segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Mata Atlântica terá 320 pontos estudados em 2012.
A partir
desse mês, a Mata Atlântica fluminense vai passar por um raio X. Durante todo
o ano, cinco equipes formadas por cinco especialistas da Secretaria Estadual do
Ambiente farão o inventário da biodiversidade de 320 pontos da floresta em todo
o Estado. Segundo a superintendente de Biodiversidade e Florestas da
secretaria, Alba Simon, o objetivo é determinar a situação real da Mata Atlântica
para que possam ser implantadas políticas públicas mais efetivas de conservação
da floresta.
Fonte:
“Vamos
fazer a coleta do solo, da vegetação, a contagem de carbono no local e
perguntar às comunidades próximas a esses pontos qual o uso pessoal e econômico
que elas fazem dos recursos naturais da floresta, se usam a madeira para
combustível, se usam ervas para a saúde. A conclusão do inventário nos dirá em
que situação se encontra a Mata Atlântica”, disse Alba, ao explicar a pesquisa,
que terá apoio de especialistas da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro.
O material
coletado do solo será enviado à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) para análise e o da vegetação, para o Jardim Botânico. De acordo com
Alba, os estudos mais atuais indicam que a Mata Atlântica tem hoje entre 21% e
27% de cobertura florestal. No entanto, são estudos feitos com base em imagens
de satélite, o que dificulta estabelecer com precisão o estado da floresta.
“Nunca
pisamos no solo para ver o que são esses 27%, se são um bando de jaqueiras, por
exemplo. Queremos crer que não, pois são fragmentos florestais, mesmo assim,
precisamos saber o que estamos preservando nas unidades de conservação”, disse
ela.
A pesquisa
dará prioridade às áreas de unidades de conservação e lugares onde estão
programados licenciamentos para empreendimentos de grande porte. A
superintendente de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Ambiente lembrou
que existem no estado do Rio empreendimentos com grande impacto ambiental
previsto para os próximos anos e disse que, com o estudo, será possível haver
mais rigor no licenciamento.
“Na Bacia
de São João, por exemplo, há vários projetos de grande impacto e, por isso,
vamos correr e conhecer primeiro, antes de licenciar. Se o inventário tivesse
sido feito antes do Comperj [Complexo Petroquímico da Petrobras], não haveria
toda essa gritaria agora”, disse ela, ressaltando os impactos socioeconômicos e
ambientais em Itaboraí com a implantação do Comperj, contestada por
ambientalistas e moradores da região.
“Este é o
marco zero de uma política séria para a conservação da biodiversidade no estado
do Rio de Janeiro”, completou Alba Simon.
O estudo
do Rio será o segundo inventário feito no país – o primeiro foi em Santa
Catarina. A ideia é que os 15 estados que compõem a Mata Atlântica mapeiem suas
florestas para criar um inventário nacional, coordenado pelo Ministério do Meio
Ambiente. O projeto custará cerca de R$ 5 milhões, com recursos do Fundo
Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano e do Fundo da Mata
Atlântica. A meta do ministério é realizar o inventário a cada cinco anos.
A
pesquisadora disse que espera com o inventário revelar um retrato fiel e cruel
da Mata Atlântica, com base nos resultados de Santa Catarina. “A mata está
muito rala, fragmentada, sem continuidade. O resultado foi muito ruim com
relação à quantidade, qualidade, biodiversidade. Encontram mais espécies em
extinção do que previam”, destacou.
Se os
resultados do inventário do Rio forem similares aos de Santa Catarina, Alba
defende que se tripliquem os investimentos em conservação, restauração e
reflorestamento. “A biodiversidade é a espinha dorsal dos outros serviços. Sem
serviço ambiental não temos nada mais”.
No dia 27
de maio de 2012, data comemorativa da Mata Atlântica, será divulgada uma prévia
do censo da floresta. (Fonte: Flávia Villela/ Agência
Brasil)
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