal da Amazônia. A partir da notificação, deveriam parar de comprar desses fazendeiros e frigoríficos ou passariam à condição de co-responsáveis pelos danos ambientais. O mesmo ocorrerá com os bancos.
Com isso, no início de julho, frigoríficos e o governo do Pará assinaram termos de ajustamento de conduta com o Ministério Público Federal (MPF) que prevêem a moratória total do desmatamento, o reflorestamento de áreas degradadas e o licenciamento ambiental. Também irão informar a origem da carne aos consumidores e ao MPF, que vai verificar a existência de trabalho escravo, crimes ambientais e grilagem entre os fornecedores. As empresas que receberam recomendações para suspender contratos de comercialização com os frigoríficos, como os varejistas, poderiam retomar os negócios com a carne do Pará após esses TACs.
Alguns especialistas que lidam com esse problema no dia-a-dia acham mais fácil os bancos públicos federais e alguns bancos privados adotarem, na prática, regras mais rígidas para concessão de crédito do que o BNDES - que tem funcionado como um último refúgio de quem atua de forma ilegal na Amazônia.
A ver.Blog do Sakamoto

sábado, 5 de setembro de 2009

Mídia: o que não querem que você saiba

12 milhões de mortos invisíveis

Por Marcelo Salles

Enquanto a gripe suína não sai do noticiário, as doenças negligenciadas seguem matando sem causar alarde. Geralmente suas vítimas estão nas classes sociais mais baixas. Só no Brasil, malária, tuberculose, hanseníase, dengue e leishmaniose infectam mais de 650.000 pessoas por ano. No mundo todo morrem 35 mil pessoas todos os dias.
Os números são alarmantes. Enquanto a badalada gripe suína matou algumas centenas de pessoas, doenças como Aids, tuberculose, malária e doença de Chagas, entre outras, matam mais de 12 milhões de pessoas todos os anos. São 35 mil mortes por dia! E se os números são alarmantes, a diferença no tratamento do monopólio da imprensa é escandaloso. Enquanto uma não sai dos noticiários, as doenças que assolam a humanidade simplesmente não são noticiadas.

O estardalhaço feito em cima da nova gripe tem suas serventias. Primeiro, não deixa tempo para falar sobre o genocídio promovido pelo USA no Iraque e no Afeganistão. Em segundo lugar, ajuda aos noticiários a omitirem a raiz do problema, que está na poluição causada pela empresa ianque Smithfield Foods em terras mexicanas. A discrepância entre a mortalidade da gripe causada pelos porcos capitalistas e a mortandade avassaladora das doenças negligenciadas revela o escárnio de todo o teatro.

De acordo com um alerta divulgado pela internet por médicos e cientistas de vários países, incluindo o Brasil, o que existe é uma negligência dos governos em relação às doenças que atingem preferencialmente as camadas mais pobres da população:

— Embora estas doenças afetem centenas de milhões de pessoas, faltam vacinas, diagnósticos e medicamentos, que sejam seguros, adaptados às condições de vida das pessoas afetadas, efetivos, e cujos preços sejam acessíveis, para combatê-las.

Em 1990, o Fórum Global de Saúde apontou o chamado "Hiato 10/90". O termo se refere a um conjunto de doenças que atingem apenas 10% da humanidade, mas que recebem 90% dos investimentos para estudos e pesquisas científicas. As doenças negligenciadas estão fora deste grupo. O resultado é que esta omissão do sistema capitalista termina por favorecer os interesses de grandes monopólios farmacêuticos e empresas associadas, que seguem fabricando apenas determinados tipos de remédios:

— O modelo de desenvolvimento de medicamentos baseado no lucro não é adequado para desenvolver ferramentas de saúde essenciais para doenças negligenciadas. Níveis mais elevados de proteção de propriedade intelectual não resultaram em mais produção e distribuição de medicamentos para as necessidades globais de saúde — denuncia o alerta divulgado pela internet.

— As empresas acabam se preocupando apenas com os medicamentos que dão lucro, então os governos precisam se preocupar com a saúde da população, disse em 2006 o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss, um dos representantes do Brasil na assembléia anual da Organização Mundial da Saúde.

Entre a década de 1980 e o início do novo milênio, o financiamento global para a pesquisa em saúde triplicou, passando de US$ 30 bilhões para US$ 106 bilhões. No entanto, os seguimentos mais pobres não desfrutaram do progresso. Como exemplo pode-se citar o baixíssimo índice (1%) de medicamentos aprovados entre 1975 e 1999 para doenças tropicais e a tuberculose, que afetam diretamente essa parcela da população.

Só no Brasil, doenças já erradicadas em boa parte do mundo como malária, tuberculose, hanseníase, dengue e leshmaniose infectaram mais de 650 mil pessoas no ano de 2005, segundo os dados oficiais. Dentre essas, milhares morreram em decorrência das enfermidades.

Dados do Ministério da Saúde apontam uma média de 85 mil casos de tuberculose registrados no país a cada ano — 35% do total encontrado nas Américas. O índice provoca cerca de cinco mil mortes anuais e classifica o Brasil como detentor do maior número de mortes pela doença entre os países do continente.

Estima-se que 17 milhões de pessoas estejam infectadas pelo parasita causador da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi, e que cerca de 120 milhões de pessoas estejam sob risco de infecção em regiões endêmicas da América Latina. No Brasil, são cerca de 3 milhões de pessoas infectadas.

A este quadro desastroso se somam a medicina privada restritiva e o sistema público ineficiente, onde para se obter o resultado de um exame é preciso esperar até 40 dias úteis — tempo que pode decidir a vida de uma pessoa, dependendo da doença que lhe aflija.

Por fim, o documento divulgado pela internet ressalta a falta de vontade política para resolver esse drama que mata milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano:

— A ciência básica para doenças infecciosas existe e a biomedicina está se desenvolvendo com muita rapidez, mas sem determinação política, este progresso não pode ser utilizado para desenvolver produtos essenciais.

Só que não adianta esperar a boa vontade de governos comprometidos com o sistema capitalista. Essa determinação política somente será convertida em benefícios para as maiorias quando o povo organizado se apropriar das indústrias farmacêuticas e/ou tomar o controle das ferramentas do Estado.

Principais doenças negligenciadas:

Doença de Chagas
A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, um parasita transmitido por insetos hematófagos, por transfusão de sangue contaminado, ou de mãe para filho, na gravidez. A doença ameaça um quarto da população da América Latina.

Doença do sono
Causada por dois protozoários, a infecção é transmitida pelas moscas tsé-tsé, que se reproduzem em áreas pantanosas. Em 1999, 45 mil casos foram reportados à Organização Mundial de Saúde (OMS), mas o número pode chegar a 500 mil.

Leishmaniose
Brasil, Bolívia e Peru contabilizam 90% de todos os casos mundiais. Os três tipos da doença são causados pelo Leishmania, um parasita microscópico transmitido pela picada de mosquitos.

Malária
A doença é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada da fêmea do mosquito Anopheles. A malária está presente em mais de 100 países e ameaça 40% da população mundial. A cada ano, 500 milhões de pessoas são infectadas.

Núcleo Piratininga de Comunicação