domingo, 4 de março de 2012
Usar bicicleta como meio de transporte sai mais barato, diz estudo
26 de setembro de 2011 | 18h 35
Boghossian - O Estado de São Paulo
RIO - Desistir da ideia de comprar um carro e usar uma bicicleta para ir ao trabalho todos os dias pode significar uma economia de até R$ 2.700 por ano, segundo um estudo da Coppe, o programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ. Cálculos dos pesquisadores mostram que pedalar consome aproximadamente R$ 0,12 por quilômetro - um sexto da despesa referente a veículos movidos a gasolina, que chega a R$ 0,76.
O levantamento, coordenado pelo aluno de mestrado Marcelo Daniel Coelho, levou em conta o preço de uma bicicleta nova, a compra de acessórios, a depreciação e a manutenção do equipamento. A pesquisa foi feita com base em percursos de 20 km por dia no Rio e em Porto Alegre, simulando os trajetos de ida e volta para o trabalho durante a semana.
A média anual de gastos com uma bicicleta na capital fluminense é de R$ 519, levando em conta sua compra e a substituição periódica de peças, como freios, correntes e pneus. O custo da pedalada ficou abaixo do uso do carro a gasolina (R$ 3.219 por ano), da moto (R$ 2.029) e até do ônibus (R$ 1.367).
"O gasto inicial com a compra de um automóvel é muito alto, o que favorece a bicicleta nessa comparação. Em vez de gastar R$ 30 mil para comprar um carro, eu posso pagar R$ 600 em uma boa bicicleta e aplicar a diferença em um fundo de investimentos, por exemplo", explica Coelho.
Além do custo relativamente baixo, a bicicleta também supera o carro particular pois não paga impostos anuais, como o IPVA, e dispensa o consumo de combustível. Para o pesquisador, é preciso expandir a estrutura disponível para ciclistas para evitar um excesso de veículos nas cidades brasileiras. "A bicicleta não precisa ser um transporte direto para o trabalho. Ela pode servir como um meio de integração a sistemas de transporte público", diz Coelho, que defende a instalação de bicicletários em pontos de ônibus, e estações de trens e metrô.
No Rio, a prefeitura promete expandir a estrutura de bicicletários para facilitar o acesso de ciclistas aos meios de transporte de massa. Enquanto isso não acontece, o prefeito Eduardo Paes permitiu que bicicletas fiquem presas a postes, desde que não obstruam o trânsito de pedestres e veículos.
Também foram criadas na cidade 13 zonas preferenciais para ciclistas, em que a circulação de carros fica restrita à velocidade máxima de 30 km/h. Segundo o subsecretário de Meio Ambiente do município, Altamirando Fernandes, a medida tem o objetivo de criar vias preferenciais para o uso de bicicletas, mesmo onde não há ciclofaixas. "É impossível ter uma rede cicloviária que cubra toda a cidade, então podemos criar ambientes amigáveis para os ciclistas", afirma Fernandes.
Com base nas contas apresentadas na pesquisa da Coppe, o especialista em mobilidade José Lobo calcula que conseguiu economizar quase R$ 30 mil desde que decidiu vender seu carro, há 11 anos. Ele passou a depender apenas da bicicleta - apelando para táxis ou carros alugados quando fosse necessário.
"Como eu já usava bicicleta para ir a reuniões e eventos, meu carro ficava parado na garagem quase todos os dias. No início de 2000, quando chegou a hora de pagar o seguro e o IPVA, achei melhor vender e depender só da bicicleta", conta ele, que é presidente da ONG Transporte Ativo.
Lobo também cobra a implantação de mais ciclovias nas cidades, mas garante que a circulação de ciclistas e motoristas nas mesmas vias é possível e seguro, desde que todos respeitem as leis de trânsito. "Pode ser apavorante pedalar ao lado de carros quando não há ciclovias ou ciclofaixas, mas é apenas uma questão de adaptação. Um motorista que acaba de tirar sua carteira de motorista também tem medo, mas percebe que é uma atividade segura depois que se acostuma", compara.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Um mal desnecessário - Myrian Stanchi
UM MAL DESNECESSÁRIO
O homem se engrandece ao falar de sua casa de praia, do seu carro, do seu haras, da sua mansão.
Mostram seus troféus com orgulho.
Se divertem caçando os patos, com as touradas e nos rodeios.
Colocam seus filhos para aprenderem lutas marciais e tantos outros esportes violentos por acharem que estão fazendo um bem.
Mas em momento algum na minha vida, vi ou ouvi um pai, um amigo ou um irmão de quem quer que seja, falar com orgulho ou admiração de um ser que tenha abraçado uma árvore, que tenha replantado um campo que tenha socorrido um animal ou que não tenha nunca poluído rios e mares.
Gestos perfeitos diante da mãe natureza, mas insignificantes aos olhos do homem.
O mundo tem sua cadeia alimentar. Começa com uma minúscula partícula até nós, devoradores, ferozes, humanos. Percebo que nesta cadeia alimentar, só nós não respeitamos a natureza.
O mundo tem sua cadeia alimentar. Começa com uma minúscula partícula até nós, devoradores, ferozes, humanos. Percebo que nesta cadeia alimentar, só nós não respeitamos a natureza.
Percebam: o jacaré comeu o braço do seu treinador, que um gorila matou um visitante que jogava comida pra ele na jaula, que o leão quase matou a fotografa que o filmava e tantas outras noticias do mesmo tipo.
Mas sejamos honestos pelo menos com nós mesmos, vocês já ouviram falar de um grupo de elefantes que devastou uma mata por onde passava? Já ouviram falar de leões que exterminaram outras raças animas? Já ouviram falar de peixes que contaminaram rios ou mares? Ou até mesmo de aves que sobrevoando os céus, poluíram de tal forma que ficou impossível voar?
Estamos sempre fazendo o mal em nome do bem. Com nossa imensa inteligência, estamos destruindo com requinte de crueldade, todo este universo, chamado Terra.
O homem branco se queixa dos seus próprios irmãos, o negro se queixa do branco e o índio se queixa dos dois. Na verdade um não dá a mínima para o outro. Vivem numa eterna luta. Lutam por uma terra que não são suas, por mares que não lhes foram dados e por direitos que não os têm.
Infelizmente, nós humanos, não temos nada de bom para oferecer ao Planeta Terra. Tudo que temos foi tomado da natureza. Fomos convidados para fazermos parte deste planeta e veja o que fizemos e continuamos fazendo com ele?
A mãe natureza está desenhando para nós o tempo todo que somos indesejáveis. Não correspondemos a expectativa depositada em nós.
Mas sejamos honestos pelo menos com nós mesmos, vocês já ouviram falar de um grupo de elefantes que devastou uma mata por onde passava? Já ouviram falar de leões que exterminaram outras raças animas? Já ouviram falar de peixes que contaminaram rios ou mares? Ou até mesmo de aves que sobrevoando os céus, poluíram de tal forma que ficou impossível voar?
Estamos sempre fazendo o mal em nome do bem. Com nossa imensa inteligência, estamos destruindo com requinte de crueldade, todo este universo, chamado Terra.
O homem branco se queixa dos seus próprios irmãos, o negro se queixa do branco e o índio se queixa dos dois. Na verdade um não dá a mínima para o outro. Vivem numa eterna luta. Lutam por uma terra que não são suas, por mares que não lhes foram dados e por direitos que não os têm.
Infelizmente, nós humanos, não temos nada de bom para oferecer ao Planeta Terra. Tudo que temos foi tomado da natureza. Fomos convidados para fazermos parte deste planeta e veja o que fizemos e continuamos fazendo com ele?
A mãe natureza está desenhando para nós o tempo todo que somos indesejáveis. Não correspondemos a expectativa depositada em nós.
Quando aqui chegamos, já existia as árvores, os rios, os mares, os bichos e o céu. Nem meus pais, avós ou tatatataravós fizeram nada disso. Então pergunto a você visitante mal educado: O que você criou na natureza?Que direito tem você de maltratá-la e exterminá-la?
Acredito que encare a natureza como um ente (querido), o qual você bate, espanca e até mata; achando-se ainda certo e se dizendo INOCENTE.
Acredito que encare a natureza como um ente (querido), o qual você bate, espanca e até mata; achando-se ainda certo e se dizendo INOCENTE.
A mãe natureza já nos deu chance demais, agora ela tá falando em alto e bom tom que nós somos um Mal desnecessário para este planeta.
A natureza ainda apesar de ser pisada literalmente por nós; ainda nos dá frutos de suas árvores, nos dá peixes de seus rios e mares e nos dá seus filhos animais para saciarmos nossa fome e nossa sede de poder.
Estou aqui, pedindo aos governantes, um pouco de piedade. Que parem de castigar quem vos alimenta.
Estou aqui, pedindo aos governantes, um pouco de piedade. Que parem de castigar quem vos alimenta.
Quando enfim a mão do criador, cair empiedosamente sobre nós será tarde demais.
Mas Deus é tão misericordioso com nós que prefere que a própria natureza retome o que é seu, deixando assim, quem sabe, a certeza para nós de que apenas fomos convidados e que na verdade somos um mal desnecessário em qualquer sistema solar.
Myrian Stanchi
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Um formigueiro global
Leandro Narloch
As formigas argentinas se espalham por todos os continentes e, cooperando entre si, marcham para dominar o planeta
Embora
pequeninas, as formigas da espécie Linepithema
humile, conhecidas como formigas argentinas, destroem plantações, atacam
borboletas e besouros e reduzem a quantidade de pólen das flores de árvores
frutíferas ao passear sobre suas pétalas. Na semana passada, cientistas fizeram
uma descoberta notável sobre essa espécie. Seus imensos contingentes espalhados
em regiões da Europa, dos Estados Unidos e do Japão (veja o quadro) formam na verdade uma única imensa
colônia. Segundo o estudo, realizado pela Universidade de Tóquio, essa
supercolônia seria a maior já registrada entre todos os tipos de insetos. A
invasão das formigas argentinas começou no século XIX, quando grupos delas
cruzaram os ocea-nos como clandestinas a bordo de navios mercantes. Mesmo um punhado
de formigas operárias, acompanhadas da rainha, é capaz de dar início a
sociedades com milhões de formigueiros.
Os
cientistas japoneses chegaram à conclusão sobre o parentesco entre as formigas
dos três continentes ao descobrir a semelhança entre o cheiro que elas exalam.
Por meio do cheiro, as formigas identificam suas colegas da mesma colônia e
detectam as intrusas, que são atacadas e eliminadas. Na América do Sul, as
formigas argentinas de colônias diferentes costumam competir entre si e atacar
umas às outras. A pesquisa japonesa descobriu que, nas três regiões
pesquisadas, as formigas de colônias diferentes, mesmo as situa-das a milhares
de quilômetros de distância, não se identificam como inimigas. Isso significa
que pertencem não apenas à mesma espécie – mas à mesma colônia.
O
estudo teve início quando se juntaram espécimes das três regiões numa pequena
arena e eles se mostraram amigáveis, esfregando as antenas. Os cientistas
acreditam que a origem dessa camaradagem está no fato de as formigas das regiões
pesquisadas terem origem num grupo muito pequeno de insetos e, portanto, serem
geneticamente parecidas, o que não acontece com os espécimes que vivem na
América do Sul. "A enorme extensão dessa população de formigas só encontra
paralelo na sociedade dos seres humanos", escreveram os pesquisadores no
jornal científicoInsectes Sociaux, no qual o estudo foi publicado. Como
as colônias de formigas argentinas fora da América do Sul não competem entre
si, elas formam um superexército que ataca e chega a causar a extinção de
outras espécies de formigas, como já aconteceu na Califórnia, no Havaí, na
África do Sul e até mesmo na longínqua Ilha de Páscoa. As formigas vivem em
todos os continentes, à exceção da Antártica. Em algumas regiões tropicais elas
são tão numerosas que, se todos os animais locais fossem pesados em balança,
responderiam por um quarto do peso total obtido. A descoberta da grande colônia
mundial de formigas argentinas adiciona um curioso capítulo ao perfil desses
fascinantes insetos.
Alex Wild Photography
Mata Atlântica perdeu 312 km² de 2008 a 2010, diz Inpe
São Paulo (2011)
A Mata Atlântica perdeu 31.195 hectares com desflorestamento entre 2008 e 2010, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Fundação SOS Mata Atlântica. A área desmatada soma 311,95 quilômetros quadrados, o equivalente quase ao tamanho de Belo Horizonte (330 quilômetros quadrados). Segundo o levantamento, esse resultado apresenta uma diminuição de 55% na taxa média anual de desmatamento, comparado com o período anterior analisado, de 2005 a 2008.
A Mata Atlântica perdeu 31.195 hectares com desflorestamento entre 2008 e 2010, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Fundação SOS Mata Atlântica. A área desmatada soma 311,95 quilômetros quadrados, o equivalente quase ao tamanho de Belo Horizonte (330 quilômetros quadrados). Segundo o levantamento, esse resultado apresenta uma diminuição de 55% na taxa média anual de desmatamento, comparado com o período anterior analisado, de 2005 a 2008.
De acordo com Márcia Hirota, diretora
de gestão do conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do
levantamento, a diminuição no ritmo do desmate pode ser explicado pelo avanço
da legislação, com a lei L1.428, homologada em 2008, que define o conceito e a
incidência de Mata Atlântica e regulamenta sua exploração. "A queda também
pode ser atribuída ao trabalho dos órgãos de fiscalização e pela maior
consciência da população", disse ela.
O Estado que mais sofreu com o
desmatamento da Mata Atlântica foi Minas Gerais, que perdeu 12.467 hectares no
período de 2008 a 2010, o equivalente a 39,9% do total. Em seguida estão a
Bahia, com 7.725 hectares, Santa Catarina, com 3.701 hectares, e o Paraná, com
3.248 hectares.
Na avaliação de Márcia Hirota, a ação
das motosserras nos Estados de Minas Gerais e Bahia pode ser explicada pela
derrubada da mata para a produção de carvão, seguida pelo plantio de eucalipto.
Além disso, a região afetada pelo desmatamento nesses Estados fica no limite
com outros biomas, como o cerrado e a caatinga, o que flexibiliza a aplicação
da lei de exploração.
No ranking dos municípios com maior
índice de desmatamento estão Ponto dos Volantes, Jequitinhonha e Pedra Azul,
todos em Minas Gerais. Em seguida aparece Andaraí, na Bahia. A cidade paulista
com maior incidência de desmatamento foi Bertioga, na Baixada Santista, por
conta da expansão imobiliária da Riviera de São Lourenço, segundo explicou
Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica.
Ele destacou a perda de 800 hectares
de mangue no município de Ipojuca, em Pernambuco, em razão das obras do Porto
de Suape, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O levantamento sobre a Mata
Atlântica foi feito a partir da comparação
de imagens de satélites do INPE e pelo trabalho de campo dos pesquisadores, que
avaliam as causas do desmatamento no local. A pesquisa não detecta o chamado
"desmatamento formiga" (áreas menores que três hectares). "Isso
nos leva a crer que a pesquisa subestima o desmatamento", disse Márcia.
O levantamento foi feito em 16 dos 17
Estados que possuem Mata Atlântica no Brasil. Eles estão situados na faixa
leste do País, do Ceará ao Rio Grande do Sul. A pesquisa não fez o mapeamento
no Piauí porque faltam critérios técnicos para definir a incidência dos biomas
na região. Hoje, no Brasil, restam apenas 11,62% da cobertura original de Mata
Atlântica.
Fonte: Agência Estado
Valores da conservação
A atribuição de valor aos serviços
ecológicos é um fator importante para incentivar a preservação da natureza e da
biodiversidade. Mas não é suficiente: as dimensões econômicas por si só não
garantem a conservação se não forem agregadas a fatores não-econômicos que
envolvem valores históricos, culturais e até mesmo estéticos.
A conclusão é de uma análise sobre a
valoração econômica e os instrumentos para a conservação e uso sustentável da
biodiversidade coordenada por Luciano Verdade, professor da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
Verdade, que é membro da coordenação do
Programa Biota-FAPESP, apresentou os resultados do estudo durante a conferência
internacional Getting Post 2010 – Biodiversity Targets Right, realizada em
dezembro pelo Programa Biota-FAPESP, pela Academia Brasileira de Ciências (ABC)
e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O professor coordena o Projeto Temático Mudanças socioambientais no
Estado de São Paulo e perspectivas para a conservação, financiado
pela FAPESP.
A reflexão sobre valoração econômica e
conservação da biodiversidade foi feita a partir de uma análise das mudanças
socioambientais ocorridas na região de Angatuba (SP), município situado a cerca
de 210 quilômetros a oeste da capital paulista.
“A análise das mudanças ao longo do
tempo mostrou que a configuração que encontramos hoje na região estudada tem
uma base mais histórica que propriamente geográfica biológica. As
transformações econômicas no decorrer do processo histórico foram o motor das
mudanças nos processos ecológicos e agrícolas. Ao mesmo tempo, o estudo indica
que a atividade econômica – às vezes vista como uma panaceia para combater a
perda da biodiversidade – pode ser também a causa dessa perda”, disse Verdade.
A localidade de Angatuba foi elevada à
categoria de município no ano de 1885. Entre 1889 e 1929, a população rural era
predominante na área onde foi realizado o estudo. Havia pelo menos 30 famílias
instaladas na zona rural.
“Era uma região com concentração de
poder político, de onde saíram senadores e governadores naquela época. Na área
de educação, havia ali um esforço maior que em outras cidades do mesmo porte.
Em função desse desenvolvimento, houve um grande desmatamento, com a introdução
de culturas de café, feijão, milho e frutas. Havia uma pressão de caça
significativa e intensa extração de madeira. Naquele período, a população
escrava foi substituída por imigrantes”, disse Verdade.
Com a crise financeira de 1929, a
cultura de café foi subitamente abandonada, acarretando a recuperação da
vegetação nativa. A depressão econômica causou um êxodo rural – os descendentes
de escravos não permaneceram na região –, perda do poder político e retração
dos esforços educacionais.
“Entre 1930 e 1975, houve um
considerável processo de revegetação nativa – área de transição entre Cerrado e
floresta semidecídua – e uma diminuição sensível da pressão de caça”, disse.
Entre 1975 e 2005, a população rural da
área estudada passou por outra retração: restaram apenas cerca de dez famílias.
“Mas o desmatamento da vegetação nativa voltou a aumentar, com o avanço dos
pastos e da pecuária. Algumas árvores permaneceram no meio dos pastos,
modificando a composição da paisagem. A pressão de caça voltou a ser
significativa”, disse o pesquisador.
Em 2005, com a chegada da silvicultura,
a população diminuiu ainda mais. Restaram duas ou três famílias. A legislação
ambiental garantiu a implementação de áreas de preservação permanente (APP) e
da reserva legal (RL).
“Graças a isso, está ocorrendo um novo
processo de revegetação nativa e a pressão de caça voltou a diminuir. O esforço
educacional do começo do século 20 também retornou, na forma de um esforço
científico, com o nosso Projeto Temático e outras ações de pesquisa. Hoje,
encontramos uma paisagem ainda mais modificada pelo advento da silvicultura,
com eucaliptos no meio dos campos, por exemplo”, afirmou.
O caso de Angatuba, segundo Verdade,
ilustra os processos que ocorreram de maneira geral em todo o Estado de São
Paulo. “As mudanças ocorridas no estado se devem a transformações econômicas ao
longo do processo histórico – e não tanto a transformações biológicas. As
atividades econômicas vêm movendo os processos ecológicos e agrícolas”, disse.
Perspectivas econômicas
Perspectivas econômicas
A biologia da conservação passou por
diferentes momentos desde sua origem na década de 1970, a partir da obra do
biólogo norte-americano Michael Soulé, que hoje atua na Universidade da
Califórnia em Santa Cruz, Estados Unidos. No início, a preocupação estava
voltada principalmente para as populações pequenas, submetidas ao risco de
extinção.
“A partir disso, houve o desenvolvimento
de outras disciplinas ligadas á conservação biológica, incluindo a Ecologia da
Paisagem e a medicina da Conservação. Em um dado momento, passou-se também a
pensar nas dimensões econômicas ligadas aos processos de conservação de
biodiversidade. Nesse sentido, Robert Costanza, da Portland State University,
dos Estados Unidos, destaca que o “investimento na conservação sempre implica
em custos”, disse Verdade.
Outra corrente, liderada pelo
australiano Graeme Caughley (1937-1994), prega que são os processos
demográficos de declínio populacional, envolvendo taxas de natalidade e de
mortalidade, que empurram as populações para as extinções. A extinção,
portanto, não seria apenas um problema de populações pequenas.
“Nessa perspectiva, há poucas
alternativas em termos de conservação. Em um primeiro momento, podemos tentar
aumentar o número de indivíduos de uma espécie que sofreu declínio populacional
indevido. Nesse sentido, pode-se considerar a conservação como uma prática de
manejo de espécies ameaçadas”, explicou.
Outras práticas possíveis são o
controle de populações que tenham crescido indevidamente, ou o manejo para se
alcançar o máximo rendimento sustentável de populações com valor econômico para
caça, pesca ou coleta.
“Mas a motivação econômica para o manejo
ocorre especialmente em duas categorias de populações: as ‘pragas’ e as
espécies com valor econômico. As espécies consideradas ‘pragas’, são algumas
dezenas. As de valor econômico – assim como as espécies ameaçadas – são
contadas às centenas. A maior parte das espécies – alguns milhões delas – não
se encaixam, no entanto, em nenhuma dessas categorias”, disse o professor da
Esalq.
Quando se trata de controle na
perspectiva da dimensão econômica, o objetivo é promover a extinção da espécie
em questão. “Mas raramente temos sucesso com isso. Estudos mostram, por
exemplo, que fêmeas de coiotes de populações sob alta pressão de caça ovulam
mais que fêmeas de populações não caçadas. Exceto em relação a alguns grandes
mamíferos, predominam exemplos de fracasso no manejo visando ao controle. Nunca
vamos extinguir as baratas, por exemplo”, afirmou.
Quanto à exploração econômica das
espécies, Verdade conta que os fatores culturais têm um papel que nem sempre é
levado em conta. “No Brasil, por exemplo, somos muito conservadores em relação
à pesca e muito liberais em relação à pesca. Na caça não se pode nada, com
algumas exceções. E na pesca, pode-se tudo, com algumas exceções”, disse.
A visão da sociedade em relação à
caça/pesca esportiva, segundo o cientista, é muito mais negativa que em relação
à caça/pesca comercial. Mas a caça esportiva traria consigo um componente
cultural, não econômico: o caçador quer perpetuar o animal para poder caçar
sempre.
“O aspecto cultural assegura que o
objetivo da atividade em si seja não econômico, o que permite sua perpetuação.
A lógica econômica da caça comercial, por outro lado, tem como objetivo a
exaustão de uma espécie e, em seguida, a busca de outra espécie até sua
exaustão e assim sucessivamente. No entanto, ela é mais tolerada que a caça
esportiva”, disse o membro da coordenação do Biota-FAPESP.
Desenvolvimento de mão dupla
Desenvolvimento de mão dupla
A agricultura tem um impacto muito
maior do que a caça na alteração do ambiente. A atividade agrícola traz
benefícios inegáveis, de acordo com ele, permitindo o acúmulo de alimento. Mas
traz também problemas ambientais.
“Justamente por ter permitido o
adensamento populacional urbano, a atividade agrícola tem um custo ambiental
altíssimo, gerando poluição e doenças. A agricultura gera riqueza e podemos
dizer que ela viabilizou a civilização. Até mesmo as guerras só passaram a
existir graças a ela, porque os exércitos só podiam se locomover se tivessem
comida acumulada. Antes da agricultura só havia guerrilha”, disse Verdade.
Fenômeno ligado à economia, o
desenvolvimento, de modo geral, traz consigo dois custos ambientais
significativos: o aumento do consumo de energia e a destruição do habitat de
certas espécies. Essa destruição do habitat teria extinguindo mais espécies que
a própria caça.
“O processo de desenvolvimento leva a
uma situação peculiar: quando a vontade individual se sobrepõe à vontade
coletiva, normalmente se opta pelo benefício individual, o que leva ao colapso
do sistema. Se não houver certa regulamentação, não se pode pensar na
manutenção da funcionalidade do sistema. Para a coletividade brasileira, por
exemplo, seria mais interessante manter um Código Florestal mais conservador.
Mas, para setores individuais, o benefício vem com a relativização do código”,
afirmou.
Nesse contexto a solução pode estar na
valoração da economia dos serviços de ecossistemas – como a água e os polinizadores,
por exemplo. “Mas esse processo de valoração tem limitações e requer avanços
tecnológicos. As regulações exigem fiscalização. E os preços de mercado são
flutuantes, o que dificulta a tarefa”, disse Verdade.
Para o cientista, o estudo do caso de
Angatuba, colocado em perspectiva histórica da biologia da conservação, sugere
que a atribuição de valor econômico não basta para preservar os recursos
naturais. Segundo ele, há valores econômicos envolvidos – valores históricos,
culturais e estéticos – que não podem ser negligenciados.
“O mercado varia, os preços caem e as
crises acontecem. Há possibilidade de agregar valores à conservação da
biodiversidade, de forma que o processo evolutivo seja mantido da melhor
maneira possível. Nesse aspecto, as dimensões econômicas podem ser
interessantes. Mas, se não agregarem valores não-econômicos, serão incapazes de
garantir por si só a conservação da biodiversidade”, disse.
Mata Atlântica terá 320 pontos estudados em 2012.
A partir
desse mês, a Mata Atlântica fluminense vai passar por um raio X. Durante todo
o ano, cinco equipes formadas por cinco especialistas da Secretaria Estadual do
Ambiente farão o inventário da biodiversidade de 320 pontos da floresta em todo
o Estado. Segundo a superintendente de Biodiversidade e Florestas da
secretaria, Alba Simon, o objetivo é determinar a situação real da Mata Atlântica
para que possam ser implantadas políticas públicas mais efetivas de conservação
da floresta.
Fonte:
“Vamos
fazer a coleta do solo, da vegetação, a contagem de carbono no local e
perguntar às comunidades próximas a esses pontos qual o uso pessoal e econômico
que elas fazem dos recursos naturais da floresta, se usam a madeira para
combustível, se usam ervas para a saúde. A conclusão do inventário nos dirá em
que situação se encontra a Mata Atlântica”, disse Alba, ao explicar a pesquisa,
que terá apoio de especialistas da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro.
O material
coletado do solo será enviado à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) para análise e o da vegetação, para o Jardim Botânico. De acordo com
Alba, os estudos mais atuais indicam que a Mata Atlântica tem hoje entre 21% e
27% de cobertura florestal. No entanto, são estudos feitos com base em imagens
de satélite, o que dificulta estabelecer com precisão o estado da floresta.
“Nunca
pisamos no solo para ver o que são esses 27%, se são um bando de jaqueiras, por
exemplo. Queremos crer que não, pois são fragmentos florestais, mesmo assim,
precisamos saber o que estamos preservando nas unidades de conservação”, disse
ela.
A pesquisa
dará prioridade às áreas de unidades de conservação e lugares onde estão
programados licenciamentos para empreendimentos de grande porte. A
superintendente de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Ambiente lembrou
que existem no estado do Rio empreendimentos com grande impacto ambiental
previsto para os próximos anos e disse que, com o estudo, será possível haver
mais rigor no licenciamento.
“Na Bacia
de São João, por exemplo, há vários projetos de grande impacto e, por isso,
vamos correr e conhecer primeiro, antes de licenciar. Se o inventário tivesse
sido feito antes do Comperj [Complexo Petroquímico da Petrobras], não haveria
toda essa gritaria agora”, disse ela, ressaltando os impactos socioeconômicos e
ambientais em Itaboraí com a implantação do Comperj, contestada por
ambientalistas e moradores da região.
“Este é o
marco zero de uma política séria para a conservação da biodiversidade no estado
do Rio de Janeiro”, completou Alba Simon.
O estudo
do Rio será o segundo inventário feito no país – o primeiro foi em Santa
Catarina. A ideia é que os 15 estados que compõem a Mata Atlântica mapeiem suas
florestas para criar um inventário nacional, coordenado pelo Ministério do Meio
Ambiente. O projeto custará cerca de R$ 5 milhões, com recursos do Fundo
Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano e do Fundo da Mata
Atlântica. A meta do ministério é realizar o inventário a cada cinco anos.
A
pesquisadora disse que espera com o inventário revelar um retrato fiel e cruel
da Mata Atlântica, com base nos resultados de Santa Catarina. “A mata está
muito rala, fragmentada, sem continuidade. O resultado foi muito ruim com
relação à quantidade, qualidade, biodiversidade. Encontram mais espécies em
extinção do que previam”, destacou.
Se os
resultados do inventário do Rio forem similares aos de Santa Catarina, Alba
defende que se tripliquem os investimentos em conservação, restauração e
reflorestamento. “A biodiversidade é a espinha dorsal dos outros serviços. Sem
serviço ambiental não temos nada mais”.
No dia 27
de maio de 2012, data comemorativa da Mata Atlântica, será divulgada uma prévia
do censo da floresta. (Fonte: Flávia Villela/ Agência
Brasil)
Área de Mata Atlântica existente no Rio de Janeiro será mapeada em 2012
Em janeiro, o governo
do Rio de Janeiro deve iniciar o censo da Mata Atlântica, que vai verificar a
quantidade e a qualidade das florestas existentes no estado, além de contribuir
para formulação de políticas públicas voltadas à preservação ambiental.
O levantamento,
que deve durar oito meses, analisará regiões de mata nativa ou reflorestadas do
Rio, mapeará as espécies predominantes, os problemas existentes nas áreas
preservadas e também vai reunir informações para o Inventário Florestal
Nacional, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e que reunirá dados dos
biomas do país. O investimento estimado é de R$ 5 milhões.
De acordo com
Alba Simon, superintendente de Biodiversidade e Florestas da Secretaria
Estadual do Ambiente (SEA), serão colhidas amostras de 320 pontos do estado
para análise do solo e das espécies de plantas existentes.
Também será
realizado um inventário de carbono, ou seja, será possível estimar quanto está
armazenado de CO2 no solo onde estão as árvores. “De todo o território do estado,
27% é de cobertura florestal. Agora, vamos colocar uma lupa e realizar um
retrato real, talvez cruel, da biodiversidade”, afirma Alba.
Pressão econômica – A superintendente cita que as florestas têm sofrido uma
forte pressão devido ao desenvolvimento econômico do estado e que há
necessidade de criar maneiras de evitar o avanço de licenças de instalação de
novos empreendimentos industriais sobre áreas de preservação.
“Estamos
licenciando muitos empreendimentos de alto impacto. Isso significa mais pressão
sobre os fragmentos florestais. Precisamos saber a situação da vegetação em
áreas, por exemplo, que estão próximas à construção de novos portos ou de
complexos petroquímicos”, explica.
De acordo com
estudo divulgado em setembro pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan), entre 2011 e 2013 o estado vai receber investimentos privados
que somarão R$ 181,4 bilhões. O montante dividido por cada quilômetro quadrado
do estado (43,7 mil km², segundo o IBGE) equivale a R$ 4 milhões.
Combate a crimes ambientais – De acordo com Alba, as unidades de conservação e
parques também serão monitorados. Para isso, imagens de satélite serão
analisadas nos próximos seis meses para detectar possíveis infrações.
“Queremos
verificar se existe a necessidade de criação de novas áreas de preservação ou
mesmo se será preciso modificar as categorias de conservação já existentes”,
disse.
Também será
realizado um questionário com famílias que moram dentro dessas regiões ou nas
proximidades e que utilizam os recursos naturais. “Queremos saber a percepção
dessas pessoas em relação à água e à floresta. Elas responderão como as
espécies nativas contribuem na renda familiar”, disse Telmo Borges, coordenador
do inventário florestal no estado. (Fonte: Eduardo Carvalho/ Globo Natureza)
Formigas em combate tomam decisões democraticamente
Não é raro achar elogios à sociedade das formigas nos textos de ideólogos humanos que simpatizam com o autoritarismo. Esses sujeitos não poderiam estar mais enganados, diz Mark Moffett.
“De fato, as formigas mostram devoção inquestionável à sua sociedade, mas isso é muito diferente da devoção a um líder político ou a uma hierarquia”, explica o pesquisador americano.
“Não existe ninguém controlando as vidas delas”, diz Moffett. Nos combates, não há “oficiais” dando ordens. Cada formiga que encontra um inimigo deixa um rastro de feromônios (odores especiais que funcionam como sinalizadores químicos).
Votando com o cheiro – O aroma recruta outras “soldadas” para a pancadaria, as quais também liberam seus próprios feromônios.
Quanto mais formigas reforçarem o rastro, mais forte será o sinal de alarme enviado para o formigueiro.
Da mesma forma, assim como entre os britânicos, a rainha reina, mas não governa, lembra Moffett. Ela é apenas a reprodutora oficial (as operárias, de todos os tipos, costumam ser estéreis).
Moffett diz que andou por todos os países da América do Sul (além dos demais continentes) em busca dos insetos. Ele não tem uma formiga brasileira favorita.
“Seria impossível escolher uma só. A melhor coisa no Brasil é a diversidade de formigas, que é maior do que em qualquer outro lugar do mundo”, diz.
A próxima parada do pesquisador, na semana que vem, é a Etiópia. “Vou escalar árvores nos últimos fragmentos de floresta que restam por lá, localizados em torno de igrejas”, conta. (Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha.com)
Votando com o cheiro – O aroma recruta outras “soldadas” para a pancadaria, as quais também liberam seus próprios feromônios.
Quanto mais formigas reforçarem o rastro, mais forte será o sinal de alarme enviado para o formigueiro.
Da mesma forma, assim como entre os britânicos, a rainha reina, mas não governa, lembra Moffett. Ela é apenas a reprodutora oficial (as operárias, de todos os tipos, costumam ser estéreis).
Moffett diz que andou por todos os países da América do Sul (além dos demais continentes) em busca dos insetos. Ele não tem uma formiga brasileira favorita.
“Seria impossível escolher uma só. A melhor coisa no Brasil é a diversidade de formigas, que é maior do que em qualquer outro lugar do mundo”, diz.
A próxima parada do pesquisador, na semana que vem, é a Etiópia. “Vou escalar árvores nos últimos fragmentos de floresta que restam por lá, localizados em torno de igrejas”, conta. (Fonte: Reinaldo José Lopes/ Folha.com)
Vice Prefeito se reúne com moradores da Ilha do Governador para falar sobre a Vila Olímpica do bairro
Na última quinta-feira do ano o Vice Prefeito e também Secretário Municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz se reuniu com moradores da Ilha do Governador para falar sobre o projeto da Vila Olímpica dentro da APARU do Jequiá.
Um grupo de moradores contrário a construção da vila olímpica dentro da área protegida compareceu com camisetas e faixa para o debate a respeito do projeto e de sua localização. O grupo fez questão de afirmar que não é contra sua construção e sim quanto a sua localização, segundo eles, existem outras áreas do bairro que precisam de maiores atenções do que aquela em que está no projeto além dessa está localizada dentro de uma área de proteção muito sensível aos impactos que serão apresentados.
O Vice Prefeito apresentou modificações no projeto original orçado em R$ 19.153.656,61, que pretendia inicialmente ocupar uma área de 26.817m², sendo 17.547m² de área
construída, no novo projeto apresentado a comunidade ocupa uma área menos, foi modificado para diminuir o “impacto” e pretende
ocupar uma área de 17mil m², desses 3.500 m² de área construída dentro da APARU do Jequiá.
Em nenhum momento o secretário Muniz cogitou a mudança de local, muito pelo contrário, segundo ele "será ali porque foi ali que foi escolhido e pronto", no entanto as modificações foram adequadas à localização e ainda será utilizado material especial, árvores de mangues serão plantadas e o Rio Jequiá será tratado pela RioÁguas.
Foi sugerida a criação de um Grupo de Trabalho para estudar o projeto, seus impactos e possíveis modificações no projeto apresentado. Os nomes dos integrantes irão representar o grupo contrário será apresentado ao sub prefeito Victor Accioly para que este monte o GT.
Independentemente da posição da prefeitura o grupo contrário à Vila Olímpica na APARU vai continuar agindo recolhendo assinatura e via Ministério Público e quem tiver interesse em se juntar ao grupo e conhecer as opiniões e ajudar, entre no grupo criado no Facebook "Diga não à Vila Olímpica na APARU do Jequiá".
domingo, 1 de janeiro de 2012
Afogamento no mar é pior que em água doce, dizem especialistas
A chegada do verão e o aumento de calor elevam o número de casos de afogamento no Brasil, especialmente no litoral. Segundo especialistas, esse risco é ainda maior quando o banhista está no oceano, já que uma quantidade menor de água salgada pode causar o mesmo estrago que um volume maior aspirado em rios e lagos.
O afogamento ocorre quando o organismo transporta muita água doce ou do mar para os órgãos usados na respiração: traqueia, brônquios e, principalmente, pulmões. Em casos menos graves, pode acontecer o “quase afogamento”: a pessoa também recebe uma grande quantidade de líquido estranho ao corpo, mas não chega a perder a consciência.
Quando a água se deposita dentro dos pulmões, a troca de gases que o órgão faz para garantir a chegada de oxigênio às células fica prejudicada. “Os pulmões têm uma área de 80 metros quadrados para a respiração. Quando alguém se afoga, uma parte significativa desse espaço é comprometida”, explica o pneumologista Lúcio Souza dos Santos, que atende na emergência do hospital paulista A.C. Camargo.
A gravidade do afogamento depende de quanto tempo o indivíduo passou com água em excesso nos pulmões. Mas o volume de líquido também é importante, e costuma ser maior quando a vítima está no mar. “A água salgada tem muito sódio, que entra nos alvéolos pulmonares e atrai uma grande quantidade do líquido que fica entre as células [material intersticial]”, diz o especialista.
Mergulhos perigosos – Os médicos recomendam que as pessoas saibam a profundidade do lugar onde estão entrando para nadar. “É preciso entrar aos poucos na água quando não se conhece o local, e jamais mergulhar de cabeça”, aponta Santos. “Se você bebeu ou tomou algum remédio ou substância que prejudique sua consciência, também deve ficar longe da água”, completa.
Evitar nadar em águas muito profundas em rios e mares é outra indicação importante. “É sempre bom ficar em um lugar em que você possa ficar de pé e não precise ficar nadando para não afundar”, afirma o pneumologista.
Já o ortopedista Alexandre Fogaça, do Hospital das Clínicas de São Paulo, lembra que brincadeiras perto de piscinas são tão perigosas quanto a imprudência ao mergulhar. “Fora o risco de afogamento, se um acidente acontecer a pessoa pode bater as costas no fundo da piscina e ficar paraplégica”, diz. Segundo ele, os mergulhos representam a quarta principal causa de lesão na medula.
O que fazer – O primeiro passo ao notar que alguém está se afogando é tentar manter a calma e buscar ajuda. “Se você estiver no mar, tente avisar alguém”, sugere Santos. “E apenas tente salvar a vítima de dentro da água se você aguentar o peso dela. Caso contrário, podem ser duas pessoas se afogando”, alerta.
Ao retirar o acidentado da água, é preciso prestar atenção nos sinais vitais. “Se o indivíduo estiver roxo, é preciso fazer massagem cardíaca”, destaca. “Para casos em que você consiga sentir o pulso dele no pescoço ou na virilha, é possível tentar tirar a água acumulada nos pulmões.”
Para remover o excesso de água, a vítima deve ser deitada com a barriga para baixo e a cabeça de lado. “Nessa posição, quem estiver ajudando pode comprimir as costas, começando perto do quadril e subindo até o tórax”, diz o pneumologista. O procedimento deve ser repetido até que a pessoa tussa e libere a água retida no organismo.
(Fonte: Mário Barra/ G1)
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