domingo, 29 de julho de 2012
Canário-da-terra-verdadeiro: um pássaro, não um lutador de ringue
Por: Duda Menegassi
A homenagem de ((o))eco esta
semana vai para o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), um pássaro
caracterizado pelo amarelo forte de suas penas e pelo seu canto melódico.
Outrossim chamado de canário-da-terra, no Brasil, ocorre do Maranhão até o Rio
Grande do Sul e, na América do Sul, é encontrado na Venezuela, Colômbia,
Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e nas Guianas.
Esta ave tem em média 13,5 centímetros e
pesa 20 gramas .
Seu habitat preferido são as regiões áridas, como os campos secos, a Caatinga e
áreas de Cerrado. Sua alimentação principal são sementes. Na reprodução, a
fêmea põe cerca de 4 ovos, chocados por um período de 15 dias. Seus ninhos são
cavidades ou até mesmo outros ninhos abandonados, como casas de joão-de-barro
vazias.
São pássaros agressivos na hora
de defender o ninho ou de disputar uma fêmea com outro macho. Por ser bom de
briga, este canário é usado em disputas violentas entre pássaros, para apostar
no vencedor. Essa prática bárbara e ilegal costuma deixar as aves feridas e
deve ser denunciada à Polícia e ao Ibama.
A beleza e o canto também fazem
com que o canário-da-terra seja comumente engaiolado, ainda que sem a licença
obrigatória do IBAMA. Até agora, não corre risco de extinção, o que não torna
menos cruel o seu cativeiro ou uso como animal de briga.
Barcas S.A. proíbe o embarque de ciclistas na Ilha do Governador
Estação das Barcas Cocotá - CCR Barcas. 27/07/2012 - 14:00h
A ACIG - Associação dos Ciclistas da Ilha do Governador realizava mais uma pedalada até a Zona Sul do Rio Via barcas, o horáriodefinido foi o de menor fluxo das 14h, os ciclistas chegaram por volta das 13:30, mas logo fomos surpreendidos pelo único fiscal, que alegava que não poderiamos embarcar, lhe perguntamos o motivo, e ele nos respondeu que segundo a ORDEM SUPERIOR o catamarã "Pegasus" não possui um espaço reservado para Bicicletas. Na foto vemos várias bicicletas, mas só iriam embarcar 5 BICICLETAS, na hora chamamos todos que passavam de bike parar registrar o momento.
Pedimos que o fiscal consultasse o seu superior e confirmasse a suposta ORDEM, pois EM NENHUM ESPAÇO VÍSIVEL ESTA REGRA ESTÁ EXPOSTA PARA OS USUÁRIOS, além disso têm uma placa informativa ao lado das catracas que enuncia o livre acesso de bicicletas, para aumentar nossa indignação o superior através do rádio confirmou a mesma restrição, "A embarcação não possui estrutura para receber bicicletas...", Começamos um bate-boca de legislação, que essa regra não existe e é insustentável, mas não adiantou... a barca partiu e nos deixou EMBARREIRADOS... Ligamos para o fone da CCR BARCAS que havia exposto em uma das placas informativas, esperamos, explicamos a situação e registramos a queixa, e para nossa surpresa ao perguntamos da suposta ORDEM SUPERIOR a atendente nos informou que essa regra não existe... A única regra que embarreira bicicletas nesse tipo de embarcação é o número máximo de 6 bicicletas, sendo que íriamos embarcar com 5 Bicicletas apenas. Fizemos a questão de informar para o Fiscal, o equívoco que ele e o superior dele cometeram, quero que o CONSTRANGIMENTO que a ACIG passou nenhum outro ciclista passe.
Peço que repassem este acontecimento e que auxiliem a ACIG a denunciar aos órgãos competentes a falta de respeito que essa concessionária cometeu com um dos poucos meios de transporte que respeitam o meio-ambiente.
Felizmente, conseguimos pelo menos realizar o passeio, nos dirigimos até o ponto final dos ônibus, desmontamos as bikes e colocamos no frescão que nos levou até o centro para de lá proseguimos até a Zona Sul.
Obrigado! E que isso não se repita.
21 9847-5988 / 2467-1112
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Ilha do Governador guarda o mais bem conservado manguezal da Baia da Guanabara
Por: Teresinha Victorino
Especialista em Educação Ambiental
O bairro da Ilha do Governador tem
um grande valor histórico e ambiental para a cidade do Rio de Janeiro. Suas
histórias se entrelaçam tanto com as do Rio de Janeiro e como em parte com a do
Brasil. O bairro também conserva áreas de Floresta Atlântica e um dos mais bem
preservados manguezais da Baia da Guanabara, o Manguezal do Jequiá.
A Floresta ou Mata Atlântica é um
dos biomas mais ricos em biodiversidade das Américas. Possui um conjunto de
ecossistemas diversificados, entre eles o manguezal. Os manguezais são
ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestre e marinho, têm
sua localização restrita à faixa entre marés (situada entre o ponto mais alto
da maré alta e o ponto mais baixo da maré baixa). É um ambiente diverso em
espécies que incluem microorganismos associados às raízes das espécies
arbóreas, invertebrados marinhos, peixes e aves que utilizam o manguezal como
ninhal. Sua riqueza biológica faz com que essas áreas sejam os grandes
"berçários" naturais, tanto para as espécies características desses
ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras
durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.
Os manguezais exercem funções benéficas
ou serviços gratuitos à comunidade, como: proteção das áreas de terra firme
contra tempestades e ações erosivas das marés; retenção de poluentes; retenção
de sedimentos finos carreados pelas águas; manutenção e conservação de estoques
pesqueiros do estuário, garantindo a piscosidade na região; recreação e lazer.
A proteção e a conservação dos
manguezais são muito importante tanto para a preservação de sua estrutura
vegetal, animal e ecológica como para a produção pesqueira. O manguezal é um
dos ecossistemas mais produtivos e também o mais vulnerável aos efeitos do
desenvolvimento econômico e do crescimento desordenado das populações humanas.
O Manguezal do Jequiá por ser uma
região ambientalmente tão rica que se impôs a necessidade de ser preservada e conservada.
Para isso o município do Rio de Janeiro criou, em 1993, a Área de Proteção
Ambiental e Recuperação Urbana (APARU). A APARU do Jequiá possui uma área de 147 ha . que inclui além do
manguezal, remanescente de Floresta Atlântica, Morro do Matoso, sambaquis e
ecossistemas associados como o Costão Rochoso. Em sua área vive a comunidade da
Colônia de Pesca Z-10, a
primeira a ser criada no Brasil. O CEA-Jequiá (Centro de Educação Ambiental) da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAC) localizado ali, deve servir como
referência para estudos sobre o ecossistema manguezal, em especial, o Manguezal
do Jequiá.
A Ilha não quer só comida, a Ilha quer comida, diversão e arte
Por: Teresinha Victorino
Especialista em Educação Ambiental
Desde 1987, quando foi fechado o
último dos três cinemas do bairro, a comunidade insulana luta por um
equipamento público eficaz para a cultura e diversão na Ilha do Governador.
Insatisfeitos com a falta de um
espaço cultural no bairro o Grupo de Artes e Teatro da Ilha do Governador –
GATIG, moradores, artistas e produtores organizaram um grande movimento chamado
Teatro
a Ilha Quer. Em resposta a prefeitura implantou a primeira Lona
Cultural do Rio de Janeiro, o Teatro de Lona Elbe de Holanda na Ilha do
Governador.
O GATIG administrou a lona por
dois anos, quando então sua gestão passou para o Bloco do Cocotá que deu início
ao seu abandono. Anos sem fiscalização por parte da prefeitura e, transformada
em depósito de carrocinhas de cachorro quente e local para consertos de
automóveis pelos gestores, suas instalações foram depredadas.
Mais uma vez um grupo de
artistas, poetas e ambientalistas do bairro se mobilizaram numa campanha
pública denominada Lona a Ilha Quer e realizaram o enterro simbólico do espaço,
abaixo-assinados, saraus de poesia e outras manifestações culturais com grande
repercussão na imprensa.
Após anos de abandono, em 1997 o
Teatro de Lona foi demolido arbitrariamente pela prefeitura na gestão do então
prefeito Conde, o mesmo que fechou o Circo Voador.
Sem a Lona, a comunidade insulana
retomou o movimento para que outra fosse construída. Ambientalistas, artistas e
grupos culturais do bairro perpetraram uma representação no Ministério Público
Estadual, que instaurou Inquérito Civil para apurar as razões e as responsabilidades
desse ato, visto que o Artigo 348 da Lei Orgânica Municipal determina que “é
vedada a extinção de qualquer espaço cultural público sem que seja ouvida a
população local e sem a criação, na mesma Região Administrativa, de espaço
equivalente”.
No âmbito deste Inquérito Civil,
a Secretaria Municipal de Cultura – SMC oficialmente informou ao MP Estadual através
do Ofício C/GAB nº 314/96, de 13 de Maio de 1997 não ter intenção de desativar nenhum
espaço cultural da cidade, em especial a Lona da Ilha, mas sim de ampliar e
difundir as manifestações culturais no Município. Entre o compromisso firmado
pela SMC junto ao MP Estadual e a reconstrução da nova lona da Ilha se passaram
10 longos anos. E, em 24 de setembro de 2007 foi inaugurada a Lona Cultural
Municipal Renato Russo no Parque Poeta Manuel Bandeira.
Em 03 de Fevereiro de 2007, na
sede da Biblioteca Popular da Ilha do Governador, um encontro reuniu moradores,
artistas, ecologistas e representantes de entidades civis para a retomada do
movimento pró-lona. As experiências das Lonas Culturais de Vista Alegre e da
Maré foram apresentadas pelos representantes dos grupos culturais que as administram
e foi dado o início ao processo de criação do Conselho Gestor Comunitário da
Lona da Ilha. Foi unânime entre os presentes a proposta de que este espaço deve
ser administrado por um conselho democrático e plural, com participação dos
grupos culturais, artistas e comunidade. Prevista na legislação municipal, a
criação do Conselho Gestor Comunitário nunca foi cumprida.
Desde sua inauguração a Lona
Renato Russo se encontra sob o mesmo grupo de gestores. No único e último
edital de licitação para a gestão das Lonas Culturais em 2009 constava que o
contrato de gestão seria de dois anos, finalizando em novembro de 2011,
entretanto o site oficial da Controladoria Municipal do Município informa que o
mesmo tem término previsto em 29 de dezembro de 2012.
Insatisfeitos com a gestão atual
da Lona da Ilha, mas uma vez a comunidade insulada, em abril deste ano, cria o Movimento
SOS Lona da Ilha que reivindica o seu pleno funcionamento, uma gestão
eficaz, democrática e transparente e a criação do Conselho Gestor Comunitário.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Bioma Mata Atlântica
Fonte: http://www.ra-bugio.org.br/mataatlantica_03.php
A Mata Atlântica corresponde a uma estreita faixa de florestas ao longo da costa brasileira, estende-se desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.
Infelizmente, esse ecossistema está ameaçado de extinção, devido à exploração da madeira e pela substituição de sua área de domínio pela agricultura e reflorestamentos de pinus e eucalipto. Em Santa Catarina, restam menos de 1% do ecossistema original e a destruição continua intensa.
Destruição criminosa das últimas áreas de Floresta de Araucárias. Foto tirada em 01/11/2004 em Itaiópolis (SC), trevo BR-116.
Paisagens típicas dos Campos de Altitude - Imagem superior mostra a vegetação rasteira e a imagem inferior mostra a extensão desses campos naturais.
Butiá: palmeira de pequeno porte típica da restinga que fornece frutos para a fauna Local:
Praia do Ervino - São Francisco do Sul (SC)
TONHASCA JR., Athayde. Os serviços ecológicos da Mata
Atlântica. Ciência Hoje, vol. 35 . nº 205 – Junho 2004 Disponível em:
<www2.uol.com.br/cienciahoje/ch/ch205/opinião.htm>
A Mata Atlântica corresponde a uma estreita faixa de florestas ao longo da costa brasileira, estende-se desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.
Considerada um dos mais
importantes ecossistemas do mundo, a Mata Atlântica protege e regula o fluxo dos
mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles do País e centenas
de cidades, controla o clima local, garante a fertilidade do solo e a
extraordinária beleza de suas paisagens, sobretudo nas regiões da serra do Mar,
é um forte atrativo para atividades de ecoturismo.
Suas florestas exibem uma grande
diversidade de espécies vegetais e animais, muitos deles endêmicos, isto é, que
existem apenas neste ecossistema. Infelizmente estas espécies da flora e fauna
encontram-se sob constante ameaça de extinção.
Conhecido nacional e
internacionalmente por suas belíssimas paisagens e pela rica biodiversidade,
este ecossistema é considerado, hoje, um dos mais ameaçados.
Sua área original, antes
grandiosa, encontra-se restrita a alguns remanescentes já bastante
fragmentados, vestígios do ecossistema original, que embora aparentemente
protegidos pela topografia acidentada da serra do Mar, continuam sendo
destruídos para reflorestamento de espécies exóticas (pinus e eucalipto),
atacados pela extração ilegal de palmitos e sua fauna vem sendo dizimada por
caçadores, o que em curto espaço de tempo, pode levar a seu completo
desaparecimento.
O futuro da mata Atlântica
depende da preservação dessas áreas remanescentes, permitindo assim a
manutenção da qualidade da vida humana.
Caracterização da Mata Atlântica
Pode-se imaginar a Mata Atlântica
como sendo estruturada em camadas. Cada uma destas camadas pode ser um hábitat específico
para determinadas plantas e animais.
Estrutura da floresta: dossel (copada)
O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa, que nas árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de folhas e galhos. Esta parte vem a ser o camada superior, conhecida também como dossel. O bugio e o tucano são exemplos de animais que ocupam essa camada. A maioria das espécies de bromélias e orquídeas que necessitam de uma maior quantidade de luz também ocupam essa camada.
Saí-verde (Chlorophanes S. Spiza): uma das aves que preferem ocupar a camada do dossel da floresta Atlântica
A maioria das espécies de bromélias ocupa a copa das árvores para receber mais luz do sol
Em uma parte mais baixa, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores tais como bambus, samambaias gigantes (xaxins), liquens e outras espécies, que toleram menos quantidade de luz. Esta parte constitui-se no que se chama de sub-bosque. A maioria das espécies de aves ocupa essa camada da floresta.
Sub-bosque: constituído por um grande número de espécies de plantas de pequeno porte, que são adaptadas para viver em ambientes que recebem pouca luz solar
Casca-de-anta ou baga-de-tangará: planta (arbusto) típica do sub-bosque
É importante ressaltar que tanto
nas árvores mais altas como nas mais baixas, encontram-se várias outras
espécies de plantas, tais como cipós, bromélias e orquídeas.
As folhas que caem das árvores,
bem como os galhos secos que se desprendem e os troncos das árvores que morrem
vão se acumulando no chão da floresta e criam um ambiente muito especial, que
se constitui no hábitat para muitos animais e microorganismos, como fungos e
bactérias, que são os principais responsáveis pelo processo de decomposição de
toda esta matéria morta, que são transformados em nutrientes para manter o
vigor e crescimento das árvores e outras plantas. Esta camada de materiais em
decomposição recebe o nome de serapilheira.
A serapilheira tem também uma
importante função de proteger o solo da floresta: evita a erosão e mantém a
umidade. O solo úmido absorve melhor a água das chuvas, o que torna possível a
recarga do lençol freático, evitando que as nascentes sequem.
Certas espécies de répteis e
anfíbios têm uma adaptação especial para ocupar esta camada da floresta:
apresentam uma coloração que se confunde com o ambiente das folhas secas,
tornando-se assim “invisíveis”. É uma estratégia de defesa contra ação de
predadores.
Serapilheira: camada de folhas, galhos e troncos no chão da floresta, em decomposição, o “adubo” da floresta. É o hábitat de muitas espécies da fauna como o sapo-boi-da-serra-do-mar (Proceratophrys subguttata) que possui uma adaptação especial para viver neste ambiente sem ser facilmente notado por predadores: a coloração de sua pele se confunde muito com as folhas secas.
Ecossistemas da Mata Atlântica
A temperatura, a freqüência das
chuvas, a altitude, a proximidade do oceano e a composição do solo determinam
as variações de vegetação que definem os diferentes ecossistemas que constituem
a Mata Atlântica.
Certos animais têm adaptações
para viverem em apenas um desses ecossistemas, isto é, num ambiente com
determinadas características. A diversidade biológica (biodiversidade) de todos
os ecossistemas ou em apenas um deles é considerável.
Esses ecossistemas recebem
denominações como: Floresta Ombrófila Densa, Floresta de Araucária ou Ombrófila
mista, Campos de Altitude, Restingas e Manguezais. Na região norte de Santa
Catarina ocorrem todos estes ecossistemas. Como há vários tipos de ecossistemas
e subdivisões desses, as denominações podem variar de um texto para outro.
1- Floresta Ombrófila Densa
Floresta grandiosa e heterogênea,
de solo bem drenado e com grande fertilidade, é caracterizada por apresentar
árvores de folhas largas, sempre-verdes, de longa duração e mecanismos
adaptados para resistir tanto a períodos de calor extremo quanto de muita
umidade. Sua vegetação apresenta altura média de 15 metros , mas as grandes
árvores chegam a atingir até 40
metros . O grande número de cipós, bromélias, orquídeas e
outras epífitas (plantas aéreas) que se hospedam nas imponentes árvores dão a
esta floresta um caráter tipicamente tropical.
Figueira: uma imponente árvore típica da Floresta Ombrófila Densa. Grande quantidade de bromélias, orquídeas, cipós e outras epífitas se hospedam em seus galhos, em busca de maior quantidade de luz.
Uma grande diversidade de
espécies de plantas é encontrada na Floresta Ombrófila Densa, entre elas
destacam-se as canelas, o palmiteiro, as figueiras, o coqueiro-jerivá etc.
Diversas espécies de
invertebrados, anfíbios, répteis, aves e mamíferos são encontrados neste
ecossistema.
A principal ameaça da Floresta
Ombrófila Densa é o desmatamento que visa transformar as áreas remanescentes em
espaço para a agricultura, a agropecuária, reflorestamentos e loteamentos.
Desmatamento criminoso nas últimas áreas de Mata Atlântica.
2- Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária
Outra formação florestal da Mata Atlântica é a Floresta
Ombrófila Mista ou Mata de Araucária, localizada principalmente na região Sul.
O clima é subtropical, com chuvas regulares o ano todo, e temperaturas relativamente
baixas.
Paisagem típica da Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária.
Nesta floresta predomina uma espécie de árvore, o pinheiro-do-Paraná (Araucaria angustifólia), conhecida também por araucária, que pode atingir até 50 metros de altura. Outros exemplos de árvores que ocorrem neste ecossistema são: imbuia, erva-mate, bracatinga, gavirova (ou gabirova), tarumã, pessegueiro-bravo, cedro, vassourão e a canela-sassafrás.
Araucária ou pinheiro-do-Paraná, árvore típica do ecossistema da Mata Atlântica que lhe empresta seu nome: Floresta de Araucária.
Quanto a fauna da Floresta
Ombrófila Mista, podem ser encontrados roedores (ratos, cutias e pacas), aves
ameaçadas de extinção como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho, além de
inúmeros insetos. A semente da araucária, o pinhão, é muito apreciada pela
fauna em geral e se constitui numa fonte de alimento essencial para o seu
sustento.
A ameaça de extinção de algumas
espécies desse ecossistema, como a gralha-azul e o papagaio-de-peito-rocho,
pode ser atribuída à escassez do pinhão. Para agravar a situação, as pessoas
vêm coletando o pinhão para comércio, já que é muito apreciado também pelos
humanos. Quando as pinhas - que agregam os pinhões, que são os fruto da
araucária - estão ainda verdes são furtadas das áreas de preservação, não
deixando nada para a fauna que acaba perecendo de fome.
Papagaio-de-peito-rocho (Amazona vinacea): ave que está sendo exterminada devido à destruição das Florestas de Araucárias. Foto tirada no Zôo de Pomerode (SC) em jan/04. Exemplar apreendido do tráfico de animais silvestres e que não pode mais voltar para a natureza.
Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus): ave símbolo da Floresta de Araucária que está desaparecendo devido à destruição deste ecossistema. Foto tirada no Zôo de Pomerode (SC) em jan/04. Exemplar apreendido do tráfico de animais silvestres e que não pode mais voltar para a natureza.
Destruição criminosa das últimas áreas de Floresta de Araucárias. Foto tirada em 25/07/2004 em Itaiópolis (SC), Distrito de Itaió.
Já a araucária é ainda bastante
comum de ser observada nas propriedades, devido ao fato das pessoas gostarem
muito do pinhão. A abundância das sementes produzidas que germinam facilmente,
colabora muito para a perpetuação da espécie. Além disso, em área aberta, num
solo de boa fertilidade, em apenas 13 anos uma araucária já produz sementes
(pinhões).
A araucária é uma árvore que só
se desenvolve bem em áreas abertas, ou seja, é uma espécie pioneira (isto é, a
primeira a desenvolver em áreas desmatadas). Por isso, é difícil sua
regeneração numa floresta onde ocorreu sua extração nas últimas décadas, o que
causa um grave impacto na fauna, pois a oferta de pinhão durante um certo
período do ano é crucial para a sobrevivência de muitas espécies. Os pinhões
cobrem uma lacuna na oferta de alimento na floresta. Evidentemente, outras
espécies de árvores são igualmente importantes.
Cenário de destruição muito comum de ser observado nas propriedades rurais: toda a vegetação do ecossistema é destruída e apenas as araucárias poupadas, por causa do pinhão, muito apreciado pelas pessoas.
O fato de ser uma árvore apreciada pelo homem, este acaba provocando seu adensamento (artificial) em certas regiões, o que acaba não contribuindo muito para a conservação da biodiversidade, para a qual seria necessária uma floresta com uma maior diversidade de espécies de árvores, arbustos, cipós etc. É muito comum os proprietários suprimir todas as outras espécies de árvores de grande porte e as espécies de vegetação do sub-bosque, o que aniquila com quase toda a fauna.
Araucárias adensadas (“monocultura”) pela interferência do homem. Situação que não traz grandes benefícios para a conservação da biodiversidade, que necessita da integridade do ecossistema, ou seja, de uma grande diversidade de árvores, arbustos, cipós etc.para que haja oferta de alimento para a fauna o ano todo, como era antes da agressão do homem.
3 Campos de Altitude
No alto de serras, em geral acima
de 900m, ocorrem formações conhecidas como Campos de Altitude. Na serra do Mar
da região norte de Santa Catarina, no município de Garuva principalmente, temos
a ocorrência deste ecossistema.
A camada do solo é bastante rasa e pedregosa de modo que somente plantas de pequeno porte conseguem se desenvolver, vegetação rasteira em geral, predominando as gramíneas, formando extensos campos naturais. Já entre as montanhas, onde a camada de solo é mais espessa e mais úmida devido ao acúmulo das águas das chuvas que escoa das partes mais altas (formando as nascentes), ocorrem áreas com floresta constituída por árvores de grande porte. Essa mata recebe o nome de floresta de galeria. Esses locais oferecem condições para abrigar uma diversificada fauna de mamíferos e aves. Nascentes de rios importantes, como o rio Quiriri (afluente do rio Cubatão) que abastece Joinville, localizam-se nos Campos de Altitude.
Floresta de Galeria nos Campos de Altitude. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
Detalhe do recorte de uma estrada na região dos Campos de Altitude mostrando que o solo é bem raso e bastante pedregoso.
Após as chuvas, as águas escoam rapidamente para as partes mais baixas deixando o solo (que já é bastante pedregoso, de fácil drenagem portanto) sempre seco. Neste ambiente seco, de solo bem drenado, combinado com os ventos fortes e constantes as plantas desenvolveram adaptações especiais. Uma dessas adaptações são tubérculos, conforme mostra a foto abaixo.
Detalhe do recorte de uma estrada na região dos Campos de Altitude mostrando que algumas plantas desenvolveram adaptações especiais, como tubérculos que armazenam água, para habitarem esse tipo de ambiente com solos áridos.
As condições adversas proporcionaram o surgimento de muitas espécies endêmicas (exclusivas) nesse ecossistema, sobretudo de flora. É impressionante a beleza e variedade das flores encontradas, que possuem valor ornamental indescritível.
Pepalanto (Paepalanthus polianthus): destaca-se entre a vegetação rasteira dos Campos de Altitude.
Exemplo de flor que ocorre exclusivamente nos Campos de Altitude.
Outro exemplo da enorme variedade e beleza das flores de plantas que ocorrem exclusivamente nos Campos de Altitude.
Diversos tipos de liquens são encontrados sobre as rochas, além de bromélias, orquídeas e samambaias e muitas outras espécies de plantas. Observa-se que o principal mecanismo de dispersão das sementes das plantas rasteiras que ocorrem nos campos de altitude é o vento, que é sempre intenso e constante o ano inteiro.
Líquen (associação de dois organismos: fungo e alga, que vivem em simbiose) comum de ser observado nas rochas de granito nos Campos de Altitude.
Esse ecossistema é muito frágil. O solo é de fácil erosão. Ao se remover a vegetação rasteira surgem grandes voçorocas (fendas), expondo as rochas. Uma simples abertura de estrada dá início a um processo de erosão incontrolável.
Fragilidade dos Campos de Altitude - A remoção da vegetação dispara um processo de erosão incontrolável. A abertura de uma estrada causa grandes impactos, conforme pode ser visto nesta imagem. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
Ainda, hoje, estes campos naturais vêm sendo utilizados para criação de gado, cuja degradação causa um enorme prejuízo para a sociedade (destruição do patrimônio natural, das nascentes e rios que afetam a produção de água que abastecem grandes cidades).
Apesar do valor inestimável para a sociedade, os campos de altitudes vêm sendo usados para criação de gado, que causa grandes impactos. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
Outro gravíssimo problema são as queimadas criminosas para a substituição da vegetação nativa por pastagens e reflorestamento de pinus. As queimadas atingem até mesmo as áreas protegidas por proprietários particulares. Aliás, essas áreas protegidas são também afetadas pelas plantas invasoras como o próprio pinus que está se tornando um problema muito sério e sua remoção envolve custos elevados e nem sempre é simples, sobretudo em áreas de escarpas (área com alta declividade).
Invasão de pinus nos Campos de Altitude: sementes de reflorestamentos próximos são dispersadas pelos ventos e contaminam este frágil ecossistema. Alguns proprietários conscientes removem esta planta invasora, mas outros, nem tanto. Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
Além de todos esses problemas há ainda a prática de mineração para exploração de caulim (utilizado na indústria de cerâmica), que causa danos irreversíveis. O caulim é lavado no próprio local de extração e os tanques de contenção freqüentemente se rompem contaminando os rios, exterminando com toda a fauna aquática.
Mineração nos Campos de Altitude para extração de caulim (material utilizado pela indústria na composição de cerâmicas), uma atividade de grande impacto neste frágil ecossistema. À esquerda da gigantesca cratera houve a utilização criminosa de herbicida (repare a vegetação morta). Foto tirada em 11/01/2006 – Alto Quiriri – Garuva, SC.
4 Restinga
A Restinga é um ecossistema da
Mata Atlântica que ocorre na região litorânea. É o mais ameaçado, restando
pouquíssimas áreas, por causa da exploração imobiliária para casas de veraneio.
Apresenta a vegetação com três tipos gradativos de crescimento.
Junto à praia, em áreas sujeitas a ação direta dos
ventos, marés, chuvas e ondas, existe um tipo de vegetação que se forma para
proteger as dunas, chamada restinga de litoral. Na restinga de litoral poucas
plantas conseguem se desenvolver, apenas vegetação rasteira, alguns capins e
cipós que são adaptados ao sal e a areia lançada pelo vento.
Paisagem tipica da restinga próxima a praia. As plantas com flores amarelas são
orquideas terrestres do gênero Epidendrum.
orquideas terrestres do gênero Epidendrum.
Planta rasteira típica da restinga. Local: Praia do Ervino - São Francisco do Sul (SC).
Caminhando em direção ao interior, é possível observar a vegetação arbustiva da restinga, com folhas também adaptadas aos fatores ambientais, com caules duros e retorcidos e raízes com grande poder de fixação no solo arenoso.
Praia do Ervino - São Francisco do Sul (SC)
Detalhe do cacho com frutos maduros do butiá.
Subsequente a vegetação arbustiva, desenvolve-se a restinga de interior, também conhecida como floresta de Restinga. A restinga de interior é composta por vegetação mista, nela podem ser encontradas árvores, arbustos, trepadeiras, epífitas, samambaias e muitas bromélias, que se desenvolvem no chão, colonizando extensas áreas. O olandi (Callophillum brasiliensis) se destaca entre muitas espécies de árvores encontradas na floresta de Restinga.
Ambiente característico da floresta de Restinga de interior: sobre a espessa camada de folhas secas em decomposição cresce um grande número de bromélias, que colonizam grandes áreas.
Olandi (Callophillum brasiliensis): árvore de grande porte da floresta de Restinga de interior.
O relevo da restinga é plano, seus rios são lentos e tortuosos. Suas águas apresentam característica única, com coloração avermelhada e pH ácido, devido ao excesso de matéria orgânica morta. Em determinada época do ano, em conseqüência das chuvas mais intensas e
freqüentes, a restinga de interior fica inundada.
Ambiente característico da floresta de Restinga de interior. No período mais chuvoso do ano a Restinga fica parcialmente inundada. A água avermelhada é devido a decomposição da matéria orgânica.
A fauna de restinga apresenta grande diversidade de espécies, desde microrganismos até mamíferos de grande porte. Pode-se destacar a presença de uma espécie de fungo luminescente, encontrado somente na floresta de Restinga. Anfíbios, como a perereca-de-capacete e o sapinho- de-restinga dependem exclusivamente deste hábitat para sobreviver.
Sapinho-da-restinga (Dendrophryniscus leucomystax): espécie que só existe na
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmico da restinga. Seus girinos só se desenvolvem na água com o pH ácido da floresta de restinga..
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmico da restinga. Seus girinos só se desenvolvem na água com o pH ácido da floresta de restinga..
Perereca-de-capacete (Aparasphenodon bokermanni): Espécie que só existe na
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmica da restinga. Seus girinos só se desenvolvem na água com o pH ácido da floresta de Restinga. Sua desova ocorre no interior das câmaras formadas pela estrutura do enraizamento aéreo das árvores coberto com a espessa camada de folhas secas.
floresta de restinga de interior, ou seja, é endêmica da restinga. Seus girinos só se desenvolvem na água com o pH ácido da floresta de Restinga. Sua desova ocorre no interior das câmaras formadas pela estrutura do enraizamento aéreo das árvores coberto com a espessa camada de folhas secas.
Câmara formada pela estrutura do enraizamento aéreo das árvores coberta com a
espessa camada de folhas secas. No interior dessa câmara, quando inundada, ocorre a desova da perereca-de-capacete.
espessa camada de folhas secas. No interior dessa câmara, quando inundada, ocorre a desova da perereca-de-capacete.
Devido à exploração imobiliária, agropecuária, agricultura, mineração (extração de areia para indústria de vidros e construção civil) e os reflorestamentos de pinus esse ecossistema vem sendo destruído a cada ano que passa, tornando-se um dos mais ameaçados.
Extração de areia em área de Restinga em Barra do Sul, SC (matéria prima para indústria de vidro recém instalada na região): danos ambientais irreparáveis ao ecossistema. Além da destruição das últimas áreas desse ameaçadíssimo ecossistema, esta atividade de mineração cria o grave problema das gigantescas crateras, que será deixado para as gerações futuras resolverem.
Exploração imobiliária com loteamentos ilegais - A principal pressão para aniquilar as últimas áreas de Restinga na região norte de Santa Catarina.
Loteamento criminoso, cujos proprietários estão tentando legalizar. Foi desmatada uma vasta área de restinga ainda intacta (primária) em Barra do Sul, SC. É um dos maiores desmatamentos deste ameaçadíssimo ecossistema dos últimos anos. Foto: 14/01/2006.
Detalhe do loteamento criminoso em Barra do Sul (SC). Figueira gigante abatida e queimada: milhares de formas de vida aniquiladas. Foto: 14/01/2006.
Detalhe do loteamento criminoso em Barra do Sul (SC) Foto: 14/01/2006.
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Destruição da floresta de Restinga: loteamento irregular na praia do Ervino, em S.Francisco do Sul (SC).
Destruição da floresta de Restinga. Foto: out/2003.
Destruição da Floresta de Restinga. Foto: out/2003.
Destruição da floresta de Restinga. Detalhe de um olandi (Callophillum brasiliensis) abatido. Foto: out/2003.
5 Manguezais
Ecossistema característico de
regiões tropicais, constantemente exposto ao regime de marés, dominado por
espécies típicas, que apresentam uma série de adaptações às condições
existentes neste ambiente. O litoral norte de Santa Catarina, sobretudo a baía
da Babitonga, em Joinville e Araquari, é rico em manguezais. Áreas com mangues
também ocorrem na foz do rio Itapocu.
Manguezal no canal do Linguado, em São Francisco do Sul, SC, na divisa com Balneário Barra do Sul, SC.
Manguezal em Balneário Barra do Sul, SC.
A vegetação desse ecossistema protege a zona costeira das perturbações atmosféricas bem como, fixa a terra impedindo assim o processo de erosão. As raízes dos mangues funcionam como filtros na retenção de sedimentos.
Ambiente típico dos manguezais.
Ambiente típico dos manguezais: uma numerosa população de várias espécies de caranguejos vivem na lama dos manguezais. Os buracos na lama são tocas de caranguejos, onde eles se refugiam ao notarem a presença de predadores.
As árvores que ocorrem exclusivamente nos manguezais têm adaptações especiais como raízes áreas para sustentação das árvores nesse ambiente de lodo.
As raízes das árvores do mangue funcionam como filtro para retenção de sedimentos e crescem de baixo para cima, conforme pode ser visto nesta imagem (as pontas sobressaindo do lodo).
Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de organismos (peixes, crustáceos etc.) que se reproduzem nestes locais. Neles, os filhotes também são criados, como no caso de camarões, algumas espécies de peixes e aves. Entre as espécies de aves estão os colhereiros, os socós e os martins-pescadores.
Ao contrário das outras florestas, nos manguezais não há muita riqueza de espécies, porém são destacados pela grande abundância de populações que neles vivem.
Detalhe das folhas de uma das três espécies de árvores que ocorrem nos manguezais. Uma adaptação muito interessante pode ser observada sobre as folhas desta planta: a eliminação do excesso de sal através das folhas.
Detalhe da flor de outra espécie de árvore que ocorre nos manguezais.
Caranguejos - vivem em enormes populações nos fundos lodosos, são mais ativos durante a maré baixa;
O mangue é rico em diversidade de caranguejos e suas populações são numerosas. O exemplar desta foto é o aratu (Goniopsis cruentata)
Toca de uma espécie de caranguejo construída com uma elevação na entrada, possivelmente para retardar um pouco a inundação com a subida da maré.
Foto superior: espécie de caranguejo do mangue adaptado para viver nas árvores do manguezal. Foto inferior: detalhe do caranguejo
Outra espécie de caranguejo que tem o mangue como hábitat.
Ostras, cracas e mexilhões - podem ser encontrados em troncos submersos, alimentam-se de partículas suspensas na água;
Ostras e mexilhões coletados nos mangues para venda às margens rodovia BR-280, em Araquari (SC). Uma atividade em franca decadência devido ao esgotamento dos recursos naturais, mas só deverá acabar quando a última ostra for coletada, o que não deverá demorar muito para acontecer. As áreas de mangues estão muito reduzidas e degradadas pela poluição e esta coleta acelera seu extermínio.
Camarões e peixes - penetram nos manguezais também durante a maré alta e na fase jovem dependem muito das fontes alimentares que ali são encontradas;
Produto de uma noite de pesca de um dos pescadores artesanais de Barra do Sul (SC). A abundância de peixes depende da saúde dos manguezais, que funcionam como verdadeiros berçários para inúmeras espécies. A forte decadência da pesca está associada também à degradação e destruição dos manguezais.
Aves comedoras de peixes e invertebrados marinhos - costumam alimentar-se durante a maré baixa, quando os fundos lodosos ficam expostos;
Mamíferos - podem ser citados o mão-pelada e o quati que se alimentam de caranguejos e a lontra que é uma hábil pescadora.
Mão-pelada (Procyon cancrivorus), freqüentador assíduo dos manguezais em busca de seu alimento predileto: caranguejos. Porém, ele vem sendo vítima de muita crueldade em algumas comunidades de pescadores tradicionais que estão aniquilando os caranguejos dos mangues. Estes coletores de caranguejos temem a competição com o mão-pelada e colocam iscas envenenadas para exterminá-los.
Crueldade no comércio dos caranguejos saqueados dos mangues. O bicho fica horas pendurado, exposto ao sol, sem entender porque esta punição tão severa, imposta pelo mais sádico predador do Planeta, até que a morte alivie seu sofrimento. Local BR-280, em Araquari (SC), no trecho que liga Joinville às praias do litoral norte de SC.
Os manguezais vêm sendo degradados diariamente pela ação e ocupação do homem, através do despejo de esgotos sanitários, industriais e agrícolas, bem como através da construção de rodovias e a exploração imobiliária.
Área de mangue ocupada irregularmente com moradias em Balneário Barra do Sul (SC). A legislação proíbe este tipo de ocupação. Foto: 14/01/2006.
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Casa construída irregularmente em área de mangue em Araquari (SC), às margens do canal do Linguado e da BR-280. A lei proíbe construções neste local. A justiça federal já tem determinado a demolição de muitas destas construções e os criminosos tem sido punidos de acordo com a lei. Mas o dano já foi feito. Foto: 14/01/2006
Lançamento de esgoto residencial diretamente em área de mangue no canal do Linguado, em Balneário Barra do Sul (SC), na região central da cidade. Foto: 14/01/2006
Lançamento de esgoto residencial sem nenhum tratamento diretamente em área de mangue no canal do Linguado, em Balneário Barra do Sul (SC). Este esgoto contamina o berçário de muitas espécies de peixes do mar, ou seja, compromete toda a vida marinha e deixa as praias impróprias para o uso das pessoas. É grande o risco de contrair doenças graves quem se banha nas águas poluídas por esgotos. E, lamentavelmente, este não é o único caso: todo o esgoto da cidade é despejado sem nenhum tratamento no canal do Linguado, por isso a vida marinha vem sendo aniquilada na região. Foto: 14/01/2006
Interação dos animais com a
floresta
Durante milhões de anos as
plantas e animais da Mata Atlântica desenvolveram uma estreita, bastante
complexa, mas harmoniosa relação, que possibilitou a sobrevivência das
espécies. Desta relação foram constituídos os ecossistemas, que se mantém em
perfeito equilíbrio. No entanto, a intervenção humana nestes ecossistemas tem
rompido este tênue equilíbrio. A simples coleta de frutos na floresta, como por
exemplo a castanha-do-pará, provoca grandes desequilíbrios a longo prazo,
conforme comprovado cientificamente, já que deixa os animais sem comida e estes
desaparecendo não haverá mais a dispersão das castanheiras na floresta; a
coleta de orquídeas por exemplo, pode exterminar, numa determinada região,
algum inseto que específico para polinizar a flor de uma árvore da floresta, e
sem polinização não haverá frutos o que provocará o extermínio desta espécie de
árvore e morte de muitos animais que se alimentam de seus frutos. A atividade
de apicultura em áreas preservadas, aparentemente inofensiva, pode provocar o desaparecimento
de muitos insetos da nossa fauna, devido à competição por néctar e pólen com as
abelhas africanizadas, introduzidas no Brasil.
Fruto da árvore cabo-de-rodo (Guatteria australis). Através da intervenção humana, a relação de interdependência que havia entre plantas e animais foi rompida, resultando no desequilíbrio dos ecossistemas.
Fruto da pindabuna (Duguetia lanceolata), árvore típica da Mata Atlântica, muito saboroso, apreciado por muitos animais.
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Fruto da canela-burra. As sementes das muitas espécies de canelas (árvores muito cobiçadas por madeireiros) são semelhantes a esta. Geralmente, são dispersadas por aves, como os sabiás.
A interdependência das plantas e animais pode facilmente ser notada em muitos exemplos. A dispersão das sementes é uma delas. A árvore dá o fruto para alimentar o pássaro, por exemplo, e este, ao ingerir o fruto, dispersa a semente, para bem longe da árvore mãe, pois é importante que as sementes não germinem logo embaixo da árvore para não competir com ela própria.
Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus): uma das aves responsáveis pela dispersão das sementes de palmito (Euterpe edulis).
Embaúba (Cecropia glazioui): árvore pioneira que também ocorre na floresta primária em áreas abertas (encostas, margens dos rios etc.). Seus frutos (ver figura abaixo) são muito apreciados por aves e mamíferos, dispersores de suas sementes.
O fruto da embaúba é apreciado por inúmeros animais da floresta. Suas sementes são dispersadas por mamíferos como o mão-pelada e o quati e por aves como as saíras, os sábias e os sanhaços.
Há espécies de plantas que não precisam de animais para dispersar suas sementes. Estas plantas desenvolveram outros mecanismos, como o vento. Mas a dispersão por animais ocorre para a maioria das espécies de plantas. Entre as árvores da Mata Atlântica, por exemplo, mais de 90% das espécies precisam de animais para dispersar suas sementes. Além disso, aquelas que têm suas sementes dispersadas pelo vento podem depender dos animais, insetos geralmente, para a polinização.
O cipó-mil-homens (Aristolochia triangularis; Família: Aristolochiaceae) é um exemplo de planta que tem suas sementes dispersadas pelo vento, mas depende de insetos para polinização.
Flor e cápsula de semente do Cipó-mil-homens (Aristolochia triangularis) que depende de insetos para polinização, enquanto as sementes são dispersadas pela ação do vento. A imagem acima mostra uma cápsula madura (seca) que ao se abrir libera as minúsculas sementes, muito leves para serem levadas pelo vento.
As orquídeas são outro exemplo de plantas cujas sementes são dispersadas pelo vento, mas a polinização é por insetos, para a qual as orquídeas desenvolvem estratégias altamente sofisticadas como os mais variados perfumes e armadilhas para forçar o inseto a transportar o pólen de uma flor para outra.
Orquídeas: suas sementes ao dispersadas pelo vento. Os botões das flores desta espécie de (micro) orquídea da Mata Atlântica da região norte de SC tem uma particularidade: ficam imersas num gel até as flores desabrocharem. É uma proteção contra o ataque de insetos, provavelmente. As sementes das orquídeas apresentam outra particularidade muito interessante: são minúsculas, muito leves (em forma de pó) e numerosas (cada cápsula contém milhares de sementes) para facilitar a dispersão e, assim, são desprovidas de reservas nutritivas (amido). Para germinarem, portanto, necessitam se associarem (simbiose) a um fungo (micorriza), que lhes provém as reservas nutritivas.
Algumas árvores da Mata Atlântica desenvolveram uma relação tão estreita com os animais que podem ter um inseto específico para realizar sua polinização, que pode ser uma espécie de abelha silvestre, por exemplo. Sua flor pode ser tão delicada que somente aquela espécie pode realizar o serviço. Então, quando o homem introduz abelhas africanizadas com o propósito de produzir mel, estas podem competir e exterminar com a abelha nativa ou estragar a flor (por causa do tamanho), provocando o declínio da população daquela espécie de árvore e seu conseqüente extermínio na região a longo prazo (que pode demorar séculos), rompendo com o equilíbrio de toda a floresta (ecossistema).
Abelhas silvestres visitando flor carregada de pólen.
No caso da dispersão das sementes, há casos também de árvores que têm um animal específico ou preferencial, de modo que, como no caso da abelha nativa, citada acima, se um desaparecer, o mesmo acontece com o outro. Por isso a caça de animais silvestres, como a paca e a cotia, acarreta grandes desequilíbrios na floresta, já que estes animais são dispersores preferenciais de muitas espécies de árvores.
Fruto do bacupari, cuja semente é dispersada pela cotia, principalmente.
Cotia - Principal dispersor das sementes do bacupari, através da estocagem, ou seja, a cotia tem o hábito de esconder as sementes para comê-las em época de escassez. No entanto, acaba esquecendo ou ignorando algumas e, assim, planta o bacupari.
O serelepe é também um grande dispersor da semente (coquinhos) do coqueiro-jerivá e do ticum. Ele esconde parte das sementes, enterrando-as, para comê-las depois. No entanto, ele esquece algumas e assim possibilita que germinem.
Serelepe, o mais importante dispersor das sementes do coqueiro. Assim como no caso da cotia (veja foto acima), o serelepe esconde os coquinhos como reserva de comida para enfrentar períodos de escassez, mas acaba esquecendo alguns e, assim, dissemina os coqueiros pela floresta.
Fruto do ticum (Bactris lindmaniana). As sementes do ticum também são dispersadas pelo serelepe, ao escondê-las.
A DISPERSÃO (sementes) e a POLINIZAÇÃO são as dependências mais diretas que as plantas têm dos animais. Mas ocorrem outros tipos de dependências bem mais complexas, como as relações de presas-predadores (as aves controlando a população de insetos que atacam as plantas, como as lagartas, por exemplo), as relações de simbiose (um beneficiando o outro), como a relação da formiga e da embaúba.
A DISPERSÃO das sementes e a POLINIZAÇÃO das flores são as dependências mais diretas que as plantas têm dos animais.
Ações do homem contra a Mata Atlântica
A mata virgem era caracterizada pela imensa diversidade
biológica, pela presença de árvores altas e grossas e principalmente pelo
equilíbrio entres as espécies. As ações do homem têm transformado estes
ecossistemas antes intocados.
Tipos de Formações Florestais
Floresta Primária
A floresta primária é aquela caracterizada pela pouca
interferência humana, com atividades do extrativismo do palmito e madeiras
(corte seletivo de algumas espécies de árvores de grande valor comercial), por
exemplo. Infelizmente, não temos mais florestas intocadas. Até nas regiões mais
inacessíveis o homem deu um jeito de retirar alguma coisa. Certas espécies
centenárias e raras na Mata Atlântica apresentam uma relação altamente complexa
com animais (dispersores e polinizadores), plantas e microorganismos. Daí uma
das razões da espécie ser rara, sendo totalmente desaconselhável seu abate para
aproveitar a madeira.
Floresta primária (Ombrófila Densa) em Itaiópolis (SC), às margens do rio Itajaí do Norte (ou Hercílio).
Raiz tabular é uma das características de muitas espécies de árvores adultas (geralmente com mais de 100 anos) de uma floresta primária.
Mesmo as áreas com floresta primária não estão livres da ação do homem. São freqüentemente atacadas para o furto de palmito, como neste caso, na Serra Dona Francisca, em Joinville, onde os saqueadores foram pegos pela polícia ambiental. Esta foto gentilmente cedida pela Polícia Ambiental de Joinville.
A contínua e crescente devastação das florestas para
agricultura, pastagens, reflorestamentos e implantação de loteamentos reduziram
as florestas primárias a poucos e pequenos fragmentos de mata, cujas
conseqüências para o próprio homem poderão ser catastróficas a médio e longo
prazo (como secas severas, pois as florestas exercem forte influência sobre a
quantidade e regularidade das chuvas).
Floresta Secundária
A floresta secundária é aquela que resulta de um processo de
regeneração natural em áreas de floresta primária que foram totalmente
desmatadas.
A grande maioria de remanescentes de Mata Atlântica
existentes em todo país são de florestas secundárias, que se regeneraram de
forma natural, pelo simples abandono.
No entanto, em certos locais, a invasão de taquarais, bambus
(muitas vezes exóticos) e samambaias impedem a regeneração das florestas. O
simples corte seletivo de árvores abre clareiras que favorecem o
desenvolvimento dessas plantas que colonizam a área e começam a se alastrar e
engolir lentamente toda a floresta. É o caso do taquaruçu, por exemplo, que vai
sufocando as árvores centenárias em florestas primárias, aniquilando com a
biodiversidade.
Espécie de bambu (taquarinha) que se desenvolve em áreas abertas e se alastra e sufoca até árvores adultas, formando verdadeiras “esculturas” e impedindo a regeneração da floresta. Foto da área do Centro Interpretativo da Mata Atlântica (CIMA), em Jaraguá do Sul (SC).
Esse ecossistema tem papel fundamental nos efeitos
climáticos, mas em termos de biodiversidade, a floresta secundária tem 50%
menos espécies que a floresta primária.
Estágios de desenvolvimento de uma floresta secundária
As florestas secundárias são classificadas de acordo com os
estágios de regeneração:
• Estágio inicial de regeneração:
Surge logo após o abandono de uma área degradada. Predominam
espécies pioneiras, de crescimento rápido e de vida curta, além de capins e
samambaias de chão.
As espécies encontradas no estágio inicial de regeneração
estão adaptadas a sobreviver em um ambiente com solo pobre em nutrientes e de
insolação direta. Quando adultas, criam um ambiente sombreado e fresco para o
restabelecimento da floresta definitiva. É importante ter em mente que o
plantio de árvores nativas é completamente desnecessário e desaconselhado em
nossa região, haja vista o risco de introduzir variedade de uma mesma espécie
de outra região (misturar populações de uma mesma espécie já selecionadas pela
natureza durante milhões de anos). Plantar árvores é função da fauna e do
vento. O mais importante é proteger as áreas remanescentes e a fauna.
Floresta secundária em estágio inicial de regeneração natural. Nesta foto é possível notar que em nossa região não há a necessidade do plantio de árvores para recuperar uma área degradada. Basta não interferir mais na área que a natureza se encarrega do resto. O local onde a floresta está regenerando era uma pastagem.
• Estágio médio de regeneração:
As espécies predominantes são, normalmente, pioneiras
na fase adulta. No piso da floresta, uma pequena camada de serapilheira é
encontrada, esta se decompõe, nutre o solo e favorece o desenvolvimento de
espécies definitivas. Na nossa região a espécie de árvore de ocorrência
predominante neste estágio é o jacatirão, que facilmente pode ser reconhecido
pela sua floração bastante intensa, cujas flores apresentam uma variação
de cores que vai do branco ao lilás. O jacatirão vive no máximo 20 anos.
Crescimento rápido e vida curta são características das árvores pioneiras que
deixam o ambiente propício para o início do desenvolvimento das árvores
definitivas, com crescimento lento, mas vida muito longa, centenas de anos
Jacatirão florescido - Quando nesta fase (adulta) é indicador de floresta secundária.
• Estágio avançado de regeneração:
Predominam as espécies definitivas, de crescimento lento e
de vida longa. Neste estágio, as camadas da floresta são bem definidas.
Paisagem com florestas em estágio avançado de regeneração, às margens do rio Itajaí do Norte, em Itaiópolis (SC). As florestas que aparecem nesta imagem são todas secundárias. A área foi destruída na década de 50, ou antes disso. A forte regeneração natural recobriu os morros novamente, graças à fauna e as áreas remanescentes que não puderam ser destruídas pela dificuldade de acesso.
Desmatamentos e Contaminação Biológica: ameaças para a Mata
Atlântica.
Desmatamentos
O Brasil já se tornou o centro das atenções internacionais,
de forma muito negativa, pois conquistou o título de campeão mundial em
desmatamentos. A Mata Atlântica é um dos ecossistemas que vem sofrendo
diariamente com esta destruição, sendo classificado pela UNESCO, órgão da ONU,
como o ecossistema mais ameaçado do planeta.
A cultura de fumo, os reflorestamentos, a exploração
madeireira, as queimadas, a especulação imobiliária e a pecuária contribuem
enormemente com o desmatamento das florestas.
A destruição da Mata Atlântica é permitida, com o pretexto
de ampliar as áreas de cultivo e a exploração econômica, porém, esta destruição
em nada diminui a fome e a miséria em nosso país.
Contaminação biológica
O que é contaminação biológica? Espécies de flora e fauna
trazidas pelo homem de outros países, que acabam dominando, competindo e
eliminando espécies nativas.
A contaminação biológica é a segunda causa de perda de
biodiversidade no mundo, depois da destruição e da degradação de habitat.
O pinus, o eucalipto, a taquarinha, o taquaruçu, a palmeira
real, o lírio-do-brejo, o chuchu, a rã-touro-gigante, o caramujo-africano e o
javali são apenas alguns exemplos de espécies que foram introduzidas na Mata
Atlântica e que estão causando um grande desequilíbrio a esse ecossistema.
Contaminação biológica: reflorestamento de pinus de uma grande empresa da região plantada de forma ilegal no topo de um morro nos Campos de Altitude em Garuva, SC.
O chuchu tem destruído muitas áreas importantes de Mata Atlântica primária na Serra do Mar da região norte de Santa Catarina. Em muitos casos a dispersão é intencional (criminosa) por parte dos proprietários, que conhecem muito bem os efeitos devastadores sobre a floresta quando o chuchu se alastra e sufoca até árvores gigantes, centenárias, como nesta foto, que foi tirada na localidade Rio Mandioca, em São Bento do Sul, divisa com Corupá.
Referências Bibliográficas:
BRANCO, Samuel Murgel. A Serra do
Mar e a Baixada. São Paulo: Editora Moderna, 1992
FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO
À NATUREZA. Como Defender a Ecologia. São Paulo: Nova Cultural, 1998.
NEIMAN, Zysman. Era Verde?
Ecossistemas Brasileiros Ameaçados. São Paulo: Atual, 1989.
HÖFLING, Elizabeth. Floresta
Atlântica. Disponível em: <www.mre.gov.br>
MANTOVANI, Waldir. Restinga.
Disponível em: <www.mre.gov.br>
CAVALCANTI, Klester. Mata
Atlântica – Nem tudo está perdido. Disponível em: <www2.uol.com.br/caminhosdaterra>
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