Educação, Cultura, Política e Curiosidades: A bucólica Ribeira reage contra imposições do Governo Federal

Bairro histórico e hoje pólo gastronômico da Ilha do Governador, a Ribeira luta na justiça pela imposição do Ministério de Pesca e Agricultura em criar no bairro um Entreposto Pesqueiro que irá atender a todo o município.

Moradores de diversos bairros da Ilha integram o “Movimento Terminal Pesqueiro na Ilha Não!”. O movimento se reune aos sábados na feira semanal da Ribeira para pegar assinatura de moradores, transmitir os perigos da instalação deste entreposto e ouvir as opiniões dos insulanos.

O objetivo do "Movimento Terminal Pesqueiro na Ilha Não!" é divulgar e ampliar as discussões sobre o tema e mostrar para as autoridades que os moradores da Ilha não querem esse entreposto.

Queremos sim, um hospital decente, a recuperação e manutenção da APARU do Jequiá, a preservação dos patrimônios histórico-culturais do bairro, a preservação ambiental, cultura e educação.

O Ministério da Pesca, através da superintendência do Rio de Janeiro decidiu, sem nenhuma consulta à população, que ali seria o local ideal para se criar um entreposto.

A localização do terreno do entreposto está no entorno, ou na zona de amortecimento da APARU do Jequiá criado pelo Decreto Municipal n° 12250/93, por esse fato, já seria ilegal a construção desta obra.

Qual será o real motivo de abandono da APARU?

O Manguezal do Jequiá pede socorro há anos, José Luiz, ambientalista e morador da Colonia Z10, comunidade pesqueira que faz parte da APARU tem histórico de mais de 30 anos de luta pela salvação deste manguezal.

O Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão do CENIPA – Comando da Aeronáutica, condenou a criação do Terminal Pesqueiro na Ilha e apresentou as consequencias de sua instalação com base no que rege a Resolução CONAMA n° 04 de 04 de outubro de 1995. Esta resolução ressalta os riscos que sofre a navegação aérea quando uma atividade que atraia pássaros está a uma determinada distância dos aeroportos brasileiros. O local onde pretendem criar o entreposto está a menos de 20km de dois dos mais movimentados aeroportos do país – Santos Dumont e Galeão.

Estima- se 400 caminhões de peixe entrando e saindo da Ilha diariamente, a região não possui uma infraestrutura logística para acolher este Terminal Pesqueiro Público, o trânsito já existente encontra-se caótico.

A proximidade de aeroportos, da APARU e o trânsito caótico do bairro são motivos suficientes para não querermos esse terminal na Ribeira ou em outro local da Ilha do Governador.

A Ilha quer saúde, cultura e educação... falando em saúde. E a saúde do índio? Como fica??

Também na Ribeira, colado ao terreno em o MPA quer criar o Terminal Pesqueiro, existe há mais de 40 anos a Casa do Índio. Dirigida e fundada por Eunice Cariry, a Casa do Índio abriga dezenas de índios com problemas de saúde. Casa do Índio abriga nativos com deficência física e mental, vai ganhar uma nova diretora depois de 42 anos, Eunice Cariry foi exonerada pela Funai. Cariry afirma que não vai deixar a casa enquanto sua situação não for resolvida. Sua principal preocupação são os 29 índios que vivem no local.

A notícia da exoneração deixou a comunidade insulana revoltada. Os moradores e amigos da Casa do Índio deram um abraço simbólico à Casa do Índio ontem às 10h, como forma de protesto.
A Casa do Índio sob a direção de Cariry faz parte da história da Ilha e o reconhecimento pela luta para sua construção e manutenção e também a garra e sofrimento de todos para manter a dignidade dessa casa são os motivos da revolta dos insulanos.

Outra pergunta que nao quer calar:

Qual será o verdadeiro motivo da exoneração da Cariry?

Como criar um entreposto pesqueiro ao lado de uma casa que abriga doentes??

A Ribeira, a Ilha do Governador e todos os seus moradores exigem do Governo Federal respeito aos cidadãos e atenção à saúde dos índios.
A Ilha do Governador se une numa só voz:

Não ao Terminal Pesqueiro na Ilha e Sim a permanência de Eunice Cariry à direção da Casa do Índio.