quarta-feira, 18 de julho de 2012

A Ilha não quer só comida, a Ilha quer comida, diversão e arte


Por: Teresinha Victorino
Especialista em Educação Ambiental

Desde 1987, quando foi fechado o último dos três cinemas do bairro, a comunidade insulana luta por um equipamento público eficaz para a cultura e diversão na Ilha do Governador.
Insatisfeitos com a falta de um espaço cultural no bairro o Grupo de Artes e Teatro da Ilha do Governador – GATIG, moradores, artistas e produtores organizaram um grande movimento chamado Teatro a Ilha Quer. Em resposta a prefeitura implantou a primeira Lona Cultural do Rio de Janeiro, o Teatro de Lona Elbe de Holanda na Ilha do Governador.
O GATIG administrou a lona por dois anos, quando então sua gestão passou para o Bloco do Cocotá que deu início ao seu abandono. Anos sem fiscalização por parte da prefeitura e, transformada em depósito de carrocinhas de cachorro quente e local para consertos de automóveis pelos gestores, suas instalações foram depredadas.
Mais uma vez um grupo de artistas, poetas e ambientalistas do bairro se mobilizaram numa campanha pública denominada Lona a Ilha Quer e realizaram o enterro simbólico do espaço, abaixo-assinados, saraus de poesia e outras manifestações culturais com grande repercussão na imprensa.
Após anos de abandono, em 1997 o Teatro de Lona foi demolido arbitrariamente pela prefeitura na gestão do então prefeito Conde, o mesmo que fechou o Circo Voador.
Sem a Lona, a comunidade insulana retomou o movimento para que outra fosse construída. Ambientalistas, artistas e grupos culturais do bairro perpetraram uma representação no Ministério Público Estadual, que instaurou Inquérito Civil para apurar as razões e as responsabilidades desse ato, visto que o Artigo 348 da Lei Orgânica Municipal determina que “é vedada a extinção de qualquer espaço cultural público sem que seja ouvida a população local e sem a criação, na mesma Região Administrativa, de espaço equivalente”. 
No âmbito deste Inquérito Civil, a Secretaria Municipal de Cultura – SMC oficialmente informou ao MP Estadual através do Ofício C/GAB nº 314/96, de 13 de Maio de 1997 não ter intenção de desativar nenhum espaço cultural da cidade, em especial a Lona da Ilha, mas sim de ampliar e difundir as manifestações culturais no Município. Entre o compromisso firmado pela SMC junto ao MP Estadual e a reconstrução da nova lona da Ilha se passaram 10 longos anos. E, em 24 de setembro de 2007 foi inaugurada a Lona Cultural Municipal Renato Russo no Parque Poeta Manuel Bandeira.
Em 03 de Fevereiro de 2007, na sede da Biblioteca Popular da Ilha do Governador, um encontro reuniu moradores, artistas, ecologistas e representantes de entidades civis para a retomada do movimento pró-lona. As experiências das Lonas Culturais de Vista Alegre e da Maré foram apresentadas pelos representantes dos grupos culturais que as administram e foi dado o início ao processo de criação do Conselho Gestor Comunitário da Lona da Ilha. Foi unânime entre os presentes a proposta de que este espaço deve ser administrado por um conselho democrático e plural, com participação dos grupos culturais, artistas e comunidade. Prevista na legislação municipal, a criação do Conselho Gestor Comunitário nunca foi cumprida.
Desde sua inauguração a Lona Renato Russo se encontra sob o mesmo grupo de gestores. No único e último edital de licitação para a gestão das Lonas Culturais em 2009 constava que o contrato de gestão seria de dois anos, finalizando em novembro de 2011, entretanto o site oficial da Controladoria Municipal do Município informa que o mesmo tem término previsto em 29 de dezembro de 2012.
Insatisfeitos com a gestão atual da Lona da Ilha, mas uma vez a comunidade insulada, em abril deste ano, cria o Movimento SOS Lona da Ilha que reivindica o seu pleno funcionamento, uma gestão eficaz, democrática e transparente e a criação do Conselho Gestor Comunitário. 

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