domingo, 2 de janeiro de 2011
Carta de uma brasileira - Casa do Índio
Pois é, amigos, apesar de vivermos em permanente angústia causada pelas disfarçadas, desleais e traiçoeiras perseguições provocadas por membros da FUNASA, apoiados por alguns membros da FUNAI, o ano de 2010 vem sendo trágico para todos nós índios, que residimos na Casa do Índio, na Ilha do Governador.
Em 2002, quando eu tinha 12 anos, sofremos invasão armada de membros da OAB/RJ escoltados por policiais civis. Agora, após oito anos, no dia 20/10/2010, servidores da FUNASA nos afrontam escoltados por policiais federais.
Mais uma vez invadem a Casa do Índio com pretensas consultas psicológicas e psiquiátricas. Novamente nos sentimos violentados, ao sermos submetidos a avaliações por psicólogos sem termos a necessidade deles e, o que é pior, por pessoas que aqui estiveram sem nada conhecer da nossa cultura! Sequer do nosso cotidiano! Afinal de contas, avaliar por igual todos aqui não tem sentido, pois somos de etnias diferentes.
Fiquei tão desesperada com a entrada em nossa casa de policiais que caí em prantos, revoltada por mais uma violência de que estávamos sendo vitimas. Felizmente, dessa vez fui acalmada por um dos policiais federais, um senhor muito observador que embora nada falasse, de imediato, não aprovava o que estavam fazendo conosco e percebeu que a PF estava sendo usada pelos servidores da FUNASA.
Na Casa do Ìndio só tem criança, muitas com diversos tipos de problemas, e adultos e idosos que precisam de cuidados e de carinho. Não de armas nem de violências.
A Casa do Indio foi abandonada pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), que deveria cuidar de nós. Eles deixaram transformar a vida dos índios que moram aqui num verdadeiro inferno de medo, insegurança, temores noturnos. Quando vamos à escola (aqui, todos que podem vão à escola regular), não sabemos se, na volta, ainda teremos nossa casa. Dormimos preocupados, temendo uma invasão por parte de servidores cruéis da FUNASA. O que fizemos a essa gente?! Nada, apenas construímos nossa própria casa na cidade grande e vivemos nossa vida.
Permanecemos pertubados, por vermos que o poder público não nos ampara, não nos defende dessa tragédia. Nossas crianças estão assustadas e, em consequencia, caiu o rendimento escolar delas. Algumas tiveram que faltar às aulas para participar das tais consultas psicológicas. Basta procurar os atestados médicos nas escolas onde estão matriculadas. Ora, querem nos avaliar, mas, ao mesmo tempo, não nos respeitam. Ao contrário, desprezam nossos direitos e interesses. Por que isto? Qual o interesse dessas pessoas da FUNASA?
Não somos objetos, somos seres humanos e merecemos respeito!
Como uma benção natalina, eis que surge o famoso ator MARCOS PALMEIRA para abrandar nosso sofrimento. No dia de hoje (01/12/2010), ao ler o artigo publicado na revista HOLA!, nº 26, meu coração e o de meus irmãos índios se encheu de felicidade, amenizando nosso sofrimento e nos dando a sensação de uma brecha de esperança.
Precisamos nos livrar das agressões por parte de servidores da FUNASA, gananciosos, querem a todo custo se apossar do imóvel construído em MUTIRÃO pela comunidade da Ilha do Governador, funcionários e índios, nossos próprios amigos, parentes e antepassados.
A Casa do Índio nunca foi casa de saúde, conforme alegam os cruéis servidores da FUNASA, porque é a casa do índio deficiente, a residência onde vivemos e sempre fomos humanamente muito bem tratados.
MARCOS PALMEIRA reviveu nossa auto-estima, nos deixou felizes, porém, ainda temos que enfrentar uma série de retaliações de nossos algozes. Não satisfeitos com as avaliações psicológicas e psiquiátricas, diminuíram os horários do veículo que nos atendia, nos levava de manhã cedo à escola e de noite, na tentativa de prejudicar a rotina dos trabalhos da Casa do Índio. Porém, nada conseguiram até agora porque nossos jovens estudantes e deficientes (cadeirantes) têm conseguido ir às escolas como
necessitam, sem ajuda da FUNASA. Da mesma forma, a menor T. P., deficiente da etnia Guarani do RS, matriculada no IPPMG/HUF, também não deixou de ser conduzida, às 06h30min. ao ambulatório do hospital para exames de laboratório.
A Casa do Índio funciona 24 horas por dia, inclusive nos sábados, domingos e feriados. Não é simplista, como a atuação dos burocratas. Pensem nisto!
Quando se é covarde e não se consegue atingir seus objetivos pela violência, maldosamente tentam atingir pela retaliação.
Mas assim é a vida. Por isto, nossos responsáveis aqui sempre nos estimularam e tudo fizeram, e ainda fazem, para o aprimoramento dos nossos estudos, porque isto evitará que fiquemos nas mãos dos falsos amigos dos índios, ou seja, daqueles que deles só queiram tirar PROVEITOS.
Eu sou ANITA DOS SANTOS, tenho 20 anos, ingressei na Casa do Índio em 1990, com dois meses de nascida. Minha mãe, Maria Clara dos Santos, na época tinha 17 anos, deficiente física e neurológica, sem condições de sobrevivência na aldeia. Viemos de Mato Grosso do Sul, encaminhadas pela 9ª Delegacia Regional da FUNAI.
Fui bolsista da ACM-Ilha e do CNEC/Ilha, tenho segundo grau completo e os cursos de especialização em informática e em montagem de computadores, promovido pela Faculdade Estácio de Sá, na Ilha do Governador. Estou me preparando para concurso nas Forças Armadas. Aqui, na Casa do Índio, trabalho assalariada pela Associação Rondon Brasil.
Quem desejar entrar em contato comigo, informo meus emails:
Utilizo ORKUT – FACEBOOK - TWITTER
Cel (21) 9119-1545
Um abraço a todos!!!!
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UMA REFLEXÃO pARA 2011 .......
ResponderExcluirOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO SÉCULO XXI
O diferencial da EA do século XX para a EA que precisamos no século XXI está no fato d3 que não se pode prescindir de e4studos de avaliação da percepção ambiental do segmento a que se pretende estruturar um Programa de EA (diagnóstico prévio para ser usado na estruturação do programa) e outra após a conclusão do mesmo de modo a caracterizar a sua eficácia.
Um grupo – Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA – vem se dedicando há mais de 6 anos a este tipo de estudo (com pesquisas realizadas inclusive no exterior), com um banco de dados que deveria ser acessado por gestores públicos e privados da área de Educação Ambiental, de modo a tomar conhecimento do perfil de percepção ambiental de estudantes e professores dos ensinos fundamental ao superior. Para acessar, entre em www.pluridoc.com (base sediada na Europa) e, em seguida, pesquise “roosevelt s. fernandes”.
Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
Membro titular dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente / CONSEMA e do Estadual de recursos Hídricos / CERH do Estado do Espírito Santo.
roosevelt@ebrnet.com.br
EM TEMPO - a tese já foi absorvida em Portugal pela ASPEA