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O inverno nunca tarda a se tornar primavera - Nitiren Daishonin
“Aqueles que creem no Sutra de Lótus são como o inverno; o inverno nunca falha em se tornar primavera. Desde os tempos antigos jamais se ouviu que o inverno tenha se transformado em outono ou que um devoto do Sutra de Lótus tenha se transformado numa pessoa comum”
Este é um dos mais famosos trechos dos escritos de Nitiren Daishonin que tem servido de alento para inúmeras pessoas superarem suas dificuldades na jornada da vida em direção à felicidade.
Esse trecho faz parte da carta escrita em 1275 para a monja leiga Myoiti que vivia em Kamakura. Era uma mulher instruída que havia perdido seu marido e enfrentava dificuldades para criar seus dois filhos. Nitiren Daishonin escreveu-lhe a fim de encorajá-la, afirmando que os seguidores do Sutra de Lótus vivem como se estivessem em meio a um inverno, mas que essa situação infalivelmente se transforma em primavera.
Quatro anos antes, Daishonin havia sido alvo da Perseguição de Tatsunokuti e fora exilado na Ilha de Sado. Esses fatos culminaram na cruel investida contra os seguidores de Daishonin em Kamakura. Entre eles, estavam Myoiti e o seu marido, que tiveram as terras confiscadas. No entanto, o casal persistiu resolutamente na prática da fé do Sutra de Lótus como genuínos discípulos.
Infelizmente, a morte do marido de Myoiti ocorreu antes de Daishonin ser libertado do exílio. A ela coube criar dois filhos, um dos quais estava doente. Ela própria se encontrava com a saúde extremamente debilitada. Mesmo em meio às circunstâncias tão adversas, ela continuou prestando um sincero apoio a Daishonin. Enviou, por exemplo, um serviçal para ajudá-lo durante a permanência dele tanto em Sado como em Minobu.
Ultrapassar o rigor do inverno
Para celebrarmos a chegada da primavera, precisamos antes ultrapassar o inverno. Do ponto de vista da prática budista, a conquista da felicidade é uma luta da transformação do carma e da superação de inúmeros desafios. As provações do rigor do inverno são necessárias para se alcançar uma brilhante primavera com base na fé.
O inverno se transforma em primavera, não em outono — eis um princípio imutável da natureza. Do mesmo modo, aqueles que praticam a Lei Mística atingirão o estado de Buda e não permanecerão no estado ilusório de mortal comum. Este é um princípio universal da vida.
O essencial é compreender que o que torna genuína a alegria da primavera é justamente o rigor do inverno que a precede. Somente quando superamos as provações do inverno por meio do poder da fé conseguimos desfrutar a primavera de triunfo.
Quando resistimos e superamos as dificuldades do inverno e saímos vitoriosos por meio da prática budista, podemos fazer com que as flores brilhantes da vitória se abram radiantes em nossa vida.
Se, em meio ao rigor do frio, deixarmos de lutar ou de avançar na fé, terminaremos com resultados incompletos. A chave para a nossa vitória encontra-se na intensidade e na paixão com que nos desafiamos no inverno, na sabedoria que manifestamos nesse período, e em quão significativamente vivemos cada dia com a convicção de que a primavera chegará sem falta.
Ter fé é avançar tanto na primavera como no inverno Ter fé no Sutra de Lótus significa avançar pelo caminho do inverno de adversidades. Quando enfrentamos a árdua tarefa de transformar nosso carma, podemos celebrar a chegada da primavera e edificar a boa sorte e a felicidade em nossa vida. Não nos esquivemos, portanto, do rigor do inverno. Se tivermos a coragem de enfrentar os desafios do frio, poderemos avançar ilimitadamente rumo à esplêndida primavera que é a consecução do estado de Buda e do Kossen-rufu.
O presidente Ikeda nos orienta para repetirmos constantemente a ação de transformar o “inverno em primavera”, pois o ato de lamentar está fortemente enraizado em nossa vida de mortal comum.
Por meio dos constantes esforços para transformar o inverno em primavera, somos capazes de elevar a condição de vida de mortal comum em direção a uma vida baseada na sabedoria do Buda.
O fundamental é que nosso avanço se baseie na recitação de Daimoku, tanto em momentos de sofrimento como nos de alegria. Se agirmos assim em tempos de dificuldade, encontraremos a sabedoria necessária para transformar o veneno em remédio, e nos momentos felizes, avançaremos com otimismo e esperança ainda maiores.
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