Por: Teresinha Victorino em 2008
O Rio de Janeiro tem sua própria história, mas existe também uma História do Brasil no Rio de Janeiro: são histórias que se entrelaçam em um conjunto, porém distintas. Assim acontece com a Ilha do Governador: testemunha, por sua condição geográfica, dos principais eventos da história da cidade e do país, a Ilha repercutiu tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro. Mas também preservou sua própria história para ser contada – uma história distinta, singular e única.
A maior ilha da Baia da Guanabara está ligada à história do Rio de Janeiro, do Brasil, de Portugal e do planeta.
Na primeira expedição realizada para o reconhecimento da costa brasileira, em 1502, em que, numa viagem exploratória ao Brasil, a armada de Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio, navegou numa estreita abertura de uma grande baía, confundindo-a com o estuário de um rio, por isso deu-lhe o nome de Rio de Janeiro. Era o dia 1º de janeiro do mesmo ano.
A Baía era a Guanabara, cujo litoral era um remoto recanto constituído por enseadas, praias, manguezais e diversas ilhas. Destacava-se nesta paisagem a maior de todas as ilhas, próxima aos manguezais característicos das margens da baía: a paradisíaca Ilha de Paranapuã – ou Ilha do Mar – denominação dada pelos os índios Temiminós.
Esta ilha teve outras denominações: Ilha dos Maracajás, por causa da grande quantidade de maracajás – ou gatos-do-mato – existentes originalmente na ilha; Ilha do Gato, por alusão à sua forma ou por causa do cacique Temiminó Maracajá–Guaçu, Gato Grande, a cuja tribo a ilha pertencia por ocasião do descobrimento, como é mais registrado, e finalmente, Ilha do Governador, denominação que perdura até os dias de hoje.
A Ilha, servida de um extenso mar, abundante em peixe, a alimentação indígena estava em parte resolvida, acrescida da caça de pequenos animais e aves, frutas e tubérculos da própria mata, e associadas às culturas comuns como o milho, a mandioca e o inhame.
Os índios usavam o milho e o caju para preparar uma bebida afermentada – “caium” – para as festas tribais, e da mandioca faziam a farinha.
O espaço insular de 32Km², oferecia ao índio outros atrativos, além da caça e da pesca, destacando-se o barro cerâmico. “A argila e o cal dos mariscos e dos depósitos de ostras também logo atraíram as atenções dos brancos para o trabalho de olaria e fabrico de louças”, (BUENO, Eduardo . Pau-Brasil. Ed. Axis Mundis. SP.2002 p. 123).
As rivalidades e as amizades entre as tribos coexistiam entrelaçadas há milênios, numa baía de água cristalina, abundante em peixes. Todavia, a cobiça pela terra fértil e extensa provocou uma disputa entre outras tribos, chamando atenção da Ilha para os europeus. No conflito, os Macacajás são derrotados pelos Tamoios, em 1535. A ferocidade dos combates entre os grupos foi relatada por diversos autores da época, pois a antropofagia foi praticada.
Por volta dos anos de 1550, certa nau portuguesa entrou pela Baía da Guanabara e foi abordada por um grupo de índios liderados pelo cacique Temiminó Maracajá-Guaçu, pai do futuro Araribóia, o cobra da tempestade, para pedir ajuda. Alegaram aos portugueses que sua tribo estava sendo atacada e dizimada pelos Tupinambás na Ilha dos Maracajás, ou do Gato, hoje Ilha do Governador. Solicitaram ajuda para a retirada de sua tribo da ilha.
A volta dos Temiminós no ano de 1560 para a Baía da Guanabara baseou-se na estratégia portuguesa de usar o elemento revanchista entre os índios, desta maneira, foi dos Temiminós, com maior poderio, a vez de revidarem a fúria de morte contra seus inimigos ancestrais.
O oficial da marinha francesa, Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1575), alimentava o desejo de estabelecer no Brasil uma colônia francesa, idéia que foi aprovada pelo rei de França, Henrique II, que lhe concedeu crédito e recursos para a organização da expedição. Partindo do Havre em julho de 1555, Villegaignon desembarcou no Rio de Janeiro em novembro do mesmo ano, com o objetivo de fundar aqui a colônia chamada França Antártica.
Penetrar na Baía da Guananabara foi tarefa fácil para a expedição militar francesa que aspirava fundar uma pátria, conviver com os habitantes da região, cujas pessoas andavam nuas, ordeiras e curiosas, também foi uma missão fácil. Ganhar confiança dessas pessoas e participar de seus rituais antropofágicos, conhecendo-os intimamente foi uma conseqüência natural no convívio dessa missão militar.
Os franceses conquistaram o pequeno território indígena no qual viviam várias tribos de cuja demarcação ainda se carece de precisão. Aliados dos índios Tupinambás e Tamoios, que ali viviam, os franceses escolheram a Ilha do Gato para estabelecer um dos seus primeiros núcleos de colonização. Constituíram-se num foco de resistência à expansão da empresa comercial lusitana no Brasil. Os franceses foram senhores do Rio de Janeiro durante pouco mais de quatro anos, ameaçando a conquista portuguesa.
A Estratégia dos portugueses para expulsar os franceses da baía de Guanabara consistia em aproveitar da camaradagem dos Temiminós com os Maracajás, os quais já viviam na baía de Guanabara, e assim atacar os Tupinambás e os Tamoios.
Em 1560, por ordem real, uma esquadra sob o comando de Mem de Sá combateu os invasores, desalojando-os e arrasando suas fortificações. Entretanto em fevereiro de 1564, quando seu sobrinho Estácio de Sá chegou para estabelecer as bases de uma colonização sistemática, encontrou a cidade novamente dominada, sendo impossível estabelecer-se.
Mas as dificuldades forçaram Estácio de Sá a buscar ajuda. Avisado pelos jesuítas, seu tio veio pessoalmente em seu auxílio, à frente de tropas organizadas na Bahia. Sob o comando de Cristóvão de Barros, a armada de Mem de Sá com o apoio dos índios Temiminós, liderados por Araribóia, e Estácio de Sá liderando os portugueses, bombardearam e destruiram os redutos dos franceses e as aldeias dos Tamoios, resultando tanto na expulsão dos franceses como na eliminação completa da resistência de qualquer índio dentro da baía de Guanabara. Era dia 20 de janeiro de 1567, dia do padroeiro, São Sebastião, os franceses trazidos por Villegaignon foram expulsos definitivamente.
Livres dos franceses e dos índios inimigos, os portugueses retribuíram aos Temiminós com uma doação de Sesmaria. O Araribóia foi batizado com o nome de Martim Afonso de Sousa e, em 16 de março de 1568, Mem de Sá concedeu ao índio as terras na Banda de Além, que hoje, essa faixa de terra, corresponde ao trecho entre os bairros Gragoatá e São Lourenço em Niterói, que se traduz do Tupi-Guarani por águas escondidas.
Em 5 de setembro de 1567, após a vitória sobre os franceses, Mem de Sá dividiu a ilha, em duas sesmarias, doando uma delas, a que abrangia a maior parte do território, ao outro sobrinho seu, Salvador Correa de Sá, nomeado segundo governador do Rio de Janeiro. A outra sesmaria foi doada a Rui Gonçalves, almoxarife-geral do governo colonial na Cidade. O Projeto de Lei n° 1.514/91 institui o dia 05 de setembro como o "Dia da Ilha do Governador".
Salvador Correia de Sá foi nomeado para o cargo de governador do Rio de Janeiro, governando a cidade por dois períodos: de 1568 a 1571 e de 1577 a 1598. No engenho de cana-de-açúcar que mandou construir em sua propriedade, ele deu início à primeira produção de açúcar do Rio de Janeiro. Em 1570 a ilha ganhou a denominação oficial de Ilha do Governador, que perdura até os dias de hoje.
A Ilha passa a ser ocupada e explorada, a agricultura de subsistência existe para sustentar os habitantes que vão se instalando. No século XVI, a Ilha é basicamente agrícola, entretanto o açúcar é um produto de peso para exportação e para a balança comercial. O açúcar e o aguardente eram produzidos para o consumo local e envio ao Rio de Janeiro, ao lado de gênero de subsistência.
Até a ocupação portuguesa, a Ilha era bastante coberta de vegetação. No litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro, onde se incluía a Ilha Grande e arredores, não havia pau-brasil, entretanto na “Ilha do Gato e as adjacentes, além do litoral circundante, bem como os próprios Maracajás, surgem claramente em depoimentos do século XVI como supridores dos embarques de matéria corante.”, (BUENO, 2002). A Ilha do Gato foi fonte de abastecimento de madeira tintorial, tanto para os franceses como para os portugueses.
Com a chegada dos primeiros europeus a paisagem natural é alterada com a introdução de plantas exóticas, entre elas a cana-de-açucar. E dá-se o início da devastação da fauna e da flora.
E, para demonstrar que as madeiras tropicais eram excelentes para a construção naval, o Governador Salvador Correia de Sá mandou montar um estaleiro e reunir grandes toras de madeiras trazidas, sobretudo da Ilha Grande (uma das denominações francesa para a Ilha do Governador), e com Benevides deram início, em 1659, à construção daquele que seria o maior navio do mundo, o Galeão Padre Eterno, que foi lançado ao mar da então Ilha de Paranapuã, no natal de 1663.
O Padre Eterno tinha 53 metros de comprimento, o que era extraordinário para sua época, e, era dotado de duas cobertas armadas de canhões. Em 1665, fez sua primeira viagem atravessando o Atlântico e aportando em Lisboa, despertando a atenção dos governantes portugueses e também dos espiões estrangeiros. Não só pelo tamanho, mas porque, graças à qualidade e leveza das madeiras empregadas em sua construção, era ao mesmo tempo resistente, capaz de levar um grande volume de carga e era fácil de ser manobrado.
A primeira Feitoria Portuguesa no Brasil ficava localizada na Ilha do Gato e os “vestígios, bem como os sinais da aldeia do Grande Gato, o “Maracajá”, estão agora soterrada sob o peno dos anos e de toneladas de entulho, em meio a uma paisagem de imperfeições. Ao que tudo indica, porém foi exatamente ali que a Terra do Brasil começou a se tornar o Brasil de hoje. Se o Basil de hoje ainda o ignora ou nem sequer s interessa em esclarecê-lo, e se já não há mais virtualmente um único é de Pau-Brasil na ilha ou em seus arredores, nem por isso o cenário e seus desdobramentos são menos reveladores. Pelo contrário.”, (BUENO, 2002).
As fazendas Tubiacanga, Itacolomi, Flecheiras, Galeão e São Bento, foram doadas por escritura aos beneditinos em maio de 1695, e em 1710 foi criada a Paróquia da Ilha do Governador, na Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, estabelecendo-se assim a Ilha, com seus 32 km² de área, como região de grande importância administrativa e econômica para o governo colonial.
Os beneditinos traçaram um novo rumo histórico para a Ilha: além dos engenhos de cana-de-açúcar, existiam ali criações de aves e porcos, uma agricultura de subsistência – o cultivo de verduras e frutas – e outras atividades já praticadas pelos índios, como o plantio de milho, mandioca e inhame, além da pesca, abundante na Baía.
No século XVII, a Ilha, prossegue em escala contínua e na mesma atividade, porém agora com a contribuição da mão-de-obra escrava.
O movimento de embarcações para o transporte das mercadorias entre a Ilha e a Cidade se intensifica. E, o século XVIII fica caracterizado pela forte presença dos beneditinos na economia da Ilha, fato que favorece a ocupação e adensamento populacional. Ainda encontram-se vestígios históricos dessas presenças nas terras da Aeronáutica.
Em 1808, com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, acompanhados por uma comitiva de aproximadamente 11.000 pessoas, a cidade passa por uma grande transformação. A chegada do príncipe eleva o Brasil à condição de reino, e a cidade se prepara para ser a sede do Império Português.
A Ilha do Governador passa a funcionar como um centro de abastecimento da nova capital dos dois reinos, Portugal e Brasil. Em 1811, um decreto real cria na área dos beneditinos, a Coutada Real, uma espécie de reserva natural onde não eram permitidos desmatamentos ou atividades econômicas, um campo dedicado exclusivamente ao esporte da caça de animais introduzidos na região para essa finalidade.
Em 1821, a população da Ilha alcança 1.695 habitantes, havendo um grande número de propriedades na zona dos beneditinos.
Com a volta para Portugal de D João VI, em abril de 1821, assume a regência o príncipe D. Pedro.
Em junho de 1834 é instalada na Ilha por decreto real, a primeira escola masculina. A população atinge 2.391 habitantes, distribuídos por chácaras retalhadas das terras dos antigos engenhos. Mais duas escolas são criadas na região: a segunda masculina e a primeira feminina. Em 1849 a população da Ilha passa a 3.457 habitantes.
Na segunda metade do século XIX a paisagem era pontilhada por casas de veraneio à beira-mar, em centro de terreno, frente às águas límpidas da Baía de Guanabara de então, que representariam os primórdios de uma vocação ligada ao lazer e turismo. Mas havia também indústrias, como as de cal e cerâmicas.
Em 1864, a epidemia de Cólera Morbos, causou enorme devastação na Ilha do Governador, basta dizer que na fazenda da Viúva Amaral (Fazenda São Sebastião do Rio de Janeiro, de propriedade de Dona Maria Izabel Rodrigues do Amaral, tia da Chiquinha Gonzaga) havia uma caieira que utilizava 15 barcaças para transporte de cal e barro para as edificações da Cidade do Rio de Janeiro, deixou ela de funcionar por terem desaparecidos com a morte de quase todos os escravos. Em 1871 o governo adquiriu a Fazenda São Sebastião do Rio de Janeiro.
Com a grande quantidade de formigas saúvas prejudicando os cultivos na região, o Barão de Capanema, introdutor em 1852 do telégrafo no Brasil, e ilustre morador da Ilha a partir da década de 1870 implanta em 1872 a Fábrica do Formicida Capanema. Amigo pessoal de D. Pedro II, o Barão de Capanema criou também um jardim botânico no local.
Em 1893, a Ilha do Governador foi cenário da conhecida Revolta da Armada. Em seis de setembro de 1893 um grupo de altos oficiais da Marinha exige a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. No movimento encontram-se jovens oficiais e muitos monarquistas. A adesão destes reflete o descontentamento da Armada com o pequeno prestigio da Marinha em comparação ao Exército.
Entre os anos de 1893 e 1894 os revoltosos instalaram-se na antiga Fazenda São Sebastião, tendo como retaguarda a Escola de Aprendizes Marinheiros, os paióis de munição na Ponta do Matoso e o Asilo dos Inválidos da Marinha, junto à Escola.
O coronel Moreira César traça planos para desfechar ataque contra a Ilha de Villegaignon, no Rio de Janeiro, e outros pontos em áreas ferozmente ocupada e defendida pelos rebeldes. 0 7° BI também participa da vigilância na região portuária na Baía de Guanabara e atua com desenvoltura na retomada da Ilha do Governador, base logística onde se suprem os revoltosos.
O sistema de transportes também teve grande importância para o crescimento da Região. Mas, é só em 1898, a Companhia Cantareira e Viação Fluminense, que tinha pontes de atracação no Zumbi, no Cocotá e na Freguesia, inicia um serviço regular de transporte.
Já no início do século XX, sua população de 5.616 habitantes, a Ilha ainda tinha na criação de gado, na pesca e na agricultura algumas das atividades vitais para a sua economia. A produção destinava-se a abastecer a cidade e a atender ao consumo local.
Em 1903, é criada uma linha para o Galeão. Com a Cidade crescendo e se expandindo, as moradias do Centro vão sendo substituídas progressivamente por modernos prédios de escritórios, com galerias, agências bancárias e comércio sofisticado nos andares térreos.
Em 1915 foi montada a Estação Rádio Telegráfica da Ilha do Governador (SHO), inicialmente no prédio hoje conhecido como “Usina”. No início de seu funcionamento, operava além de transmissão de boletim noticioso, três vezes ao dia em 1800 metros, a transmissão de sinais horários manipulados diretamente do observatório nacional, situado no bairro de São Cristóvão, através de uma linha cedida pelo departamento do telégrafo (Ministério da Aviação), e o serviço com a Esquadra no Mar. Em 1926 a SHO foi remodelada, passando a operar com o prefixo PXA. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Estação, que operava totalmente na área da Ilha do Governador, sofreu grandes transformações, foram construídos novos edifícios de transmissão e recepção, e instalação de novos equipamentos, que atenderam as necessidades do conflito mundial, firmando-se a Estação como o mais moderno serviço de telecomunicações da América do Sul. Em 1946 passou a Estação a subordinação da então Divisão de Comunicações.
O Cruzador Auxiliar José Bonifácio zarpou do Rio de Janeiro a 18 de julho de 1917, na “Missão Rondon do Litoral”, para os portos do Sul, a serviço da nossa neutralidade, regressando a 1 de novembro; partiu a 8 de dezembro para o mesmo fim e retornou a 23 de junho de 1918, tendo estacionado em vários portos. Partiu para o mesmo serviço nos mares do Sul e voltou a 30 de janeiro. Assumiu o seu comando o Capitão-de-Fragata Frederico Otávio de Lemos Villar, suspendeu a 13 de outubro 1919, em serviço de comissão da pesca e saneamento, para os portos do Nordeste e regressou a 2 de junho de 1920.
A bordo do Cruzador Auxiliar José Bonifácio, o Sr. Frederico Otávio de Lemos Villar viajou do extremo Norte ao extremo Sul, semeando Colônias de Pescadores ao longo de nossas praias.
Em 17 de novembro de 1920, foi criada a primeira colônia de pesca do Brasil, a então Colônia Z1, Colônia Cooperativa de Pescadores “Almirante Gomes Pereira”, teve sua instalação em terreno necessário compreendido da Ponta do Mirante para dentro da Bacia de Jequiá, na Ilha do Governador.
No início da década de 20 as pessoas fixam moradia permanente, e é inaugurada a ponte de atracação da Ribeira. A ocupação da Ilha acelera-se através do fracionamento de grandes áreas, surgindo à moda dos loteamentos, prática de uso do solo urbano que teve início nos primeiros anos do século, promovendo a ocupação de grandes espaços vazios na Cidade.
Na República, 1930, é inaugurada a ponte de ligação do Saco do Jequiá ao Morro do Matoso, ponte que hoje dá acesso a Colônia de Pesca Z10.
Na década de 30, o serviço de correios no Zumbi é transferido para a Base Aérea do Galeão, e em 1931, é criada a linha de ônibus ligando à Ribeira ao Galeão.
A aceleração da infra-estrutura se dá a partir da inauguração da ponte do Galeão, em 1949.
Localizada nos terrenos da antiga Fazenda de São Bento, território doado aos frades Beneditinos em 1695, a Escola João Luiz Alves, construída no Governo Vargas e pertencente ao Ministério da Justiça, tinha por finalidade a educação de menores orfãos. A escola passou à administração da FUNABEM na década de 80
Mudanças importantes ocorreram na década de 50, com a implantação do Aeroporto do Galeão, na década de 60, com a criação da praia artificial do Cocotá e pelo aterro maciço dos anos seguintes destinado ao Parque Manuel Bandeira e a criação da nova ponte de atracação das Barcas, que ligaria a Ilha, através do Cocotá à Praça XV, centro da cidade. E, na mesma época, com a construção do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro–Galeão–Antonio Carlos Jobim, é modificada violentamente a paisagem original da Ilha do Governador.
O transporte marítimo foi restaurado em 1976, como alternativa ao intenso trânsito da Avenida Brasil, e para tanto foi necessário uma outra alteração na paisagem, desta vez na Ribeira, onde houve um grande aterro para a recuperação da ponte velha de atracação e dragagem para receber as Barcas que ligariam a Ribeira, na Ilha à Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro. Hoje a travessia entre a Ilha do Governador e o Centro da cidade do Rio de Janeiro, se dá entre o Cocotá e a Praça XV.
A pior alteração da paisagem natural ocorreu ao aterrar e ligar as oito ilhas que forma hoje a Cidade Universitária, a maior delas é a Ilha do Fundão. Ao aterrarem para a construção da Cidade Universitária, os canais existentes entre as ilhas foram fechados ocasionando assoreamento na vizinhança, isto nos anos 40. Hoje a paisagem é feia e um mau cheiro é sentido por quem atravessa a Linha Vermelha.
O relevo da Ilha é marcado por colinas com declives que nunca foi impedimento para a ocupação humana. São poucas as áreas planas.
Os pontos de maior altitude da Ilha estão no Jardim Guanabara, Cacuia, Dendê e Barão. Do alto do Dendê a vista panorâmica é de 360 graus e avista-se desde a Serra dos Órgãos à Ponte Rio-Niterói, passando pelo Pão de Açúcar e o Corcovado.
Na Ilha há vários cursos de água, o Jequiá é o mais significativo e o único em formato de saco da Baia da Guanabara. Existe o Córrego do Galeão e várias nascentes, entre elas a da Praia da Bica e da Rua Colina.
Havia vegetação tropical em abundância, com madeiras de lei, como Cedro e Peroba, que foram utilizadas na construção do galeão Padre Eterno (Em 1659, Salvador Correa de Sá mandou construir na Ilha do Governador, o que seria o maior galeão do mundo, o "Padre Eterno", com 53 metros de comprimento e 2 mil toneladas, preparado para receber 144 canhões e com um mastro feito de um único tronco, com quase 3 metros de circunferência na base. Acabou vencido pelo oceano, afundando no Índico alguns anos depois.)..
A fauna é também da região tropical da Mata Atlântica: onça, jaguatirica, tatus, pacas, macacos, gambás (que até a década de 70 era fácil encontrar) e muitos pássaros.
O clima é tropical com estação de seca. Temperatura média é de 28º graus em fevereiro e mínima de 20º graus em julho.
Nos vales, entre os elevados, as trilhas indígenas são utilizadas por nós até os dias de hoje. Como a Estrada do Galeão, a Avenida Paranapuan e a Rua Cambaúba, por exemplo.
As praias, características físicas desde acidente geográfico e sócio-cultural desta comunidade são hoje impróprias para o banho.
O Manguezal do Jequiá é uma Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana – APARU. Todavia o barro que é acrescido ao Rio Jequiá afeta diretamente o manguezal, sobretudo o lado da Colônia de Pescadores Z10, que por sua vez despeja dejetos no espelho de água do manguezal. Contudo o ecossistema resiste e recebe visitas de aves diversas, algumas delas vindas do hemisfério norte.
O crescimento urbano acelerado da Ilha do Governador, que se deu entre as décadas de 60-70 e intensificado nas últimas décadas, compromete as nascentes e o estuário do Rio Jequiá. O comprometimento se dá tanto pela diminuição da vazão do rio e o assoreamento de sua foz, como pela contaminação por despejos domésticos e pelo óleo dos postos de abastecimento e garagens de ônibus, situados na bacia hidrográfica, agravada pela poluição trazida pelas águas da Baía de Guanabara. Ainda assim, as condições naturais se mantiveram, fundamentalmente pelo fato da área estar sob tutela da Marinha. Até o início da década de 1990, a Marinha era responsável pelo controle do crescimento da Colônia Z-10.
Embora sua densidade líquida ainda seja a terceira menor da Cidade, o vertiginoso crescimento traz consigo graves problemas de degradação das condições de vida da Ilha do Governador.
Por constituir um espaço físico delimitado a Ilha reúne, em escala menor, tudo o que a Cidade possui: topografia variada, população representativa das diversas camadas sociais da Cidade, bairros com características urbanísticas e arquitetônicas diferenciadas, comércio diversificado e independente, áreas de lazer, gastronomia variada, reservas ecológicas e grandes espaços ocupados por instalações militares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário