quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Ararinhas-azuis: filhotes brasileiros e quiçá uma UC
Filhotes de Ararinhas-Azuis
Os dois novos filhotes de ararinha-azul, nascidos em cativeiro no Brasil, reforçam os planos de reintroduzir a espécie de volta a seu habitat até 2021. Foto: Leonardo Milano/ICMBio
Manaus, AM - O Ano
Novo traz uma grande esperança para dois filhotes de ararinhas-azuis, nascidos
há dois meses no cativeiro no interior de São Paulo: a possibilidade do governo
federal criar uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável com 44 mil hectares,
em Curaçá (BA), região onde viviam os últimos da espécie em vida livre. A
proposta da reserva já está pronta e a criação já foi até anunciada pelo
Ministério do Meio Ambiente, em maio. Agora só falta virar realidade.
As ararinhas-azuis
nasceram entre os dias 25 e 27 de outubro, no interior de São Paulo, em uma
instituição privada, o criadouro científico Nest, que tem o endereço sigiloso
por questões de segurança. São os primeiros filhotes a nascer no Brasil, desde
o ano 2000. A intensão é reproduzir a espécie em cativeiro até atingir um
número suficiente para que seja feita a reintrodução no ambiente natural. A
expectativa é chegar a 150 aves em cativeiro antes de iniciar a soltura,
prevista para acontecer até 2021.
O diretor de
Conservação da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), Pedro Develey, explica que
nessa região da caatinga se destacam as matas ciliares, com caraibeiras, uma
espécie de ipê que chega a 20 metros de altura. "Elas têm porte necessário
para suportar cavidades de tamanho suficiente para o ninho de uma
ararinha", explica. Além disso, é uma região bem conservada, situação
diferente de áreas próximas ao município de Juazeiro (BA) ou a outra margem do
rio São Francisco, em Pernambuco, que já estão bastante degradadas.
A área protegida
serviria também para proteger outros animais da caatinga, que ainda são
encontrados por lá, como o tatu-bola. "A ararinha acaba sendo uma bandeira
para outras espécies", afirma Develey. De acordo com ele, a proposta de
ser um Unidade de Uso Sustentável se deve a presença de população humana e à
criação de cabras na região. "Não tem como tirar as pessoas de lá e isolar
a área. E não vamos conseguir tirar todas as cabras dali", explica
Develey. "A ideia da integração é possível e aí você vai ter as pessoas
como aliadas. Vão ver que a Unidade de Conservação ali
foi positiva", completa. Entre as propostas, estão a concessão da bolsa
verde a moradores da região.
Filhotes de
ararinha
A ararinha-azul
teve sua população dizimada principalmente devido ao tráfico de animais. Hoje,
existem 99 em cativeiro, 13 no Brasil, incluindo os filhotes. O projeto de
reintrodução é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do ICMBio (Cemave) e
conta com parceria da Vale e organizações sem fins lucrativos, como o Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Sociedade para a
Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil). A última reprodução em cativeiro
no Brasil havia ocorrido há 14 anos, quando nasceu Flor, mãe dos dois filhotes
nascidos em outubro. A Al-Wabra Preservação da Natureza, do Catar, e Associação
para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP, em inglês) e a Fundação
Lymington também participam do programa.
Os filhotes
nasceram com cerca de 15 gramas (os adultos pesam entre 310 e 340 g) e, nas
primeiras semanas, a alimentação foi feita pelos pais, sem interferência dos
cuidadores. Depois, passou a ser feita manualmente. Eles estão saudáveis e se
desenvolvem de maneira excepcional, segundo o veterinário do Nest, Ramiro Dias.
O sexo dos bebês ainda não é conhecido e só deve ser revelado após análises
genéticas. Os nomes das ararinhas devem ser escolhidos em uma votação pública,
a ser promovida pelo ICMBio.
Fotos de Leonardo Milano\ ICMBio
Fonte: http://www.oeco.org.br/noticias/28845-ararinhas-azuis-filhotes-brasileiros-e-quica-uma-uc
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