quinta-feira, 24 de setembro de 2009

II SEAERJ - Simpósio de Educação Ambiental Empresarial do RJ

Data: 27, 28 e 29 de Outubro de 2009
Local: Pavilhão João Lyra Filho - UERJ/Maracanã
Capela Ecumênica
Coordenador Geral: Prof. Dr. Alexandre de Gusmão Pedrini




Principal objetivo do eveto:
Congregar os principais atores sociais envolvidos com a Educação Ambiental Empresarial para conhecer suas atividades, demandas, dificuldades e interesses, difundindo e debatendo as experiências empresariais, governamentais e acadêmicas a fim de construir um corpo sólido na área.
Inscrições e maiores detalhes no site www.seaerj.com.br

domingo, 20 de setembro de 2009

O risco das plantas invasoras

*Primeiro Caderno Dia-a-diaEdição de domingo, 20 de setembro de 2009 *
Espécies exóticas podem provocar desequilíbrio no meio ambiente e causarproblemas na paisagem urbana das cidades
Mais do que beleza e ornamentação, a vegetação é uma necessidade para o homem e para sobrevivência do planeta. Árvores e plantas são responsáveis pela purificação do ar, transformando o gás carbônico em oxigênio e impedem a erosão do solo, o que resulta em desertificação e morte do mesmo. Seus frutos e folhas servem como alimento ao homem e aos animais. Entretanto, mesmo importantes, elas podem ser prejudiciais ao ecossistema caso estejam em habitats inadequados ao seu desenvolvimento.
Exemplos disso são as plantas exóticas, transferidas de seus locais de origem, por alguma razão, mas que passam a trazer prejuízos ao sistema quando se proliferam de forma descontrolada. A partir disso, elas se tornam invasoras.
Algumas árvores inseridas no solo podem alterar o ecossistema. Neste contexto, cada espécie viva traz características próprias. Algumas são mais resistentes às intempéries do clima. Outras não convivem com a diversidade vegetal. Esse é um fenômeno biológico conhecidocomo alelopatia, observado nos casos em que nenhuma planta consegue crescer próxima a outra determinada, ou quando ela se desenvolve melhor na presença de "companheiras".
O engenheiro agrônomo Genival Filho explica que pela alelopatia determinados vegetais liberam no ambiente substâncias químicas através das folhas, das flores, do caule, das raízes que são absorvidos por outros vegetais. Esses compostos podem beneficiar ou prejudicar o desenvolvimento de espécies próximas a ela. "Quando os produtos liberados são incompatíveis, aquelas que não resistem, morrem e as que permenecem dominam o local". Segundo ele, o maior problema é quando o cultivo é desordenado e as plantas se proliferam por conta própria e livre de inimigos naturais, deterioram as espécies nativas.
*Castanholas invadem superfície*
Este foi o desfecho da história da árvore popularmente conhecida como castanhola, em João Pessoa. Originária do continente asiático, se reproduz com muita facilidade. Por ser resistente e oferecer um sombra agradável, foi preferida pelos moradores da capital, tendo sido plantada nos logradouros e calçadas.
A questão é que os frutos caem no chão e as sementes são levadas pela água até as partes mais baixas da cidade. Em função das condições favoráveis e por não disputar com predadores, as sementes depositadas germinam e crescem, povoando densamente a região. Como se trata de um vegetal forte, pelo fenômeno da alelopatia, outras plantas nativas não resistem e morrem, alterando o ecossistema. Além disso, a castanhola possui raízes grossas que crescem lateralmente, invadindo a superfície. Quando estão próximas às casas ou muros, comprometem a estrutura rachando aconstrução.
Josimar Máximo tem enfrentado no dia a dia a preocupação com plantas invasoras, que cresceram e estão provocando rachaduras no muro de seu condomínio. A Seman foi acionada para corte dos galhos
*Plantas crescem e ameaçam as demais*
Os moradores do Residencial Marina, um condomínio de casas na Rua Egídia Vanderlei A. de Carvalho. Os fundos do terreno e parte das laterais encontram um dos desembocadouros da drenagem das vias públicas de João Pessoa. Visto do alto, é uma bonita área verde.
Examinando de perto, trata-se de um conglomerado de plantas invasoras. Presença unânime das castanholas. Um dos integrantes da comissão de sindicância do condomínio, o advogado Josimar Maximo, informou que foi solicitado à Secretaria do Meio Ambiente de João Pessoa (Seman) a poda dos galhos das árvores que estão invadindo o residencial por cima do muro de mais ou menos quatro metros de altura, além do corte definitivo de uma delas que está rente ao muro.
No momento da entrevista, foram observadas várias rachaduras no muro que pode estar cedendo por causa da sobreposição das raízes. "Vou investigar a situação no outro lado, quando o pessoal da Seman vier. O que posso afirmar agora é que a sujeira é grande. Essas árvores crescem muito rápido. Os galhos podem bater na cerca elétrica e causar um curto circuito. Mas pior do que isso são os morcegos. Há dezenas deles. Eles têm ninho nessas ávores e se alimentamdos frutos. De noite é perigoso ficarmos no quintal, porque eles sobrevoam o condomínio com rasantes, mesmo quando deixamos os refletores de luz acesos", declarou o advogado. Os morcegos são transmissores de raiva e destruí-los,no Brasil, é considerado crime.
*Solução é monitorar e realizar a podagem*
Na área urbana da capital a Seman realiza o controle de espécies invasoras efetuando poda ou corte destas árvores e plantando espécies nativas no local, como a imbiribeira (*Eschweilera ovata*), o pau-cinza (*Hirtellahebeclada*), a quina-quina (*Coutarea hexandra*) o açoita-cavalo (*Lueheaocrophylla*), a guabiraba (*Campomanesia dichotoma*) e o jatobá-vermelho (*Hymenaearubiflora*). Mas estas soluções são paliativas.
De acordo com Anderson Fontes, engenheiro agrônomo da Divisão de Botânica da Seman, a secretaria está na formulando um amplo estudo na área urbana que resultará no Inventário Arbóreo de João Pessoa. Trata-se de um diagnóstico da situação das sete mil ruas da cidade, mapeando espécies nas calçadas, canteiros e praças. Este documento trará informações precisas a respeito da questão e, apartir, de então, será possível o planejamento de ações para resolver o problema.
Prefeitura realizará inventário para identificar os tipos de plantas na cidade Anderson Fontes, que trabalha no projeto, informa que este ano foi concluído o pré inventário que dará origem ao estudo final. Nele foi registrado que a paisagem nativa da capital mudou. 86% das árvores em João Pessoa são exóticas.
Na execução deste documento foram analisados 912 logradouros em 30 bairros, o que corresponde a 12% das ruas da cidade. Para o engenheiro, as pessoas demonstram boa intenção ao plantar uma árvore, "no entanto, elas precisam ter conhecimento da espécie mais adequada para as condições disponíveis. Uma castanhola precisa de sete a dez metros de raio em torno dela para se desenvolver de forma saudável. Não pode ser plantada em uma calçada. São necessárias ações educativas para a população", informou o engenheiro.
Outro alerta é direcionado às árvores que estão na orla: no Cabo Branco e Manaíra. São bonitas, oferecem sombra e alento na hora do sol escaldante. Contudo, não pertencem à vegetação nativa e estão invadindo, ese reproduzindo cada vez mais rápido. Num futuro próximo, irão dominar e depredar as dunas.
*Desequilíbrio na natureza preocupa*
Em âmbito nacional, o Ministério do Meio Ambiente atentou para o problema recentemente, a partir de uma reunião ambiental internacional, sediada no Brasil, que discutiu o assunto. Dentre as recomendações da reunião, foi determinado que o país desenvolvesse diagnósticos das espécies invasoras existentes e formas para combatê-las. Entre os anos de 2003 e 2005, técnicos coordenados pela Câmara Técnica Permanente de Espécies Exóticas e Invasoras, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, trabalharam na coleta de informações para a montagem do "Informe Nacional de Espécies Exóticas Invasoras", que afetam o ambiente em cinco níveis: terrestre, marinho, águas continentais (rios e lagos), sistemas de produção (agricultura, energia, eoutros), saúde humana (microorganismos e vírus, como a dengue, ou a gripe suína). No mês de setembro deste ano, o primeiro relatório será publicado, referente às Espécies Exóticas Invasoras Marinhas.
Expansão de plantas exóticas e os prejuízos para o meio ambiente tem tornadoo assunto prioridade para o governo Segundoo coordenador da Câmara Técnica Permanente de Espécies Exóticas e Invasoras, Lídio Coradin, esta é a segunda maior causa de destruição da biodiversidadedo planeta. É mais destruidor do que as consequências do aquecimento global. "Apenas a destruição causada pelo homem, através do desmatamento e da fragmentação dos ecossistemas é pior do que a presença de espécies invasoras", esclareceu o coordenador. O impacto financeiro também surpreende. No Brasil, entre as perdas causadas pelas espécies invasoras, que compreendem não somente plantas, como também animais e microorganismos, e ações para combatê-las, são gastos em torno de R$ 100 bilhões por ano.
Lídio Coradin lamenta ser este mais um problema que o governo federal terá que se ocupar, destinando verbas e esforços que poderiam estar indo para as áreas de educação e saúde. "As pessoas agem por desconhecerem a matéria enão imaginam o caos que essa atitude pode gerar. Quando o objetivo é econômico, quem explora a cultura precisa se preocupar em impedir que o plantio não se alastre para fora da área cultivada. Na bacia de origem, as espécies possuem predadores naturais consolidando o equilíbrio na natureza.
Quando elas são transferidas, o predador não vem junto e, agora exóticas, em terra estranha, as espécies encontram o ambiente perfeito para reprodução. O sistema começa a se desequilibrar", esclareceu Lídio Coradin. A dimensão do problema pode ser mensurada através da situação que a Usina Hidrelétrica de Itaipu enfrenta. Um dos motivos de paralisação das turbinas é a limpeza por causa do mexilhão dourado que adere ao equipamento. São gerados 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano, com as 20 turbinas em pleno funcionamento. O mexilhão dourado é considerado uma espécie invasora pelo MAM.
*Algaroba no Cariri: produtividade?*
A algaroba (nome popular) é uma planta originária do deserto de Piura, norte do Peru, e se desenvolve com facilidade em solos áridos. No início da décadade 1940, a espécie foi trazida para o Nordeste com a finalidade de servir de alimento ao gado e para o reflorestamento. Atualmente, técnicos da Empresade Assistência Têcnica e Extensão Rural (Emater) vinculada à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado, apontam a incidência excessiva da algaroba no interior paraibano, especialmente na região do Cariri. É a planta ivasora mais expoente, uma vez que as demais espécies não chegam a apresentar problemas.
O engenheiro florestal da Emater, Robi Tabolka dos Santos, explica que as invasões de espécies vegetais no interior ocorrem em pontos localizados, nabeira dos rios e mananciais de água e nas áreas onde a caatinga estádegradada. "As consequências se refletem na flora e na fauna. As plantas nativas deixam de existir, os animais que se alimentavam destas plantas migram para outras regiões e outros animais passam a habitar no novo sistema criado pela presença da invasora", esclareceu Robi Tabolka. Ele concluiu afirmando que o problema pode ser dominado, com chances concretas de ser revertido.
*Interior é beneficiado com uso de planta *
Embora a algaroba seja considerada invasora em determinadas situações, o cultivo controlado dela resulta em alta produtividade e lucros. O engenheirode alimentos Clóvis Gouveia da Silva, doutor em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisador vinculado ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (CT-UFPB), onde desenvolve pesquisas relacionadas com as propriedades da algaroba, afirma que as qualidades da algaroba são infinitas. "Há um aproveitamento completo da árvore, da raiz aos frutos", disse Clóvis. Para ele, o mito que existe emtorno da planta, considerando-a agente depredador, deve ser reconsiderado.
Com a modernização e a entrada de novas técnicas para alimentação do gado, a algaroba ficou esquecida no interior do estado e, livre de predadores, se proliferou descontroladamente. Contudo, para o estudioso a algaroba apresenta-se como uma das alternativas mais viáveis e imediatas para se combater a fome em nível mundial, por causa das propriedades nutritivas que contém. Rica em açúcares, proteínas e sais minerais, a partir das vagens, se retira às matérias-primas para produção de pães, bolos, biscoitos, bebidas, entre outros.

A GLOBALIZAÇÃO DA OBESIDADE

Belén Macias Marin
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti

Ter hipertensão, anemia, processos infecciosos freqüentes ou crescimento retardado e, ao mesmo tempo, obesidade: isso está se tornando cada vez mais comum nas periferias urbanas dos países mais pobres. A chamada liberalização dos mercados e a supressão das barreiras alfandegárias nos países subdesenvolvidos tem tido consequências, além das econômicas, na saúde das pessoas que vivem ao sul das fronteiras e das barreiras comerciais.

Um estudo publicado neste verão (no Hemisfério Norte) na revista de acesso livre_Globalization and Health_ (Globalização e Saúde) assinala que, desde que se liberalizou o comércio entre as Américas Central e do Norte, as importações e a disponibilidade de alimentos processados com altos conteúdos de açúcares e gorduras tem crescido dramaticamente, com um conseqüente aumento das doenças crônicas associadas à alimentação inadequada, como as cardiovasculares e certos tipos de câncer.

A América Central tem sofrido com uma extensa liberação do comércio nas últimas décadas, tendo assinado recentemente o _FreeTrade Agreement_ (Acordo de Livre Comércio) com os EUA. O valor médio do imposto sobre importações caiu de 45%, em 1985, para cerca de 6% no ano 2000, com o volume das importações duplicando em pouco mais de uma década, de 1990/92 a 2002/05. Por exemplo, durante esse período, as importações de queijo processado, como o em fatias, cresceu 3215%, até transformar-se em 37% do total do queijo importado dos EUA.

PELAS PERIFERIAS DO MUNDO

O resto da América Latina tem passado por processo similar. A denominada transição nutricional dos últimos 25 anos consistiu em comer alimentos com mais gorduras e açúcares e menos conteúdo de fibras e nutrientes essenciais. Os altos preços das frutas e verduras frescas transformaram esses produtos da terra em alimentos inacessíveis para as pessoas com menos renda. O prazer imediato proporcionado pelos alimentos processados com gorduras e açúcares, sua capacidade de saciar e seu baixo custo faz com que eles sejam muito populares em regiões periféricas do planeta, onde a informação do que é “ecosaudável” não chega, e onde fazer caminhadas diárias pode ser um esporte de risco.

"Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e viver, uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o planeta Terra"

Autor desconhecido
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Obesidade reduz até 10 anos de vida
Um IMC (índice de massa corporal) superior a 30 kg/m2 leva à diminuição da expectativa de vida até dez anos

É o que mostra uma meta-análise realizada com 57 estudos e dados de quase 900 mil pessoas com idade média de 46 anos e divulgada recentemente na edição on-line do periódico «The Lancet».
Pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) viram que, em índices acima de 25 kg/m2, o acréscimo de 5 kg/ m2 eleva em 30 por cento as taxas gerais de mortalidade. O trabalho também aponta que o IMC entre 30 e 35 (indicador de obesidade leve) foi responsável pela redução de dois a quatro anos na expectativa de vida e, entre 40 e 45 (obesidade grave), por de oito a dez anos.
"Excesso de peso encurta o tempo de vida. Na Grã-Bretanha e nos EUA, pesar um terço a mais do que o ideal diminui a vida em três anos. Para a maioria das pessoas, significa carregar entre 20 kg e 30 kg a mais. Se você está a ficar mais gordo, deixar de ganhar peso também poderia adicionar anos à sua vida", explica o epidemiologista Gary Whitlock, líder do estudo.
O IMC é uma medição fácil de calcular: divide-se o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).
Por exemplo, se pesar 68 kg e medir 1,78 m, deve fazer a seguinte operação:68: (1.78 x 1.78). O resultado é de 21.5.
Resultados do IMC:Inferior a 18.5 = peso baixoEntre 18.5 e 24.9 = peso normalEntre 25 e 29 = excesso de peso30 ou mais = obesidade

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Veículos a álcool estão entre os mais poluidores

Marta Salomon da Folha de São Paulo, em Brasília.

O Ministério do Meio Ambiente divulgou ontem um ranking dos automóveis mais poluentes comercializados no país. Apesar de terem um combustível considerado mais limpo, os carros a álcool ocupam oito das 15 piores posições --alguns têm motor "flex".

Montadoras tentaram adiar divulgação de ranking
"A nossa intenção é que o consumidor também leve em conta as emissões de poluentes", disse o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente).
Foram feitas 250 avaliações de veículos leves produzidos em 2008 - os automóveis "flex", que representam 85% da frota comercializada no país em 2008, tiveram duas avaliações diferentes, uma para gasolina e outra para álcool.
Foram dadas notas de um (piores) a dez (melhores) para a emissão de três gases poluidores --monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio-- que não têm efeito sobre o aquecimento do planeta, mas afetam a saúde.
Essas notas, chamadas de verdes, não levam em conta a emissão de gás carbônico --CO2, o principal gás causador do efeito estufa.
Nesse ranking das notas verdes, o melhor desempenho foi do Focus 2.0, da Ford, movido a gasolina, com nota 9,4. O pior desempenho foi do Corsa 1.4, da Chevrolet, quando movido a gasolina. Apenas oito carros obtiveram notas superiores a nove, liderando a lista dos menos poluentes.
As notas foram baseadas em informações colhidas durante o licenciamento dos veículos. Todos os modelos avaliados observam, portanto, os limites máximos de emissão adotados no país em 2008. Em janeiro, esses limites tornaram-se mais rigorosos. Novos limites entrarão em vigor em 2014.
Gás carbônico
O ministério também atribuiu pontuação (chamadas notas vermelhas) para a emissão de CO2 (numa escala de cinco a dez). Essas notas, no entanto, não entraram no cálculo para a criação do ranking dos mais poluidores porque foram dadas apenas aos veículos a gasolina.
Isso porque o governo considera, seguindo orientação internacional, que a produção do álcool combustível a partir da cana-de-açúcar captura carbono da atmosfera, zerando a emissão de gás carbônico.
Quando combinada a posição no ranking (nota verde) com o grau de emissão de gás carbônico (nota vermelha), o pior desempenho foi do Ford Ranger XL 2.3.
No endereço eletrônico do Ibama (
www.ibama.gov.br) é possível saber em detalhes quanto cada automóvel polui.
Também estão disponíveis dados sobre o consumo de combustível organizados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u624575.shtml

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Extinção dos corais pode provocar prejuízos de US$ 170 bilhões por ano

da France Presse
O aquecimento do planeta ameaça provocar a extinção imediata dos recifes de coral, de acordo com estudo patrocinado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Além disso, a falta dos "serviços" proporcionados por este rico ecossistema causaria também um prejuízo de US$ 170 bilhões anuais.
A originalidade do trabalho do economista indiano Pavan Sujdev é a abordagem econômica do problema, ao calcular os prejuízos financeiros para o planeta em decorrência desta extinção.
"Os serviços prestados pelo ecossistema dos recifes de coral, que vão desde a proteção das costas à alimentação dos peixes, têm um valor que chega aos US$ 170 bilhões anuais", afirma Sujdev, encarregado da UE (União Europeia) e do PNUE (Programa da ONU para o Meio Ambiente).
Um hectare de coral produz por ano entre 80 milhões e 1 bilhão de dólares em "oportunidades para o turismo e o lazer", segundo estimativas do estudo. Também é avaliada a proteção dos litorais contra catástrofes naturais como inundações: entre US$ 25 e 34 milhões anuais para cada hectare.
O estudo também tenta calcular o custo da recuperação dos recifes de coral: até US$ 542 mil por hectare. Esta operação, no entanto, recuperaria imediatamente US$ 129 mil por ano nos "serviços prestados". Por isso, conclui o diretor do PNUE, Achim Steiner, que é "amplamente preferível conservar estes ecossistemas do que deixar que se deteriorem para recuperá-los depois".
Valor além do financeiro
Muitos especialistas criticam a iniciativa de avaliar os serviços prestados pela natureza, afirmando ser impossível calcular ao certo quanto valem fora do mercado, enquanto outros condenam o estudo alegando que este tipo de abordagem banaliza o patrimônio natural.
De todo modo, o relatório destaca que, considerando o atual estado em que se encontram os corais, as opções deveriam ser feitas com uma base ética, e não apenas levando em conta uma análise de custo/benefício.
As taxas de CO2 na atmosfera, que atualmente chegam a 387 ppm (partes por milhão), deve ser inferior a 350 ppm para salvar os corais.
O relatório é destinado aos líderes políticos que se reunirão dentro de três meses em Copenhague para decidir sobre o acordo que substituirá o protocolo de Kyoto.

Bancos que financiam o desmatamento vão se dar mal

Os bancos que se cuidem.
O Ministério Público Federal anunciou que deve fazer com as instituições financeiras o mesmo que fez com indústrias e varejistas que comercializam produtos oriundos do desmatamento da Amazônia no Pará. Ou seja, quem conceder crédito a fazendas, mineradoras, hidrelétricas e outros empreendimentos envolvidos em crimes ambientais vai enfrentar ações na Justiça seguindo o mesmo modelo que a cadeia da pecuária bovina está enfrentando. Conversei com representantes de bancos em São Paulo. Disseram que, com isso, terão que correr atrás do prejuízo.
Com base em um rastreamento de cadeias produtivas realizado em parceria com o Ibama, o MPF-PA iniciou duas dezenas de processos judiciais contra fazendas e frigoríficos, pedindo o pagamento de R$ 2,1 bilhões em indenizações por danos ambientais, no final de maio. Dezenas de empresas que compraram subprodutos desses frigoríficos receberam notificações em que foram informadas que haviam adquirido insumos obtidos através do desmatamento ilegal da Amazônia. A partir da notificação, deveriam parar de comprar desses fazendeiros e frigoríficos ou passariam à condição de co-responsáveis pelos danos ambientais. O mesmo ocorrerá com os bancos.
Com isso, no início de julho, frigoríficos e o governo do Pará assinaram termos de ajustamento de conduta com o Ministério Público Federal (MPF) que prevêem a moratória total do desmatamento, o reflorestamento de áreas degradadas e o licenciamento ambiental. Também irão informar a origem da carne aos consumidores e ao MPF, que vai verificar a existência de trabalho escravo, crimes ambientais e grilagem entre os fornecedores. As empresas que receberam recomendações para suspender contratos de comercialização com os frigoríficos, como os varejistas, poderiam retomar os negócios com a carne do Pará após esses TACs.
Alguns especialistas que lidam com esse problema no dia-a-dia acham mais fácil os bancos públicos federais e alguns bancos privados adotarem, na prática, regras mais rígidas para concessão de crédito do que o BNDES - que tem funcionado como um último refúgio de quem atua de forma ilegal na Amazônia.
A ver.Blog do Sakamoto

sábado, 5 de setembro de 2009

Mídia: o que não querem que você saiba

12 milhões de mortos invisíveis

Por Marcelo Salles

Enquanto a gripe suína não sai do noticiário, as doenças negligenciadas seguem matando sem causar alarde. Geralmente suas vítimas estão nas classes sociais mais baixas. Só no Brasil, malária, tuberculose, hanseníase, dengue e leishmaniose infectam mais de 650.000 pessoas por ano. No mundo todo morrem 35 mil pessoas todos os dias.
Os números são alarmantes. Enquanto a badalada gripe suína matou algumas centenas de pessoas, doenças como Aids, tuberculose, malária e doença de Chagas, entre outras, matam mais de 12 milhões de pessoas todos os anos. São 35 mil mortes por dia! E se os números são alarmantes, a diferença no tratamento do monopólio da imprensa é escandaloso. Enquanto uma não sai dos noticiários, as doenças que assolam a humanidade simplesmente não são noticiadas.

O estardalhaço feito em cima da nova gripe tem suas serventias. Primeiro, não deixa tempo para falar sobre o genocídio promovido pelo USA no Iraque e no Afeganistão. Em segundo lugar, ajuda aos noticiários a omitirem a raiz do problema, que está na poluição causada pela empresa ianque Smithfield Foods em terras mexicanas. A discrepância entre a mortalidade da gripe causada pelos porcos capitalistas e a mortandade avassaladora das doenças negligenciadas revela o escárnio de todo o teatro.

De acordo com um alerta divulgado pela internet por médicos e cientistas de vários países, incluindo o Brasil, o que existe é uma negligência dos governos em relação às doenças que atingem preferencialmente as camadas mais pobres da população:

— Embora estas doenças afetem centenas de milhões de pessoas, faltam vacinas, diagnósticos e medicamentos, que sejam seguros, adaptados às condições de vida das pessoas afetadas, efetivos, e cujos preços sejam acessíveis, para combatê-las.

Em 1990, o Fórum Global de Saúde apontou o chamado "Hiato 10/90". O termo se refere a um conjunto de doenças que atingem apenas 10% da humanidade, mas que recebem 90% dos investimentos para estudos e pesquisas científicas. As doenças negligenciadas estão fora deste grupo. O resultado é que esta omissão do sistema capitalista termina por favorecer os interesses de grandes monopólios farmacêuticos e empresas associadas, que seguem fabricando apenas determinados tipos de remédios:

— O modelo de desenvolvimento de medicamentos baseado no lucro não é adequado para desenvolver ferramentas de saúde essenciais para doenças negligenciadas. Níveis mais elevados de proteção de propriedade intelectual não resultaram em mais produção e distribuição de medicamentos para as necessidades globais de saúde — denuncia o alerta divulgado pela internet.

— As empresas acabam se preocupando apenas com os medicamentos que dão lucro, então os governos precisam se preocupar com a saúde da população, disse em 2006 o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss, um dos representantes do Brasil na assembléia anual da Organização Mundial da Saúde.

Entre a década de 1980 e o início do novo milênio, o financiamento global para a pesquisa em saúde triplicou, passando de US$ 30 bilhões para US$ 106 bilhões. No entanto, os seguimentos mais pobres não desfrutaram do progresso. Como exemplo pode-se citar o baixíssimo índice (1%) de medicamentos aprovados entre 1975 e 1999 para doenças tropicais e a tuberculose, que afetam diretamente essa parcela da população.

Só no Brasil, doenças já erradicadas em boa parte do mundo como malária, tuberculose, hanseníase, dengue e leshmaniose infectaram mais de 650 mil pessoas no ano de 2005, segundo os dados oficiais. Dentre essas, milhares morreram em decorrência das enfermidades.

Dados do Ministério da Saúde apontam uma média de 85 mil casos de tuberculose registrados no país a cada ano — 35% do total encontrado nas Américas. O índice provoca cerca de cinco mil mortes anuais e classifica o Brasil como detentor do maior número de mortes pela doença entre os países do continente.

Estima-se que 17 milhões de pessoas estejam infectadas pelo parasita causador da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi, e que cerca de 120 milhões de pessoas estejam sob risco de infecção em regiões endêmicas da América Latina. No Brasil, são cerca de 3 milhões de pessoas infectadas.

A este quadro desastroso se somam a medicina privada restritiva e o sistema público ineficiente, onde para se obter o resultado de um exame é preciso esperar até 40 dias úteis — tempo que pode decidir a vida de uma pessoa, dependendo da doença que lhe aflija.

Por fim, o documento divulgado pela internet ressalta a falta de vontade política para resolver esse drama que mata milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano:

— A ciência básica para doenças infecciosas existe e a biomedicina está se desenvolvendo com muita rapidez, mas sem determinação política, este progresso não pode ser utilizado para desenvolver produtos essenciais.

Só que não adianta esperar a boa vontade de governos comprometidos com o sistema capitalista. Essa determinação política somente será convertida em benefícios para as maiorias quando o povo organizado se apropriar das indústrias farmacêuticas e/ou tomar o controle das ferramentas do Estado.

Principais doenças negligenciadas:

Doença de Chagas
A doença de Chagas é causada pelo Trypanosoma cruzi, um parasita transmitido por insetos hematófagos, por transfusão de sangue contaminado, ou de mãe para filho, na gravidez. A doença ameaça um quarto da população da América Latina.

Doença do sono
Causada por dois protozoários, a infecção é transmitida pelas moscas tsé-tsé, que se reproduzem em áreas pantanosas. Em 1999, 45 mil casos foram reportados à Organização Mundial de Saúde (OMS), mas o número pode chegar a 500 mil.

Leishmaniose
Brasil, Bolívia e Peru contabilizam 90% de todos os casos mundiais. Os três tipos da doença são causados pelo Leishmania, um parasita microscópico transmitido pela picada de mosquitos.

Malária
A doença é causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada da fêmea do mosquito Anopheles. A malária está presente em mais de 100 países e ameaça 40% da população mundial. A cada ano, 500 milhões de pessoas são infectadas.

Núcleo Piratininga de Comunicação

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas.


Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque.

Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, Deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As conseqüências seriam as melhores possíveis.

Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.

O projeto de lei pode, realmente, mudar a realidade do nosso país.


O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA.


Vamos todos assinar a petição a favor do Projeto de Lei do Senador Cristóvão Buarque!!




PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007

Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.

sábado, 29 de agosto de 2009

Devastação dos oceanos afeta vida no planeta

A acelerada deterioração dos oceanos pelo aumento da poluição e o desaparecimento de milhares de espécies marinhas coloca em perigo a vida no planeta, foi a conclusão do Green Forum, que reuniu hoje (26) em Miami cientistas e especialistas mundiais no assunto.
O evento foi organizado pela Fundação ABC, pelo National Geographic, pela Escola de Ciências Marinhas da Universidade de Miami e por outras entidades e teve como objetivo chamar a atenção para os perigos que espreitam os oceanos e recomendar uma série de soluções.
Durante dois dias os participantes debaterão os problemas que espreitam os oceanos desde a pesca aos efeitos da mudança climática e os elevados níveis de poluição nos mares.
“Costumamos pensar que os alimentos que chegam a nossas mesas sempre estarão aí, que o clima não mudará e que se algo acontecer podemos remediar, mas com a deterioração dos oceanos o que está em jogo é a vida no planeta”, disse hoje à Agência EFE Angélica Fuentes, copresidente da Fundação ABC.
Emilio Azcárraga, presidente da “Televisa” e copresidente da “ABC”, afirmou que “o desconhecimento que se tem dos oceanos é equivalente à sua importância”.
“Se as pessoas soubessem que se matam 100 milhões de tubarões ao ano, que dois terços do oxigênio que se respira no mundo vêm do oceano e que a pesca e a poluição podem acabar com milhares e milhares de espécies para sempre, se conscientizariam do risco e agiriam diferente”, acrescentou Azcárraga.Também assistiu à inauguração do fórum o oceanógrafo e explorador francês Jean-Michel Cousteau, filho de Jacques Cousteau, que usou sua vasta experiência como cientista e divulgador da vida marinha para transmitir a preocupação pela preservação dos mares.
As conferências e debates se concentrarão na quinta-feira (27), com várias sessões nas quais serão analisados os efeitos da mudança climática, da poluição e da pesca nos oceanos, que compreendem 98% da biosfera onde a vidado planeta se desenvolve.
html> Yahoo Notícias e http://www.anda.jor.br/?p=18120

domingo, 23 de agosto de 2009

Tinta usada por pescadores faz caranguejo mudar de sexo

Uma tinta muito usada por pescadores para pintar o casco de barcos pode estar fazendo um tipo de caranguejo do Sudeste do Brasil trocar de sexo.
Análises iniciais mostram que o contato com o poluente tem feito as fêmeas dos grupos estudados se masculinizarem.
De acordo com o biólogo Bruno Sant’Anna, da Unesp, caranguejos ermitões da espécie Clibanarius vittatus em 13 estuários estudados, de Cananeia (SP) a Paraty (RJ), registraram o composto TBT (tributilestanho) em seus órgãos.
Altamente tóxico, o TBT é usado como biocida em tintas para cascos de barcos desde os anos 1960.
A aplicação desse produto, proibido países como Japão e França, evita que cracas, algas e mexilhões grudem nos cascos e diminuam a velocidade da embarcação. Existem alternativas no mercado de tintas navais, mas a eficiência e o custo dos novos produtos têm feito com que muitos consumidores prefiram a tinta dita “envenenada”.
Existem vários estudos, espalhados pelo mundo, mostrando que o TBT provoca imposição sexual em moluscos. “O poluente induz a produção de hormônio masculino”, diz Sant’Anna. Em colaboração com cientistas da USP, o pesquisador tenta provar que o mesmo ocorre com ermitões.
A presença de TBT nos estuários onde os bichos vivem, e dentro dos próprios organismos, já está documentada. “A maior evidência de que a troca de sexo também está ocorrendo aqui é que coletamos ermitões com os dois sexos em 3 das 13 áreas mapeadas”, diz.
Como não há na natureza ermitões hermafroditas, a hipótese de Sant’Anna é que os animais coletados estejam em pleno processo de troca de sexo. Em menos de um ano, as estruturas femininas sumiriam e os animais se tornariam machos, sob efeito do TBT. Por enquanto, o número de caranguejos hermafroditas é baixo – apenas 5% dos animais coletados-, mas já é suficiente para causar alarme nos pesquisadores.
Dieta poluída
O experimento no laboratório para comprovar a ligação entre TBT e mudança de sexo, começa em dias. Serão colocados no laboratório três grupos de 60 animais: só machos, só fêmeas e bichos de dois sexos. Metade de cada população vai entrar em contato com doses de TBT. O restante dos animais servirá como controle.
Segundo Sant’Anna, as fêmeas e os bichos com os dois sexos devem todos virar machos. “Os indícios do papel do TBT são grandes”, diz. Outros dois experimentos, já realizados na Unesp em São Vicente (SP), trazem uma conclusão boa e outra ruim.
“Nós analisamos como os bichos absorvem o poluente. A alimentação tem mais importância do que a água”, diz Sant’Anna. Como os ermitões comem outros pequenos animais, o TBT deve estar presente em todos eles, e no dissolvido apenas na água do mar.
A boa notícia, que pode ser ruim também se não houver um esforço de fiscalização para impedir o uso das tintas envenenadas – disponíveis no mercado nacional, apesar de existir uma convenção da Organização Marítima Internacional contrária ao produto–, é que o TBT é eliminado em 35 dias pelos animais. Ou seja, é possível salvar os bichos que ainda não começaram a trocar de sexo.
O biólogo também vai estudar mais 12 estuários. Estados como Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina serão mapeados. “Em todos esses lugares existem barcos e ermitões. A contaminação é praticamente inevitável”, diz Sant’Anna.
A TribunaNews

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Em busca da ilha de lixo

http://atribunadigital.globo.com/bn_conteudo.asp?opr=115&cod=428392
Segunda-Feira, 17 de Agosto de 2009, 09:07
Em busca da ilha de lixo
Da Redação
Há cerca de duas semanas, mais de 40 cientistas partiram em uma missão inusitada. A bordo de duas embarcações, eles viajarão mais de 900 km em altomar até encontrarem o que foi batizado como a`ilha de lixo'.
Trata-se de uma imensa área, com dimensões semelhantes a três vezes o tamanho do Estado de São Paulo, localizada no norte do Oceano Pacífico, entre o litoral da Califórnia (EUA) e do Japão. Lá, correntes marinhas que formam uma espécie de redemoinho foram concentrando, ao longo dos anos, toneladas de detritos plásticos.
A descoberta desse imenso depósito flutuante ocorreu há 12 anos, por puro acaso, já que o local está em águas internacionais, de baixa circulação de navios. Hoje, acredita-se que sua formação se deve, basicamente, ao descarte incorreto do lixo doméstico (80%) de países asiáticos e da América do Norte.
ALTERNATIVAS
O objetivo dos pesquisadores é dimensionar essa área e avaliar detalhadamente seus componentes ­ a maioria composta por minúsculos fragmentos que foram se decompondo mediante a ação do sol e da água do mar.
O grande problema, porém, é o que fazer com esses resíduos. Fruto de processos produtivos inadequados, aliado a um consumo desenfreado e à incapacidade dos governos de implantar sistemas eficientes de coleta seletiva e de educação ambiental, fenômenos como a `ilha de lixo' tendem a aumentar ­ o que não quer dizer que existam alternativas.
Um exemplo é a empresa paulista Couroecol, produtora de artigos em couro. Para se ter uma ideia do impacto desse segmento no meio ambiente, em Franca(SP), o maior polo calçadista do País, cerca de 100 toneladas de retalhos são gerados todos os dias, contendo 17 diferentes tipos de poluentes químicos usados no processamento do couro cru.
Para evitar o descarte puro e simples do material, a empresa criou um método que consiste no trituramento desse lixo, que se transforma em matéria-prima na fabricação de blocos para construção civil. Adotado em larga escala, pode se tornar uma opção interessante aos construtores, pois os blocos com resíduo de couro apresentam melhor isolamento térmico do que os convencionais, garante Emar Garcia Junior, dono da Couro e col.
ELETROELETRÔNICOS
Além do vestuário, outro segmento que gera grande quantidade de resíduos é o eletroeletrônico. O número de carcaças de computadores e de televisores é tão grande que muitos países simplesmente exportam esse lixo para depósitos em nações pobres. Lá, os componentes são queimados visando a retirada de metais preciosos. O restante acaba descartado em lixões ­ daí para rios e desses para o mar.
Agora, pesquisadores da Universidade de Iorque, na Inglaterra, criaram um método que permite reaproveitar as telas de LCD, usadas em monitores de computador, tevês e celulares.
O inédito processo permite que esses componentes se transformem não apenasem novas telas LCD, como também em compostos úteis na medicina, como próteses ou nas chamadas `drogas inteligentes', capazes de chegar ao local preciso onde o medicamento deve ser aplicado, evitando efeitos colaterais danosos.
São dois exemplos, entre muitos outros, seja no Brasil ou no exterior, que buscam a utilização racional dos resíduos. Sozinhos, não irão evitar futuras`ilhas de lixo', mas demonstram que é possível buscar um novo padrão de desenvolvimento que, aliado à educação ambiental, se traduzem em qualidadede vida.
Segunda-Feira, 17 de Agosto de 2009, 09:14
Proposta é transformar plástico em combustível
Da Redação
A `ilha de lixo' do Oceano Pacífico foi descoberta em 1997 pelo oceanógrafo
norteamericano Charles Moore, durante uma competição de barcos à vela entre Los Angeles e o Havaí. No final de julho, ele e um grupo de cientistas partiram em uma expedição ao local, batizada de Projeto Kaisei, nome de um dos dois barcos que compõem a jornada.
Uma das propostas dos pesquisadores é descobrir um método que permita recolher os detritos e reutilizá-los na produção de combustível, já que boa parte é formada por resina oriunda de petróleo ­ o que poderia ter sido feito antes que esse lixo chegasse ao mar.
Porém, como o próprio Moore admite, o grande objetivo é chamar a atenção da comunidade para o problema. "Um dia, esse volume tende a ser tão grande que não ficará mais restrito àquela área".
VÓRTEX
O lixo é mantido no local pelas correntes oceânicas. No Pacífico Norte, com ventos fracos, as correntes tendem a empurrar qualquer material que flutue para o centro, como se fosse um grande redemoinho (também chamado de vórtex).
"Hoje, a ilha de lixo está em águas internacionais, ou seja, em tese, não éde responsabilidade de ninguém. Longe dos olhos da comunidade, ela é como um imenso tapete para baixo do qual empurramos as sobras de nosso consumo, sem falar nos danos que já causa ao meio ambiente".
De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, o plástico constitui mais de 70% de todo o lixo flutuante nos oceanos. O estudo avalia, ainda, que cada metro quadrado de oceano contenha mais de 45 mil pedaços de plástico, que acaba funcionando como uma imensa esponja química, concentradora de poluentes. Assim, ao ingerirem pequenos pedaços deplástico, as aves, peixes e mamíferos marinhos absorvem esses resíduos tóxicos, muitos deles cancerígenos.
ORIGEM E DESTINO
Estima-se que um quinto do lixo tenha como origem os navios e as plataformas petrolíferas. Mas a maioria vem mesmo do continente. Uma parte dela, aliás, pode ser encontrada nas praias do Planeta, inclusive aqui na Baixada Santista (veja texto `Lágrimas de sereias').
Na Península Ibérica, por exemplo, dados da campanha 2006/2007 do programa Coastwatch Portugal revelaram a existência de mais de 100 mil resíduos em 350 km de costa. Já outro estudo, feito pela ONU, aponta o Mar Mediterrâneo, nas zonas próximas das costas de Espanha, França e Itália, como a região do Planeta com mais detritos no fundo do mar: 1.935 unidades por quilômetro quadrado.
Na Nova Zelândia, por exemplo, foram verificados depósitos com mais de 100mil fragmentos plástico por metro linear de praia. No litoral da Bahia, um monitoramento indicou a presença de embalagens plásticas oriundas de mais de 60 países, principalmente dos Estados Unidos, Itália e África do Sul.
Segunda-Feira, 17 de Agosto de 2009, 09:18
Lágrimas de sereias nas praias da Região
Da Redação
Antes de atingir o oceano e seguir flutuando até formar as chamadas `ilhasde lixo', os detritos, principalmente plástico, têm como destino às praias.
Aqui mesmo no Litoral paulista é possível encontrar esse tipo de resíduo. Se você olhar atentamente, vai perceber a presença de pequenas bolinhas nas areias das praias de Santos, por exemplo. Elas podem ser brancas, meio amareladas ou mesmo coloridas, tendo entre um e cinco milímetros de diâmetro. Se você já viu essas bolinhas, saiba que elas estão espalhadas pelos oceanos do Planeta, não são naturais e recebem vários nomes: pellets, nibs ou, mais poeticamente,`lagrimas de sereias'.
O que são? Nada mais, nada menos do que resina sintética, em geral polipropileno ou polietileno. É dessa forma, em pellets (bolinhas ou grânulos, em inglês) que a matéria-prima dos produtos plásticos é fabricadanas indústrias químicas. Separados em mais de 40 diferentes tipos, esses grãos são então transportados pelo mundo inteiro.
Quando chegam às fábricas, eles são colocados em máquinas que darão o formato final desejado, tais como copinhos, garrafas, baldes, mamadeiras, isolantes de fiação, réguas, canetas, bolas, seringas, bonecas, enfim, milhares de produtos presentes no nosso cotidiano--um processo que cresceu vertiginosamente a partir do final da 2ª Guerra Mundial, quando os polímeros começaram a ser produzidos em larga escala, provocando uma profunda mudança no cotidiano da humanidade.
SANTOS É ESCOLHIDA
Hoje, os minúsculos pellets são um problema mundial, com vários estudos publicados, principalmente no Japão, Estados Unidos e Europa.
No Brasil, onde há apenas registros esporádicos, cientistas da Universidadede São Paulo (USP) iniciaram no ano passado o primeiro levantamento sistemático desses resíduos nas areias das praias da região.
Em Santos, Cidade escolhida como base para o início da pesquisa, as primeiras coletas indicaram a presença de até 20 mil pellets por metro cúbico de areia em determinados trechos da orla. O número pode impressionar, mas, por enquanto, não há como comparar com outras regiões. "Isso só será possível a partir do final deste ano e ao longo de 2010. Até lá, nosso trabalho tem como objetivo refinar o método de coleta na areia", afirma Alexander Turra, do Instituto de Oceanográfico da USP (IOUSP), coordenador do estudo.
SOLUÇÕES
Essa primeira fase do trabalho, que conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ficará restrita à Baixada Santista. Em seguida, será expandida para todas as praias do Estado, cuja previsão é estar concluída em 2011, com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Só então, avalia Turra, será possível saber a real distribuição deste micro lixo em todo o Litoral paulista, inclusive identificando as áreas mais impactadas.
"A partir daí, nosso objetivo é conversar com todos os agentes envolvidos e buscar soluções. Hoje, em princípio, é praticamente impossível pensar em recolhê-los das praias. O ideal seria identificar as fontes de origem e agirconjuntamente para minimizar a dispersão dos pellets".
Segunda-Feira, 17 de Agosto de 2009, 09:22
Dez bilhões podem chegar à zona costeira
Da Redação
A pesquisa do IOUSP é a primeira do gênero a ser feita no País com o intuito de mapear e classificar os tipos de resíduos plásticos nas praias.
Outros cientistas, como o oceanógrafo, Frederico Pereira Brandini, da Universidade Federal do Paraná, já haviam, porém, alertado para o problema. Segundo ele, um relatório da agência ambiental norte-americana revelou que os pellets já estão presentes nas areias das praias de todos os oceanos, sem exceção.
"Vamos supor que haja uma perda mínima, irrisória, de 0,001% dessa matéria durante o transporte terrestre e marítimo. Isso representa 10 bilhões de pellets que podem chegar à zona costeira. Mesmo que minhas estimativas sejam exageradas, e que o número seja muito menor, esses resíduos duram de 1 a mais de 10 anos no mar. E é aí que vem o pior", afirma Brandini.No mar, os resíduos plásticos podem ser quase que imperceptíveis ao olho humano, mas são facilmente detectadas pelos animais, como tartarugas, peixes e aves, que as confundem com comida boiando.
"Pesquisas indicam que pelo menos 80 espécies de aves marinhas as ingerem, principalmente o grupo que inclui os albatrozes e petréis. Estudos indicam que eles podem permanecer no trato digestivo das aves entre 10 a 15 meses, ocupando espaço, diminuindo a eficiência alimentar e a absorção de nutrientes, causando enfraquecimento e morte", explica.
A pesquisadora santista Tatiana Neves, coordenado do Projeto Albatroz, confirma o depoimento de Brandini. "Temos não só vários relatos desse tipo de ocorrência como a constatação dessas substâncias nos estômagos e moelas de aves já analisadas".
Esses resíduos seriam a causa da morte de mais de um milhão de aves marinhas todos os anos, bem como de mais de cem mil mamíferos marinhos. Há seis anos, uma baleia Minke foi encontrada morta na Normandia, no norte da França, com 800 quilos de sacolas plásticas no estômago.
Segundo Alexander Turra, para os seres humanos os pellets ou nibs podem causar sérios problemas de saúde se ingeridos. "Eles têm a característica de absorventes, ou seja, se passarem, por exemplo, por uma mancha de óleo, irão agregar partes dessas substâncias a suas superfícies".

Restos de plástico no oceano liberam substâncias tóxicas aos animais‏


Nova ameaça

20 de agosto de 2009

Cientistas identificaram uma nova forma de poluição química causada pelas milhões de toneladas de plástico flutuando nos oceanos do mundo. Segundo o estudo, divulgado na quarta-feira (19), durante o encontro da Sociedade Americana de Química, e liderado por Katsuhiko Saido, da Universidade Nihon, no Japão, enquanto o plástico no mar se decompõe, cria substâncias tóxicas não naturais que podem afetar o crescimento e o desenvolvimento de animais marinhos, além de serem tóxicas para seres humanos.

Até essa pesquisa, a ideia mais aceita era a de que o lixo plástico era estável e que sua principal ameaça aos animais derivava de problemas deasfixia e estrangulamento causados em criaturas que comessem ou se prendessem nos detritos - além de ser uma poluição desagradável à vista. A ideia geral sempre foi a de que plástico demorava anos para se degradar.

Saido, entretanto, afirma que materiais plásticos se decompõem rapidamente quando expostos às condições e temperaturas do mar aberto.

Mas isso não é uma boa notícia: decompostos, esses materiais se dissolvem em químicos tóxicos que podem facilmente se espalhar pelo ambiente marinho, como o bisphenol A - causa de problemas no sistema hormonal de animais - e as substâncias conhecidas como oligômeros à base de poliestireno, que não existem na natureza. Um dos derivados de plástico mais utilizado no mundo, o isopor libera o monômero de estireno, uma substância reconhecidamente cancerígena, além de outros dois químicos derivados do estireno, que, acredita-se, também possam causar câncer.

Existem milhões de toneladas de plástico flutuando nos oceanos, mas o tamanho dessa poluição só tem sido amplamente reconhecida nos últimos anos.

No Pacífico Norte, por exemplo, foi descoberta uma área que parece estar permanentemente coberta por uma camada de lixo flutuante e que tem uma extensão estimada similar à do Estado do Amazonas, o maior Estado brasileiro.

Com informações de


Revista Época e

Expedição parte em busca de 'ilha de lixo' maior que o Texas no Pacífico‏



Uma equipe de cientistas e ambientalistas parte neste final de semana da cidade de San Francisco, nos Estados Unidos, em busca do que alguns chamam de "A Ilha do Lixo" - um redemoinho de lixo no Oceano Pacífico formado por mais de seis milhões de toneladas de plástico.
A "ilha", também chamada de "Mancha de Lixo do Pacífico Norte" flutua à deriva entre a Califórnia, nos Estados Unidos, e o Japão.
O redemoinho foi descoberto em 1997 pelo oceanógrafo Charles Moore. Ele ignorou os alertas de não passar pela região, onde faltam ventos e correntes, e acabou descobrindo o acumulado de lixo.
Durante a viagem, o oceanógrafo encontrou pedaços de garrafas, sacos plásticos, seringas e uma variedade enorme de outros objetos de plástico em vários estados de conservação, já que, devido à ação do sol e dos ventos, o material se desintegra em fragmentos pequenos que flutuam durante anos, obedecendo às correntes marítimas.
O plástico tem origem na atividade no continente, principalmente nas áreas costeiras. O material também chega ao oceano por meio dos rios. Os ventos e as correntes empurram o plástico até o redemoinho no Pacífico Norte.
A desintegração do plástico em partículas microscópicas, algumas infinitamente menores do que um grão de areia, faz com que esta mancha, cujo tamanho é duas vezes maior que a superfície do Estado americano do Texas, seja quase impossível de ser localizada com radares ou tecnologia de satélite.
'Sopa plástica'
Ao sair em busca do redemoinho a equipe de cientistas e ambientalistas do Projeto Kasei desafia fatos como a localização imprecisa e a decisão do que fazer quando finalmente ficarem frente a frente com esta gigantesca coleção de lixo.
A expedição visa estudar a composição desta "sopa plástica" (outro apelido que recebeu a "ilha"), o nível tóxico de seus componentes, seu efeito sobre a vida marinha e seu papel na cadeia alimentar.
O líder do projeto, Doug Woodring, explicou à BBC que o mais difícil será coletar amostras sem capturar espécies marinhas.
"Teremos que utilizar tecnologias diferentes, dependendo do volume de resíduos por quilômetros quadrado. Também contamos com redes de tamanhos diferentes", afirmou.
"A ideia é, primeiro analisar do que se trata e, depois, discutir a melhor maneira de lidar com ela (a "ilha de lixo")", acrescentou Woodring, que acredita que uma alternativa seria "transformar o lixo em diesel combustível".
Apesar de a "ilha" ter sido descoberta há mais de uma década, ninguém até o momento tomou medidas para resolver o problema. Para Woodring, no entanto, este fato não é surpreendente.
"O problema principal é que (a "ilha de lixo") está em águas internacionais. Ninguém passa pelo local, não está nas principais rotas comerciais, não está sob nenhuma jurisdição e o público não sabe de sua existência", afirmou.
"Por isso, nenhum governo é pressionado, nenhuma instituição é pressionada a resolver este problema. É um pouco parecido com o que acontece com o lixo espacial", acrescentou.
Consequências
Apesar de este gigantesco depósito de lixo estar a uma distância relativamente "cômoda", as consequências de sua existência afetam a todos.
Os peixes pequenos, por exemplo, confundem as partículas plásticas com alimentos. Muitos morrem depois de ingerir estes fragmentos, que também agem como esponjas, absorvendo substâncias tóxicas e metais pesados.
Mas, outros peixes sobrevivem e, quando são ingeridos por animais maiores, transformam o plástico em parte da cadeia alimentar.
Dois barcos participam da expedição, o Kaisei e o New Horizon, e eles voltarão à costa dentro de um mês. Quem quiser acompanhar as descobertas realizadas durante a expedição pode acessar a página do projeto na internet.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Um mar de doenças

Pesquisas mostram que areias de praias cariocas estão infestadas de microorganismos nocivos a saúde. Há riscos de infecções que podem atingir, olhos, pele, ouvidos e intestinos.
Ronaldo Soares
Língua Negra despeja esgoto na areia. Técnico coleta material para análise.
A beleza das praias do Rio de Janeiro é um dos bens mais preciosos de um vasto patrimônio natural que inspirou relatos extasiados dos primeiros europeus que navegavam ao longo de sua orla, e também, algumas das canções mais conhecidas da música popular brasileira. Apesar disso, o litoral cheio de curvas e emoldurado por montanhas que faz do Rio uma paisagem metropolitana única do mundo tornou-se a síntese de alguns dos mais graves problemas da cidade. Manchas de poluição do mar, favelas de onde descem o lixo e o esgoto, sujeira e assalto aos banhistas são alguns dos sinais da degradação da orla que se pode exergar a olho nu. É na areia, entretanto, que reside o grave problema de saúde pública, este só visível ao microscópio: as praias cariocas transformaram-se em um imenso criadouro de microorganismos causadores de doenças que atacam intestinos, olhos, peles e ouvidos. Pesquisa concluída no mês passado pelo microbiologista João Carlos Tártora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Gama Filho, mostrou alto índice de parasitas intestinais, bactérias e fungos nas praias cariocas. Nas areias do Leblon, por exemplo, o nível de coliformes fecais (que indica contaminação por esgoto) era de 5000 por 100 gramas de areia - o limite aceitável é de 400 coliformes fecais por 100 gramas de areia. Na praia do Leme, a situação é ainda mais assustadora: 88000 coliformes por 100 gramas de areia. "As pessoas só se preocupam com a qualidade da água nas praias. Mas dependendo do lugar, elas podemcorrer mais risco na areia do que na água", diz a bióloga Adriana Sotero do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da FioCruz.
Diversos fatores contribuem para a poluição das areias. Há as línguas negras, rastros de sujeiras observados na areia após chuvas torrenciais que acrregam lixo e esgoto para o mar; o lixo deixado pelos frequentadores que atrai animais transmissores de doenças como ratos e pombos; e o péssimo hábito dos banhistas de levar cachorro para as praias. Um monitoramento feito pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente mostra que em toda orla da Zona Sul as areias estão infestadas de parasitas que causam verminoses, como bicho geográfico, lombriga, solitária e oxiúro. Eles indicam a presença de feses de animais (como cães e pombos) no ambiente. Atualmente dos dezessete pontos de monitoramento do trecho de 27 quilômetros que vai do Lema até a Barra da Tijuca, em apenas três locais analisados a secretaria não faz restrições ao uso da areia. Nos demais, recomenda-se uma série de precausões, como não sentar sem antes forrar o chão com esteiras ou cangas, andar de chinelo e evitar que crianças levem à boca a mão suja de areia.
Para se desenvolver os microrganismos que infestam a praia precisam de ambiente úmido, longe do sal e de altas temperaturas. A forma mais eficiente de combatê-los é revirar a areia. Com a areação do ambiente e a exposição ao sol, os microrganismos não sobrevivem. Este trabalho é feito diariamente nas praias do Rio, por meio de varrição da areia ou com a ajuda de máquinas específicas para esse tipo de limpeza. Mas como persistem as línguas negras, o despejo de esgoto, os cachorros na praia e o lixo jogado no chão, a imundice continua ameaçando a saúde dos banhistas. Durante o verão, são recolhidas2600 toneladas de lixo por mês nas praias cariocas.
Num cenários desses, não é de estranhar que o Brasil não tenha nenhum representante entre as 3200 praias mais bem cuidadas do mundo. Elas fazem parte do programa Bandeira Azul, certificado de qualidade concedido anualmente por uma ONG que atua em mais de 50 países. A entidade analisa as condições dos balneários a partir de uma lista de 29 itens. Nas exigências quanto à saúde dos banhistas as normas são mais rigorosas que no Brasil. Pela qualificação da entidade, praias consideradas próprias para banho podem ter no máximo 100 unidades de bactéria causadora de diarreias (E.coli) a cada 100 mililitros de água. No Brasil, a tolerância a esse tipo de contaminação é oito vezes superior. Na lista das praias certificadas há países pobres ou em desenvolvimento como a República Dominicana, Marrocos, África do Sul e Tunísia. A África do Sul por exemplo, investiu em melhorias no saneamento básico e realizou campanhas de conscientização ambiental em áreas costeiras para ter 19 praias na lista das melhores do mundo. "Isso mostra que não é questão de ser desenvolvido ou ter muito dinheiro para melhorar as condições das praias", diz Marinez Scherer, coordenadora do Bandeira Azul no Brasil. Neste ano, cinco praias brasileiras tentarão obter o certificado da entidade. Nenhuma carioca.

sábado, 15 de agosto de 2009

Terminal Pesqueiro na Ilha, NÃO!!

Praia da Ribeira - Ilha do Governador Vistantes da Ribeira, já foram mais frequentes

Faço parte de um movimento popular intitulado "Xô, Terminal Pesqueiro", que é contrário à instalação de um terminal industrial de pesca no bairro onde moro na Ilha do Governador, a Ribeira – Rio de Janeiro (RJ).
Já foi desapropriada uma área de 20 mil metros quadrados para a construção do terminal, desalojando diversas empresas e seus empregados.
Até o momento, a área está vazia, com apenas uma ou duas empresas que ainda resistem ao despejo e umas cinco residências, cujos moradores também resistem em deixar o local.
O Ministério da Pesca não divulgou seu projeto para o local, mas, anteriormente, havia desapropriado uma outra área, de 80 mil metros quadrados (quatro vezes maior), no Caju, para a construção do referido terminal. Entretanto, devido a resistências de um estaleiro vizinho, desistiu de construir o terminal no Caju e resolveu erguê-lo logo num dos mais bucólicos e residenciais bairros da Ilha do Governador, a Ribeira, que fica em uma das extremidades do bairro (ou seja: para se chegar até a Ribeira, é necessário atravessar mais da metade do bairro).
A Casa do Índio (que fornece, há 40 anos, hospedagem e assistência a indígenas de todo o Brasil que vêm ao Rio fazer tratamentos médicos), vizinha ao local onde querem construir o terminal, está ameaçada de também ser desapropriada, bem como outras residências e estabelecimentos comerciais, pois os 20 mil metros quadrados já desapropriados não satisfazem ao megalômano projeto.
Existe uma resolução do CONAMA que proíbe a existência de um terminal de pesca num raio de 20 quilômetros de um aeroporto - e o Galeão/Tom Jobim encontra-se nessa situação. Isso porque a manipulação de toneladas de pescado atrai muitos pássaros, o que é uma ameaça real à navegação aérea. E, nesse particular, gostaríamos de lembrar que, caso a turbina de um dos aviões sugue uma dessas aves e a aeronave venha a cair, seremos nós, moradores da Ilha do Governador, que estaremos no solo, recebendo o impacto do desastre.
Além disso tudo numa área contígua à Ribeira existe A APARU do Jequiá, que abrange um manguezal, remanescentes da Mata Atlântica, sítios arqueológicos (sambaquis) e uma colônia de pesca. Essa Unidade de Conservação foi tema da minha monografia na especialização em Educação Ambiental e hoje passa por um momento crítico, necessitando de cuidados especiais para sua manutenção. O Manguezal do Jequiá seria extremamente afetado pela construção do terminal pesqueiro.

O círculo maior é a área aproximada da APARU do Jequiá, o outro círculo bem próximo deste é a área onde está sendo preparada para receber o entreposto pesqueiro e o círculo menor da direita é onde eu moro.

Outro grande problema que enfrentaríamos é o grande fluxo de trânsito. As ruas já congestionadas da Ilha do Governador não comportariam mais um fluxo diário de cerca de 400 caminhões, 24 horas por dia, e nossas famílias temem o aparecimento de um ponto de prostituição junto ao gigantesco estacionamento de caminhões que viria a ser construído, como, infelizmente, é normal em locais de grande concentração de caminhoneiros e terminais portuários.
Em entrevista a um jornal local o então Superintendente do Aeroporto Tom Jobim declara-se contrário à construção desse entreposto indesejado - e que o Ministério da Pesca, ao arrepio da lei, deseja nos enfiar goela abaixo.
Em tempo: estamos coletando assinaturas para um abaixo-assinado contra o terminal, a ser enviado a todas as autoridades federais, estaduais e municipais. No dia 29 próximo estaremos promovendo um abraço cultural na praça da Ribeira na qual contaremos com a presença de diversos artistas do bairro.
Estamos também organizando para meados de setembro (12 ou 19) uma carreata/bicicletada/passeata em torno da Ilha para mobilizar a população para a importância da união de todos contra esse entreposto em nosso bairro. A Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual aceitou nossa denúncia e abriu um processo investigatório a respeito.
Em vista do exposto, estou convidando a todos que nos apóiem nessa luta e compartilhem conosco desse protesto.
As assinaturas estão sendo coletadas todos os sábados na praça da Ribeira, junto a feira semanal.

Obrigada,

Teresinha Victorino