quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eduardo Paes é contra Terminal Pesqueiro na Ilha do Governador

O Movimento Terminal Pesqueiro na Ilha, NÃO começa a ganhar espaço nas grandes mídias.. e o desejo equivocado do Ministério de Pesca em implantar esse entreposto na Ilha do Governador está a cada dia mais distante de conseguir o apoio da população do nosso bairro.

Na última semana ganhamos um aliado de peso: o Prefeito Eduardo Paes.

Convocamos toda imprensa e as resposta estão surgindo.

O Globo Ilha marcou entrevista para próxima sexta-feira (30.04) às 12h em frente à Casa do Índio. A reportagem de capa com mais duas páginas deverá ser publicada no próximo domingo (02.05) e o JB online publicou ontem uma reportagem sobre o apoio do Paes ao nosso Movimento.

Abaixo segue na íntegra a reportagem do JB online.

"Paes é contra terminal de pesca
Flávio Dilascio, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - A queda de braço travada entre a Infraero e o Ministério da Pesca pela construção do Terminal Pesqueiro Público (TPP) da Ribeira, na Ilha do Governador, acaba de ganhar um novo capítulo. Em resposta a um pedido do movimento S.O.S Ribeira (de moradores contrários à obra), o prefeito Eduardo Paes afirmou que o “terminal não será autorizado em qualquer hipótese”. O final da história será decidido pelo governo do estado, responsável pelo licenciamento da obra. Contudo, a insatisfação do prefeito pode pesar na decisão.

Segundo assessores de Paes, a contrariedade do prefeito já teria sido repassada aos secretários municipais de Urbanismo, Sérgio Dias, e do Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz. Mas apesar da resistência, sobretudo dos moradores da Ilha, o Ministério da Pesca já apresentou pedido de licenciamento da obra no Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
O documento está em fase de análise. Por isso, o instituto não quis se manifestar. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente também não quis comentar a polêmica.

Riscos para a aviação
A coordenação de meio ambiente da regional Rio da Infraero alega que, por causa da proximidade com o aeroporto Tom Jobim, a construção desrespeitaria uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que que proíbe a manipulação de peixes – atrativos de pássaros – em um raio de até 20 quilômetros de um aeroporto.
Já os moradores da Ribeira, e de outros bairros da Ilha, alegam que a região não tem estrutura para receber um fluxo diário de 10 mil trabalhadores, o que, segundo eles, provocaria complicações no trânsito, degradação ambiental e o fim da tranquilidade no bairro.

Projeto em andamento
Superintendente federal do Ministério da Pesca e Aquicultura para o Rio, Jayme Tavares, diz que só tomará uma posição oficial depois que receber um comunicado da prefeitura sinalizando a insatisfação com a proposta. Até lá, o projeto do terminal pesqueiro no bairro continuará sendo tocado.
– Não tenho conhecimento da insatisfação do prefeito. Enquanto isto, vamos seguindo o nosso curso, tentando não criar mais ebulição.

Moradores da Ilha vão recorrer à Assembleia Legislativa do Rio
Apesar da contrariedade do prefeito Eduardo Paes à construção de um terminal pesqueiro na Ilha do Governador, moradores do bairro estão receosos com o futuro do bairro. No próximo dia 20, eles participam de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) na tentativa de convencer os parlamentares da Casa a impedirem o projeto.
– Não sossegaremos enquanto o Ministério da Pesca não desistir oficialmente da ideia do terminal – afirmou Aloísio Lemos, um dos líderes do movimento S.O.S Ribeira.
Aloísio conta que, no próximo domingo, o grupo fará um novo ato para dar mais destaque à causa. Será a terceira manifestação promovida pelo grupo, desde que os moradores resolveram se unir em torno da causa. O protesto será realizado na feira do Cocotá.
– Nosso intuito é divulgar melhor este caso para todos os moradores da Ilha, pois muitos ainda não sabem do projeto do terminal – finalizou Aloísio.

Projeto de R$ 80 milhões
De acordo com o Ministério da Pesca, a construção de um terminal pesqueiro na Ilha do Governador está orçada em R$ 80 milhões. O início da obra está previsto para julho e o prazo de conclusão é de 25 meses.
Se sair do papel, a construção ocupará uma área de cerca de 30 mil metros quadrados de uma praia em uma região do bairro conhecida como Cabaceiro.

21:14 - 27/04/2010"

terça-feira, 27 de abril de 2010

Do protesto à tortura - Relato de um jovem jornalista em Brasília

Sábado, dia 17 de Abril de 2010, foi mais um dia que entrou para a história do Distrito Federal, dentro do contexto da maior crise institucional- Política já enfrentada pela Capital desde sua fundação, 50 anos atras. Os protestos se iniciaram na sexta-feira a noite, através de uma vigília convocada pelo Movimento Fora Arruda e Toda Máfia em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na vigília houve músicas, brincadeiras como
mímica e reflexões.

O sábado começou agitado, das cerca de 30 pessoas que dormiram na vigília, às 14h da tarde o número saltou para quase 300 pessoas , uma hora antes de iniciar a seção da Câmara que elegeu o escolhido de Arruda pra Governar Interinamente o Distrito Federal até 31 de Dezembro. Estudantes, trabalhadores, cidadãos vieram de toda parte do DF protestar contra uma eleição totalmente ilegitima, que dos 24 votantes do seu colégio eleitoral, 10 parlamentares e suplentes foram flagrados na Operação Caixa de Pandora: a Eurides da Bolsa, o Geraldo Naves que saiu da Penitenciaria 4 dias antes da votação, entre outros.

Às 15h, quando iniciava-se a seção dentro da Câmara, na rua que dá acesso à CLDF manifestantes atearam fogo em pneus interditando por 10 minutos a via. Às 16h dezenas de manifestantes tentaram entrar na galeria para garantirem o ideal democrático de que na casa do povo, o povo, não pode ser impedido de entrar, ainda mais quando em nome dele, corruptos decidem. A resposta imediata da polícia militar, sobre o comando do Coronel Silva Filho (aquele que em 09 de Dezembro, a mando de Arruda, massacrou com cavalaria e muita violência 5mil cidadãos que protestavam em frente ao Palácio Buriti) foi de repressão violenta, cacetadas para todo lado, gás de pimenta, socos e pontapés. 20 pessoas ficaram feridas, 8 tiveram que ser atendidas em hospitais, 2 policias se feriram, 6 pessoas foram presas. Eu fui o segundo a ser preso.

Quando prenderam o primeiro companheiro, eu era um dos que gritavam para soltá-lo, e gritei bem forte várias vezes "Vocês têm que prender os filhos da puta que estão aí dentro votando em nosso nome". No meio do caos, muita confusão, um tenente já conhecido meu de outros protestos, olhou no meu olho enfurecido e disse que prenderia a mim. Eu disse "Prende então, não estou fazendo nada". Fui preso por desacato a autoridade.

A PM estava enfurecida, mas fui conduzido primeiro para a 2º DP, onde já encontrei rapidamente com o advogado do Movimento Fora Arruda e Toda Máfia, que me orientou a ficar em silêncio até a chegada dele na DRPI, para onde eu estava sendo transferido, pois era um direito constitucional meu. Fiquei 30 minutos na viatura, sem sofrer qualquer violência dos Policiais Militares. Chegando na DRPI, ainda sozinho, na presença apenas dos 3 policiais militares e 3 policiais civis, sentei-me no banco e aguardei, então começou a tortura moral. O policial civil agente Barcelar, que me torturou fisicamente momentos adiante, iniciou o dialogo com os policias militares dizendo que esses baderneiros deviam ser todos viados, porque ao invés de estarem em casa fudendo uma mulher, estavam nas ruas protestando, e aí seguiram-se as ofensas verbais, eu,
calado.

Num dado momento o agente Barcelar me perguntou se minha identidade
era do Distrito Federal, eu disse que era de Minas Gerais, aí, mais ofensas "O que você tá fazendo aqui seu merda? Você nem de Brasília é seu bosta e tá protestando, puta que pariu, etc". Em seguida perguntou meu nome para puxar minha ficha, eu disse "Só vou falar quando meu advogado chegar" isso foi o suficiente para dar início a tortura.

O agente Barcelar, (ex-carcereiro por mais de 15 anos, agora trabalhando no "Administrativo" ) após a minha simples frase de que estava aguardando meu advogado, deu a volta no balcão de atendimento, foi até a cadeira em que eu permanecia sentado, me pegou pela camisa me jogando com violência no chão, rasgando toda a lateral da camisa, e já iniciando uma série de murros na cabeça, chute, e me arrastando pelos cabelos junto a outro agente da polícia civil, que eu não soube identificar posteriormente porque eu estava no chão, e as duas mãos do agente Barcelar a a mão do outro agente me arrastaram pelos cabelos, pelos corredores da DRPI, até chegar na cela, onde, por estar sendo arrastado lesionei a coluna na barra de ferro do chão da cela.
O agente bateu a porta da cela e disse que eu era um merda e que iria apanhar mais.

10 minutos depois o advogado e outra estudante chegaram, de dentro da 
cela eu escutava o agente Barcelar dizer que eu tinha me jogado no chão, de lá da cela eu gritava que tinha sido espancado. Quando o advogado chegou diante da cela, lhe disse que fui espancado, o agente chegou a admitir na frente do advogado, dizendo que me puxou pelos cabelos porque eu não quis fornecer os dados que me solicitou.

Mais adiante, conforme mais pessoas chegaram, o agente passou a dizer que nada aconteceu, que eu estava com a camisa rasgada e com visíveis marcas de agressão porque me joguei no chão.

Depois, fui conduzido enjaulado em uma viatura da Polícia Civil até o Instituto Médico Legal, onde foram constatadas todas as agressões que sofri na DRPI. O mesmo agente Barcelar tomou meu depoimento e se negou a colocar no inquérito as agressões que sofri, colocando a si próprio como vitima, me acusando de ter resistido a prestar informações.
Eis o Estado de Direito, onde Parlamentares corruptos nunca vão, e quando vão, nunca permanecem presos. Eis o Estado de Direito, onde você vai preso por desacato por protestar, e quando chega sozinho na Delegacia de Polícia, é ofendido verbalmente e em seguida espancado covardemente na presença de 6 polícias.

Parabéns Brasília? 50 anos de Quê?

Diogo Ramalho é estudante de Letras Espanhol da Universidade de Brasília; membro do Movimento Fora Arruda e Toda Máfia; Coordenador executivo e editor político do Jornal O MIRACULOSO.

sábado, 24 de abril de 2010

"Escrito Erótico" - Carlos Drummond de Andrade

"Terrível é meu pensamento a teu respeito,
e ardente é o meu desejo
de apertar-te em minha mão,
numa sede de vingança incontestável pelo
que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma
e eu estava em minha cama,
quando, sorrateiramente,
te aproximaste.
Encostaste o teu corpo
sem roupa no meu corpo nu,
sem o mínimo pudor!
 
Percebendo minha
aparente indiferença,
aconchegaste-te a mim e
mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.

Eu adormeci.

Hoje quando acordei,
procurei-te numa ânsia ardente,
mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol,
provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu
durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo,
para na mesma cama te esperar.
Quando chegares,
quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar
com todas as forças de minhas mãos.

Só descansarei quando vir
sair o sangue quente do seu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti,
Pernilongo filho da puta!"

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meio Ambiente

Por: Teresinha Victorino, 2010

“O homem está constantemente agindo sobre o meio a fim de satisfazer suas necessidades e desejos. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio.”
(BEZERRA e GONÇALVES, 2007)

A visão de Meio Ambiente para diversos autores é muito distinta. Portanto, vários são os conceitos existentes. Optamos neste trabalho, usar a definição dada por Reigota, (1998), na qual o Meio Ambiente é “um lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído.”
O ser humano tem em comum com os outros seres vivos o fato de dividir o mesmo planeta. Entretanto o crescimento populacional e o declínio dos recursos naturais estão colocando a Terra sob grande tensão, (COX e MOORE, 2009).
A relação ser humano/natureza não tem sido muito harmoniosa, principalmente a partir da metade do século XIX até os dias atuais. A problemática ambiental é um dos grandes desafios que os seres humanos precisam enfrentar para se manterem vivos, assim como todas as outras espécies viventes na Terra.
O conhecimento técnico-científico adquirido nos últimos séculos pelo ser humano não foi capaz de suprimir a miséria em que se encontra grande parcela da população da Terra e muito menos o processo de devastação ambiental, esse sem precedentes na história, (GONÇALVES, 2002).
A devastação ambiental é uma grave ameaça aos sistemas de suporte à vida. Os ecossistemas, fornecedores de inúmeros benefícios, os quais são responsáveis pela viabilidade da vida de todos os seres e sistemas, seriam afetados. Eles, além de regularem o clima e os ciclos das águas e das doenças, oferecem serviços de provisão de água, alimentos, combustíveis e recursos genéticos, bem como serviços de suporte na formação dos solos e dos ciclos de nutrientes vitais à produção de alimentos, além de “serviços culturais, como referências para valores espirituais e religiosos, estéticos e educacionais, lazer e turismo”. O bem-estar e a felicidade humanos seriam afetados por esses problemas, pois a relação entre a saúde e meio ambiente é muito estreita. A saúde humana está relacionada com a saúde dos ecossistemas, existe uma relação entre os serviços de ecossistemas e bem-estar humano, (FREITAS e PORTO, 2006).
Para Loureiro (2002), a degradação ambiental resulta da interação complexa de fatores da economia, da política, tecnológicos e culturais. E, a base dessa degradação está no capitalismo como modelo de sociedade. Modelo esse, que afeta grande parte da população humana ao reforçar os mecanismos de desintegração social e ambiental ao acelerar a apropriação de “bens ambientais pelos interesses privados”, (CARVALHO, 2002).
Levando-se em consideração que para a manutenção das relações dinâmicas entre as espécies de vida no planeta é necessário que haja o equilíbrio biológico, a conservação da biodiversidade é fundamental na busca pela qualidade de vida humana. Reconhecendo essa importância, o Brasil em sua Constituição Federal, artigo 225 é claro ao dizer que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.”
Segundo Gomes (2002), existem visões diferentes e opostas do significado e da interpretação das questões ambientais. Uma delas é a ecocêntrica, onde o mundo natural tem valor em si mesmo, ou seja, ele precisa ser preservado para proteger a “natureza selvagem”, intocada. A outra visão é atropocêntrica, esta reafirma a primazia do ser humano sobre o mundo natural, na qual ele usa e se beneficia da natureza em benefício próprio. A terceira visão é de uma sociedade sustentável, que aponta para a necessidade de conservar os recursos naturais e o seu uso racional e criterioso em busca da qualidade de vida.
Os efeitos da pobreza estão relacionados com determinados tipos de pressão ambiental. Os altos padrões de consumo e produção por parte da minoria da população, são responsáveis pela deterioração ininterrupta do meio ambiente, esta minoria não consegue distinguir entre o que é necessário e o que é desejo. Os mais graves problemas ambientais hoje enfrentados são de ordem econômica mundial, caracterizada pela crescente produção e consumo, esgotando e contaminando os recursos naturais e promovendo cada vez mais a distância entre ricos e os pobres, (PORTILHO, 2005). A desigualdade social é um dos piores males que a sociedade moderna criou e ela mesma sofre. O modelo de desenvolvimento econômico, social e tecnológicos e suas pressões sobre o meio ambiente alteram a qualidade e geram exposições ambientais que resultam em efeitos sobre a saúde humana, (FREITAS e PORTO, 2006).
A grande diferença entre os seres humanos e os outros seres animais da Terra é o fato dele ter consciência e religiosidade, entretanto as atividades dos animais são movidas apenas pelas necessidades, enquanto a dos seres humanos vão além disso.
Para Freitas e Porto (2006), a saúde possui além da dimensão biomédica, dimensões éticas, sociais e culturais. Fatores sociais e ambientais como emprego, condições de vida e trabalho, má distribuição de renda, qualidade e sustentabilidade do ambiente, afetam a saúde ou o bem-estar coletivo e pessoal. Para os autores, a saúde vem sendo objeto de negociação e conflito dentro da sociedade de acordo com os valores e interesses relacionados com as estruturas de poder e distribuição de recursos.
A sustentabilidade deve ser adquirida através de estilos de vida que possibilitem a compatibilização entre a proteção ambiental e o bem-estar dos seres vivos. Para Gonçalves (2002), “a ética, sobretudo, nos faz um chamamento ao sentido de responsabilidade de nossos atos.”
Segundo a UNESCO, o desenvolvimento sustentável, aqui chamado de sustentabilidade, é o objetivo mais decisivo da relação "homem-natureza". E, todo processo educativo deveria ser reformulado para alcançá-la, (SAUVÈ, 1997).
Sauvè (1997) identifica seis concepções paradigmáticas sobre o ambiente, cujas diferenças, podem ser observadas nas abordagens pedagógicas. O Ambiente como natureza, ele como recurso, como problema, como um lugar para se viver, como biosfera, como projeto comunitário, ver quadro 1 . Para a autora cada uma dessas seis concepções está no centro da representação social e, o foco pode ser enriquecido por uma outra concepção ou pela combinação dos elementos característicos de duas ou mais. Essas seis concepções são complementares entre si e “podem ser combinadas em diversos caminhos”.

Características de Meio Ambiente, conforme Sauvè, (1997).
Meio Ambiente   - Características
Como naturezaa natureza como catedral, ou como um útero, pura e original.
Como recursoherança biofísica coletiva.
Como problema - ênfase na poluição, deterioração e ameaças.
Como lugar pra viver - a natureza com os seus componentes sociais, histológicos e tecnolológicos.
Como biosferaespaço nave terra, “Gaia”, a interdependência dos seres vivos com   os inanimados. 
Como projeto comunitárioa natureza com foco na análise crítica, na participação política da comunidade.

No Brasil, Reigota (1991) é um dos autores emblemáticos por ter criado uma tipologia em que as visões de Meio Ambiente são categorizadas em três tipos, Naturalista, Antropocêntrica e Globalizante, (PEDRINI, 2008)
Segundo, Soares (2005), a visão de Reigota estabelece o conceito de ambiente como uma representação social, uma visão que evolui no tempo e que “depende do grupo social em que é utilizada. São essas representações, bem como as suas modificações ao longo do tempo que importam: são nelas que se busca intervir quando se trabalha o tema ambiente”, como pode ser verificado no quadro 2.

Tipologia de Meio Ambiente, segundo Reigota, (1991).
TipologiaDescrição do Meio Ambiente
Naturalista - Meio como sinônimo de natureza intocada, caracterizando-se tipicamente    pelos aspectos naturais.
Antropocêntrica - Meio como fonte dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano.
Globalizante - Relações recíproca entre natureza e sociedade.

Bezerra e Gonçalves (2007) citam Reigota, ao afirmarem que “é necessário conhecer as concepções das pessoas envolvidas sobre meio ambiente, pois, só assim será possível realizar atividades de educação ambiental”. E citam também, que de acordo com Sauvè, “diferentes abordagens e estratégias pedagógicas estão relacionadas às representações que os indivíduos ou grupos sociais têm de ambiente e aos objetivos e características que atribuem ao trabalho em EA.”
Já Pinheiro (2004), cita o conceito do autor Silveira, como sendo o “meio-ambiente um sistema aberto composto por outros ambientes e momentos em que o homem esteja exercendo suas atividades. A intensidade, a forma, o tipo de atividade e o perfil do praticante, são condicionantes que determinarão o nível de influências mútuas nessas interações e o reflexo na qualidade ambiental.”

“Não é possível a transformação das relações humanas na natureza, sem a mais radical transformação social.”
(LOUREIRO, 2007).

Eunice Trein, (2007) aponta para a necessidade da reflexão sobre as transformações sociais, visto estas não serem apenas possível, mas também necessárias à construção de uma nova independência entre a natureza e o trabalho humano. Para a autora, os humanos se relacionam com a natureza e com os outros humanos a fim de garantir sua sobrevivência, entretanto, suas relações “não se dão apenas pela produção de bens materiais, mas também pela construção de projetos societários que implicam a criação de regras de convivência e tudo que delas decorre”.
Pedrosa, (2007) cita que em um dos manuais da UNESCO há uma referência paradigmática sobre a Educação Ambiental em que diz que ela é “uma nova forma de encarar o papel do ser humano no mundo”
Partindo do princípio que o mundo é um só, os problemas sociais, políticos, econômicos e de preservação da natureza não se limitam a fronteiras. A sociedade atual exige “solidariedade e cooperação” também sem fronteiras. Somente o discurso ambientalista e de boa-fé para a salvação do planeta das classes dominantes não é suficiente para levar os seres humanos ao “paraíso”, (LOUREIRO 2003).
O ser humano é dotado de consciência, o que o diferencia dos outros seres vivos, e de diferenças ideológicas que o diferencia entre si, daí a importância dos diálogos entre os diversos atores de uma sociedade. Para mudar uma sociedade é preciso primeiro corrigir o nosso modo de pensar. O “enfoque que damos ao meio ambiente não deve ser materialista, mas sim humanos”, frase de Renè Dubos citada por Ikeda (2005).
O desejo de transformar a sociedade atual numa sociedade sustentável, harmoniosa com a natureza e com os seus semelhantes, só pode acontecer através de parcerias, consensos e muitos diálogos realistas acerca dos padrões de valores hoje tidos como fundamentais.

“A civilização material desperdiça nossa herança de combustível fóssil e sacrifica as gerações na busca arrogante da prosperidade. Devemos deter essa tendência o mais rápido possível”.
(DAISAKU IKEDA, 2005)

Biodiversidade Brasileira

Por:  Teresinha Victorino, 2010

“Na costa leste da América do sul, estendia-se outrora uma imensa floresta ou, mais precisamente um complexo de tipos de florestas ... interiorizava-se a cerca de cem quilômetros da costa no norte e alargava-se mais de quinhentos quilômetros no sul ... cobria cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados. Esse complexo tem sido chamado de Mata Atlântica brasileira, associado a outra muito maior, a Floresta Amazônica, mas distinto dela. Em conjunto, as duas florestas formavam uma zona biogeográfica diferente e mais rica em espécies que as outras florestas tropicais do planeta ... A Mata Atlântica era em si mesma de uma diversidade extraordinária, levando-se em conta seu tamanho relativamente modesto. E continha um número impressionante de espécies endêmicas ... ainda que partilhasse com a Floresta Amazônica a mesma geomassa continental e estivesse, durante longos períodos geológicos, em contato parcial com ela.”
(WARRE DEAN, 1996)
 
O Brasil, com dimensões continentais é um dos países considerados como megadiversos, devido à riqueza da sua diversidade macro e microbiológica, (BENTES e GAMA, 2003), também considerado um dos principais fornecedores de flora e fauna para o mercado mundial, (FERREIRA et al. 2008). Estima-se que em seu território exista 10% de todas as espécies existentes no planeta, (FERREIRA et. al. 2008) e que cerca de 45% de seu produto interno bruto seja derivado da utilização desses recursos, (BENTES e GAMA, 2003).
O país possui uma das mais ricas floras do planeta, com mais de 56 mil espécies, que correspondem há quase 19% de toda flora mundial, (GIULIETT et al. 2005). Em relação à fauna, o Brasil guarda em seus biomas 524 espécies de mamíferos, 131 deles endêmicos; 517 anfíbios, sendo 294 endêmicos; 1622 espécies de aves, 191 delas endêmicas; 468 répteis, 178 endêmicos, “aproximadamente 3.000 espécies de peixes de água doce e uma estimativa de 10 a 15 milhões de insetos”, (BENTES e GAMA, 2003).
O Brasil é possuidor da maior área verde do planeta, a Floresta Amazônica e, em seu território podem ser encontrados dois Hotspots importantes, a Mata Atlântica e o Cerrado.
A megadiversidade da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica brasileira, essa última, considerada um dos três mais importantes Hotspots e um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, (FONSECA et al., 1999) eleva o país a uma situação privilegiada em relação aos outros, (ABREU, 2006).
O bioma Mata Atlântica que se estendeu do Rio Grande do Norte e Ceará até o Rio Grande do Sul, ocupava aproximadamente 1.200.000 km. Foi a primeira região do país a ser colonizada, hoje é o centro-industrial do Brasil e duas das três maiores cidades da América do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro localizam-se em sua porção central.
O bioma que compreende a região costeira do Brasil com clima equatorial ao norte e quente temperado sempre úmido ao sul tem temperaturas médias elevadas durante o ano todo e não apenas no verão, (MARTINS et. al).
A Mata Atlântica, o segundo maior bloco florestal do país, em sua área, hoje urbanizada, abriga 70% da população brasileira e é responsável por 80% do produto interno bruto. Seriamente ameaçada, já perdeu mais de 70% de sua cobertura vegetal, ainda assim, guarda em suas matas 1361 espécies de mamíferos, anfíbios, répteis e aves, sendo 42 delas endêmicas. Possui 20 mil espécies de plantas, oito mil endêmicas, (MESQUITA, et al. 2006).
O Bioma Mata Atlântica, foi reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera da Rede Mundial sendo a primeira unidade declarada no país. É a maior reserva da biosfera em área florestada do planeta, com cerca de 35 milhões de hectares, abrangendo áreas de 15 dos 17 estados brasileiros onde ocorre, estende-se desde o Ceará até o Rio Grande do Sul, “avançando mar afora englobando diversas ilhas oceânicas como Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade e adentrando no interior de vários estados costeiros, bem como em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul”, (RBMT).
A Mata Atlântica é vista como um mosaico diversificado de ecossistemas, com estruturas e composições florísticas diferenciadas devido às diferenças de solo, relevo e características climáticas existentes na área de sua ocorrência no país, (IBAMA).
No bioma, diversos ecossistemas tropicais são encontrados, como os ecossistemas florestais e os ecossistemas associados de Mata Atlântica, (IBAMA), como:

• A totalidade da Floresta Ombrófila Densa, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte;
• As Florestas Estacionais Deciduais e Semi¬deciduais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo;
• Florestas Estacionais Semideciduais de Mato Grosso do Sul (vales dos rios da margem direita do rio Paraná), Minas Gerais (vales dos rios Paranaíba, Grande e afluentes), Minas Gerais e Bahia (vales dos rios Paraíba do Sul, Jequitinhonha, rios intermediários e afluentes) e de regiões litorâneas limitadas do Nordeste, contíguas às florestas ombrófilas;
• Totalidade da Floresta Ombrófila Mista e os encraves de Araucária nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
• Formações florísticas associadas (man¬guezais, vegetação de restingas e das ilhas litorâneas);
• Encraves de Cerrados, campos e campos de altitude compreendidos no interior das áreas acima;
• Matas de topo de morro e de encostas do Nordeste (brejos e chás), particularmente as do Estado do Ceará, com ênfase nas da Serra de Ibiapaba e de Baturité, e nas da Chapada do Araripe;
• Formações vegetacionais nativas da Ilha de Fernando de Noronha.

Sua maior devastação foi observada nas áreas planas da região costeira, hoje, o bioma encontra-se reduzido e fragmentado com remanescentes florestais localizados geralmente em áreas de difícil acesso. A preservação desses remanescentes garante a contenção de encostas, serve de abrigo para várias populações tradicionais, incluindo nações indígenas, comunidades caiçaras e quilombolas, além de nele estar localizados mananciais hídricos essenciais para abastecimento de cerca de 70% da população brasileira, (IBAMA).

Com mais de sete mil km de extensão litorânea, o país detém pouco conhecimento sobre os seus ecossistemas marinhos e costeiros, principalmente no tocante aos seus padrões de biodiversidade e sua utilização pelas comunidades locais. Os ecossistemas marinhos situados até 12 milhas da costa, como os recifes de corais, que abrigam grande biodiversidade, precisam ser mais conhecidos e priorizados, de forma a integrar uma proposta nacional mais abrangente para a conservação da biodiversidade marinha. Os recifes de coral são ecossistemas extremamente ricos em recursos naturais e de “grande importância ecológica, econômica e social para o país, atua como repositórios de recursos pesqueiros, além de contribuírem para a proteção da orla marítima, e para o desenvolvimento da economia regional, através do turismo e de vários recursos utilizados pelas comunidades costeiras”, (FONSECA, RYLANDS e PINTO, 1999).
O tema biodiversidade está constantemente na mídia brasileira, mesmo assim, grande parte dos brasileiros não compreende as funções ecológicas de seus componentes, e muito menos conhece o seu valor intrínseco, é fundamental difundir o conceito e o valor da biodiversidade para a população e o país, como detentor de uma das mais ricas biodiversidades do planeta, tem a responsabilidade de criar condições necessárias para promover o desenvolvimento em consonância com a conservação e a exploração sustentável dos seus recursos biológicos, (ABREU, 2006).
A riqueza biológica dos ecossistemas brasileiros está extremamente ameaçada por conta do modelo de desenvolvimento da sociedade contemporânea, uma sociedade pautada nos valores de mercado, de consumo, nos quais, valores como ética, solidariedade, respeito à vida e a natureza estão relegados ao segundo plano.
As grandes ameaças que os biomas do Brasil sofrem estão relacionadas aos fatores como a erosão, a biopirataria, a introdução de espécies exóticas, a perda e fragmentação dos habitats, as mudanças climáticas, a expansão das fronteiras agrícolas e a exploração madeireira. Além disso, a vasta extensão do território brasileiro compromete a eficiência dos programas de conservação ambiental.
É importante que se tenha conhecimento da biodiversidade para conservá-la de forma integral. A falta de conhecimento pode agravar a degradação em áreas prioritárias nos diversos biomas brasileiros.
A introdução de espécies exóticas, considerada uma das mais graves ameaças à biodiversidade, e apontada como a principal causadora de extinção de centenas de espécies da fauna e da flora, (FONSECA et al., 1999) pode ser minimizada quando se tem conhecimento do perigo que essa ação pode gerar aos ecossistemas.
Fonseca et al. (1999), aponta a importância de se catalogar e utilizar como “instrumento adicional para orientar estratégias de conservação e uso sustentável da biodiversidade, o rico conhecimento que as populações tradicionais têm dos recursos biológicos do país, além de ser pouco valorizado nos programas de ensino formais.
Segundo Lewinsohn (2004) o país pertence a uma “minoria que se distingue pelo seu nível de desenvolvimento de pesquisa científica”, dentre os países ricos em biodiversidade. O Brasil conta com “um sistema acadêmico e de instituições de pesquisa bastante extenso e consolidado”, entretanto não tem capacidade autônoma para o conhecimento de sua biodiversidade. Mesmo existindo limitações fundamentais para este conhecimento, o país tem condições de superar parte delas e promover um avanço considerável na “extensão, organização e uso de informação sobre sua biodiversidade”. Para ele, a principal ciência para se conhecer a biodiversidade é a taxonomia, a “ciência que cuida da classificação e identificação dos seres vivos”, e, um dos elementos essenciais para conhecimento de biodiversidade é a descrição de novas espécies.
 
“Delícia é o termo insuficiente para exprimir as emoções sentidas por um naturalista que, pela primeira vez se viu a sós com a natureza no seio de uma floresta brasileira. A elegância da relva, a novidade dos parasitos, a beleza das flores, o verde luzidio das ramagens, e, acima de tudo, a exuberância da vegetação em geral, foram para mim motivos de uma contemplação maravilhada”.
(CHARLES DARWIN em 29 de fevereiro de 1932, quando chegou à Bahia)

Um pouco da história da Ilha do Governador

Por: Teresinha Victorino em 2008

O Rio de Janeiro tem sua própria história, mas existe também uma História do Brasil no Rio de Janeiro: são histórias que se entrelaçam em um conjunto, porém distintas. Assim acontece com a Ilha do Governador: testemunha, por sua condição geográfica, dos principais eventos da história da cidade e do país, a Ilha repercutiu tudo o que aconteceu no Rio de Janeiro. Mas também preservou sua própria história para ser contada – uma história distinta, singular e única.
A maior ilha da Baia da Guanabara está ligada à história do Rio de Janeiro, do Brasil, de Portugal e do planeta.
Na primeira expedição realizada para o reconhecimento da costa brasileira, em 1502, em que, numa viagem exploratória ao Brasil, a armada de Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio, navegou numa estreita abertura de uma grande baía, confundindo-a com o estuário de um rio, por isso deu-lhe o nome de Rio de Janeiro. Era o dia 1º de janeiro do mesmo ano.

A Baía era a Guanabara, cujo litoral era um remoto recanto constituído por enseadas, praias, manguezais e diversas ilhas. Destacava-se nesta paisagem a maior de todas as ilhas, próxima aos manguezais característicos das margens da baía: a paradisíaca Ilha de Paranapuã – ou Ilha do Mar – denominação dada pelos os índios Temiminós.
Esta ilha teve outras denominações: Ilha dos Maracajás, por causa da grande quantidade de maracajás – ou gatos-do-mato – existentes originalmente na ilha; Ilha do Gato, por alusão à sua forma ou por causa do cacique Temiminó Maracajá–Guaçu, Gato Grande, a cuja tribo a ilha pertencia por ocasião do descobrimento, como é mais registrado, e finalmente, Ilha do Governador, denominação que perdura até os dias de hoje.
A Ilha, servida de um extenso mar, abundante em peixe, a alimentação indígena estava em parte resolvida, acrescida da caça de pequenos animais e aves, frutas e tubérculos da própria mata, e associadas às culturas comuns como o milho, a mandioca e o inhame.

Os índios usavam o milho e o caju para preparar uma bebida afermentada – “caium” – para as festas tribais, e da mandioca faziam a farinha.
O espaço insular de 32Km², oferecia ao índio outros atrativos, além da caça e da pesca, destacando-se o barro cerâmico. “A argila e o cal dos mariscos e dos depósitos de ostras também logo atraíram as atenções dos brancos para o trabalho de olaria e fabrico de louças”, (BUENO, Eduardo . Pau-Brasil. Ed. Axis Mundis. SP.2002 p. 123).
As rivalidades e as amizades entre as tribos coexistiam entrelaçadas há milênios, numa baía de água cristalina, abundante em peixes. Todavia, a cobiça pela terra fértil e extensa provocou uma disputa entre outras tribos, chamando atenção da Ilha para os europeus. No conflito, os Macacajás são derrotados pelos Tamoios, em 1535. A ferocidade dos combates entre os grupos foi relatada por diversos autores da época, pois a antropofagia foi praticada.
Por volta dos anos de 1550, certa nau portuguesa entrou pela Baía da Guanabara e foi abordada por um grupo de índios liderados pelo cacique Temiminó Maracajá-Guaçu, pai do futuro Araribóia, o cobra da tempestade, para pedir ajuda. Alegaram aos portugueses que sua tribo estava sendo atacada e dizimada pelos Tupinambás na Ilha dos Maracajás, ou do Gato, hoje Ilha do Governador. Solicitaram ajuda para a retirada de sua tribo da ilha.

A volta dos Temiminós no ano de 1560 para a Baía da Guanabara baseou-se na estratégia portuguesa de usar o elemento revanchista entre os índios, desta maneira, foi dos Temiminós, com maior poderio, a vez de revidarem a fúria de morte contra seus inimigos ancestrais.

O oficial da marinha francesa, Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1575), alimentava o desejo de estabelecer no Brasil uma colônia francesa, idéia que foi aprovada pelo rei de França, Henrique II, que lhe concedeu crédito e recursos para a organização da expedição. Partindo do Havre em julho de 1555, Villegaignon desembarcou no Rio de Janeiro em novembro do mesmo ano, com o objetivo de fundar aqui a colônia chamada França Antártica.
Penetrar na Baía da Guananabara foi tarefa fácil para a expedição militar francesa que aspirava fundar uma pátria, conviver com os habitantes da região, cujas pessoas andavam nuas, ordeiras e curiosas, também foi uma missão fácil. Ganhar confiança dessas pessoas e participar de seus rituais antropofágicos, conhecendo-os intimamente foi uma conseqüência natural no convívio dessa missão militar.
Os franceses conquistaram o pequeno território indígena no qual viviam várias tribos de cuja demarcação ainda se carece de precisão. Aliados dos índios Tupinambás e Tamoios, que ali viviam, os franceses escolheram a Ilha do Gato para estabelecer um dos seus primeiros núcleos de colonização. Constituíram-se num foco de resistência à expansão da empresa comercial lusitana no Brasil. Os franceses foram senhores do Rio de Janeiro durante pouco mais de quatro anos, ameaçando a conquista portuguesa.
A Estratégia dos portugueses para expulsar os franceses da baía de Guanabara consistia em aproveitar da camaradagem dos Temiminós com os Maracajás, os quais já viviam na baía de Guanabara, e assim atacar os Tupinambás e os Tamoios.

Em 1560, por ordem real, uma esquadra sob o comando de Mem de Sá combateu os invasores, desalojando-os e arrasando suas fortificações. Entretanto em fevereiro de 1564, quando seu sobrinho Estácio de Sá chegou para estabelecer as bases de uma colonização sistemática, encontrou a cidade novamente dominada, sendo impossível estabelecer-se.
Mas as dificuldades forçaram Estácio de Sá a buscar ajuda. Avisado pelos jesuítas, seu tio veio pessoalmente em seu auxílio, à frente de tropas organizadas na Bahia. Sob o comando de Cristóvão de Barros, a armada de Mem de Sá com o apoio dos índios Temiminós, liderados por Araribóia, e Estácio de Sá liderando os portugueses, bombardearam e destruiram os redutos dos franceses e as aldeias dos Tamoios, resultando tanto na expulsão dos franceses como na eliminação completa da resistência de qualquer índio dentro da baía de Guanabara. Era dia 20 de janeiro de 1567, dia do padroeiro, São Sebastião, os franceses trazidos por Villegaignon foram expulsos definitivamente.
Livres dos franceses e dos índios inimigos, os portugueses retribuíram aos Temiminós com uma doação de Sesmaria. O Araribóia foi batizado com o nome de Martim Afonso de Sousa e, em 16 de março de 1568, Mem de Sá concedeu ao índio as terras na Banda de Além, que hoje, essa faixa de terra, corresponde ao trecho entre os bairros Gragoatá e São Lourenço em Niterói, que se traduz do Tupi-Guarani por águas escondidas.

Em 5 de setembro de 1567, após a vitória sobre os franceses, Mem de Sá dividiu a ilha, em duas sesmarias, doando uma delas, a que abrangia a maior parte do território, ao outro sobrinho seu, Salvador Correa de Sá, nomeado segundo governador do Rio de Janeiro. A outra sesmaria foi doada a Rui Gonçalves, almoxarife-geral do governo colonial na Cidade. O Projeto de Lei n° 1.514/91 institui o dia 05 de setembro como o "Dia da Ilha do Governador".
Salvador Correia de Sá foi nomeado para o cargo de governador do Rio de Janeiro, governando a cidade por dois períodos: de 1568 a 1571 e de 1577 a 1598. No engenho de cana-de-açúcar que mandou construir em sua propriedade, ele deu início à primeira produção de açúcar do Rio de Janeiro. Em 1570 a ilha ganhou a denominação oficial de Ilha do Governador, que perdura até os dias de hoje.

A Ilha passa a ser ocupada e explorada, a agricultura de subsistência existe para sustentar os habitantes que vão se instalando. No século XVI, a Ilha é basicamente agrícola, entretanto o açúcar é um produto de peso para exportação e para a balança comercial. O açúcar e o aguardente eram produzidos para o consumo local e envio ao Rio de Janeiro, ao lado de gênero de subsistência.

Até a ocupação portuguesa, a Ilha era bastante coberta de vegetação. No litoral norte de São Paulo e no litoral sul do Rio de Janeiro, onde se incluía a Ilha Grande e arredores, não havia pau-brasil, entretanto na “Ilha do Gato e as adjacentes, além do litoral circundante, bem como os próprios Maracajás, surgem claramente em depoimentos do século XVI como supridores dos embarques de matéria corante.”, (BUENO, 2002). A Ilha do Gato foi fonte de abastecimento de madeira tintorial, tanto para os franceses como para os portugueses.

Com a chegada dos primeiros europeus a paisagem natural é alterada com a introdução de plantas exóticas, entre elas a cana-de-açucar. E dá-se o início da devastação da fauna e da flora.

E, para demonstrar que as madeiras tropicais eram excelentes para a construção naval, o Governador Salvador Correia de Sá mandou montar um estaleiro e reunir grandes toras de madeiras trazidas, sobretudo da Ilha Grande (uma das denominações francesa para a Ilha do Governador), e com Benevides deram início, em 1659, à construção daquele que seria o maior navio do mundo, o Galeão Padre Eterno, que foi lançado ao mar da então Ilha de Paranapuã, no natal de 1663.
O Padre Eterno tinha 53 metros de comprimento, o que era extraordinário para sua época, e, era dotado de duas cobertas armadas de canhões. Em 1665, fez sua primeira viagem atravessando o Atlântico e aportando em Lisboa, despertando a atenção dos governantes portugueses e também dos espiões estrangeiros. Não só pelo tamanho, mas porque, graças à qualidade e leveza das madeiras empregadas em sua construção, era ao mesmo tempo resistente, capaz de levar um grande volume de carga e era fácil de ser manobrado.
A primeira Feitoria Portuguesa no Brasil ficava localizada na Ilha do Gato e os “vestígios, bem como os sinais da aldeia do Grande Gato, o “Maracajá”, estão agora soterrada sob o peno dos anos e de toneladas de entulho, em meio a uma paisagem de imperfeições. Ao que tudo indica, porém foi exatamente ali que a Terra do Brasil começou a se tornar o Brasil de hoje. Se o Basil de hoje ainda o ignora ou nem sequer s interessa em esclarecê-lo, e se já não há mais virtualmente um único é de Pau-Brasil na ilha ou em seus arredores, nem por isso o cenário e seus desdobramentos são menos reveladores. Pelo contrário.”, (BUENO, 2002).
As fazendas Tubiacanga, Itacolomi, Flecheiras, Galeão e São Bento, foram doadas por escritura aos beneditinos em maio de 1695, e em 1710 foi criada a Paróquia da Ilha do Governador, na Freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, estabelecendo-se assim a Ilha, com seus 32 km² de área, como região de grande importância administrativa e econômica para o governo colonial.
Os beneditinos traçaram um novo rumo histórico para a Ilha: além dos engenhos de cana-de-açúcar, existiam ali criações de aves e porcos, uma agricultura de subsistência – o cultivo de verduras e frutas – e outras atividades já praticadas pelos índios, como o plantio de milho, mandioca e inhame, além da pesca, abundante na Baía.
No século XVII, a Ilha, prossegue em escala contínua e na mesma atividade, porém agora com a contribuição da mão-de-obra escrava.
O movimento de embarcações para o transporte das mercadorias entre a Ilha e a Cidade se intensifica. E, o século XVIII fica caracterizado pela forte presença dos beneditinos na economia da Ilha, fato que favorece a ocupação e adensamento populacional. Ainda encontram-se vestígios históricos dessas presenças nas terras da Aeronáutica.
Em 1808, com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, acompanhados por uma comitiva de aproximadamente 11.000 pessoas, a cidade passa por uma grande transformação. A chegada do príncipe eleva o Brasil à condição de reino, e a cidade se prepara para ser a sede do Império Português.
A Ilha do Governador passa a funcionar como um centro de abastecimento da nova capital dos dois reinos, Portugal e Brasil. Em 1811, um decreto real cria na área dos beneditinos, a Coutada Real, uma espécie de reserva natural onde não eram permitidos desmatamentos ou atividades econômicas, um campo dedicado exclusivamente ao esporte da caça de animais introduzidos na região para essa finalidade.
Em 1821, a população da Ilha alcança 1.695 habitantes, havendo um grande número de propriedades na zona dos beneditinos.
Com a volta para Portugal de D João VI, em abril de 1821, assume a regência o príncipe D. Pedro.
Em junho de 1834 é instalada na Ilha por decreto real, a primeira escola masculina. A população atinge 2.391 habitantes, distribuídos por chácaras retalhadas das terras dos antigos engenhos. Mais duas escolas são criadas na região: a segunda masculina e a primeira feminina. Em 1849 a população da Ilha passa a 3.457 habitantes.

Na segunda metade do século XIX a paisagem era pontilhada por casas de veraneio à beira-mar, em centro de terreno, frente às águas límpidas da Baía de Guanabara de então, que representariam os primórdios de uma vocação ligada ao lazer e turismo. Mas havia também indústrias, como as de cal e cerâmicas.

Em 1864, a epidemia de Cólera Morbos, causou enorme devastação na Ilha do Governador, basta dizer que na fazenda da Viúva Amaral (Fazenda São Sebastião do Rio de Janeiro, de propriedade de Dona Maria Izabel Rodrigues do Amaral, tia da Chiquinha Gonzaga) havia uma caieira que utilizava 15 barcaças para transporte de cal e barro para as edificações da Cidade do Rio de Janeiro, deixou ela de funcionar por terem desaparecidos com a morte de quase todos os escravos. Em 1871 o governo adquiriu a Fazenda São Sebastião do Rio de Janeiro.

Com a grande quantidade de formigas saúvas prejudicando os cultivos na região, o Barão de Capanema, introdutor em 1852 do telégrafo no Brasil, e ilustre morador da Ilha a partir da década de 1870 implanta em 1872 a Fábrica do Formicida Capanema. Amigo pessoal de D. Pedro II, o Barão de Capanema criou também um jardim botânico no local.
Em 1893, a Ilha do Governador foi cenário da conhecida Revolta da Armada. Em seis de setembro de 1893 um grupo de altos oficiais da Marinha exige a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. No movimento encontram-se jovens oficiais e muitos monarquistas. A adesão destes reflete o descontentamento da Armada com o pequeno prestigio da Marinha em comparação ao Exército.

Entre os anos de 1893 e 1894 os revoltosos instalaram-se na antiga Fazenda São Sebastião, tendo como retaguarda a Escola de Aprendizes Marinheiros, os paióis de munição na Ponta do Matoso e o Asilo dos Inválidos da Marinha, junto à Escola.

O coronel Moreira César traça planos para desfechar ataque contra a Ilha de Villegaignon, no Rio de Janeiro, e outros pontos em áreas ferozmente ocupada e defendida pelos rebeldes. 0 7° BI também participa da vigilância na região portuária na Baía de Guanabara e atua com desenvoltura na retomada da Ilha do Governador, base logística onde se suprem os revoltosos.

O sistema de transportes também teve grande importância para o crescimento da Região. Mas, é só em 1898, a Companhia Cantareira e Viação Fluminense, que tinha pontes de atracação no Zumbi, no Cocotá e na Freguesia, inicia um serviço regular de transporte.
Já no início do século XX, sua população de 5.616 habitantes, a Ilha ainda tinha na criação de gado, na pesca e na agricultura algumas das atividades vitais para a sua economia. A produção destinava-se a abastecer a cidade e a atender ao consumo local.
Em 1903, é criada uma linha para o Galeão. Com a Cidade crescendo e se expandindo, as moradias do Centro vão sendo substituídas progressivamente por modernos prédios de escritórios, com galerias, agências bancárias e comércio sofisticado nos andares térreos.

Em 1915 foi montada a Estação Rádio Telegráfica da Ilha do Governador (SHO), inicialmente no prédio hoje conhecido como “Usina”. No início de seu funcionamento, operava além de transmissão de boletim noticioso, três vezes ao dia em 1800 metros, a transmissão de sinais horários manipulados diretamente do observatório nacional, situado no bairro de São Cristóvão, através de uma linha cedida pelo departamento do telégrafo (Ministério da Aviação), e o serviço com a Esquadra no Mar. Em 1926 a SHO foi remodelada, passando a operar com o prefixo PXA. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Estação, que operava totalmente na área da Ilha do Governador, sofreu grandes transformações, foram construídos novos edifícios de transmissão e recepção, e instalação de novos equipamentos, que atenderam as necessidades do conflito mundial, firmando-se a Estação como o mais moderno serviço de telecomunicações da América do Sul. Em 1946 passou a Estação a subordinação da então Divisão de Comunicações.
O Cruzador Auxiliar José Bonifácio zarpou do Rio de Janeiro a 18 de julho de 1917, na “Missão Rondon do Litoral”, para os portos do Sul, a serviço da nossa neutralidade, regressando a 1 de novembro; partiu a 8 de dezembro para o mesmo fim e retornou a 23 de junho de 1918, tendo estacionado em vários portos. Partiu para o mesmo serviço nos mares do Sul e voltou a 30 de janeiro. Assumiu o seu comando o Capitão-de-Fragata Frederico Otávio de Lemos Villar, suspendeu a 13 de outubro 1919, em serviço de comissão da pesca e saneamento, para os portos do Nordeste e regressou a 2 de junho de 1920.
A bordo do Cruzador Auxiliar José Bonifácio, o Sr. Frederico Otávio de Lemos Villar viajou do extremo Norte ao extremo Sul, semeando Colônias de Pescadores ao longo de nossas praias.
Em 17 de novembro de 1920, foi criada a primeira colônia de pesca do Brasil, a então Colônia Z1, Colônia Cooperativa de Pescadores “Almirante Gomes Pereira”, teve sua instalação em terreno necessário compreendido da Ponta do Mirante para dentro da Bacia de Jequiá, na Ilha do Governador.

No início da década de 20 as pessoas fixam moradia permanente, e é inaugurada a ponte de atracação da Ribeira. A ocupação da Ilha acelera-se através do fracionamento de grandes áreas, surgindo à moda dos loteamentos, prática de uso do solo urbano que teve início nos primeiros anos do século, promovendo a ocupação de grandes espaços vazios na Cidade.
Na República, 1930, é inaugurada a ponte de ligação do Saco do Jequiá ao Morro do Matoso, ponte que hoje dá acesso a Colônia de Pesca Z10.

Na década de 30, o serviço de correios no Zumbi é transferido para a Base Aérea do Galeão, e em 1931, é criada a linha de ônibus ligando à Ribeira ao Galeão.
A aceleração da infra-estrutura se dá a partir da inauguração da ponte do Galeão, em 1949.

Localizada nos terrenos da antiga Fazenda de São Bento, território doado aos frades Beneditinos em 1695, a Escola João Luiz Alves, construída no Governo Vargas e pertencente ao Ministério da Justiça, tinha por finalidade a educação de menores orfãos. A escola passou à administração da FUNABEM na década de 80

Mudanças importantes ocorreram na década de 50, com a implantação do Aeroporto do Galeão, na década de 60, com a criação da praia artificial do Cocotá e pelo aterro maciço dos anos seguintes destinado ao Parque Manuel Bandeira e a criação da nova ponte de atracação das Barcas, que ligaria a Ilha, através do Cocotá à Praça XV, centro da cidade. E, na mesma época, com a construção do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro–Galeão–Antonio Carlos Jobim, é modificada violentamente a paisagem original da Ilha do Governador.

O transporte marítimo foi restaurado em 1976, como alternativa ao intenso trânsito da Avenida Brasil, e para tanto foi necessário uma outra alteração na paisagem, desta vez na Ribeira, onde houve um grande aterro para a recuperação da ponte velha de atracação e dragagem para receber as Barcas que ligariam a Ribeira, na Ilha à Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro. Hoje a travessia entre a Ilha do Governador e o Centro da cidade do Rio de Janeiro, se dá entre o Cocotá e a Praça XV.
A pior alteração da paisagem natural ocorreu ao aterrar e ligar as oito ilhas que forma hoje a Cidade Universitária, a maior delas é a Ilha do Fundão. Ao aterrarem para a construção da Cidade Universitária, os canais existentes entre as ilhas foram fechados ocasionando assoreamento na vizinhança, isto nos anos 40. Hoje a paisagem é feia e um mau cheiro é sentido por quem atravessa a Linha Vermelha.
O relevo da Ilha é marcado por colinas com declives que nunca foi impedimento para a ocupação humana. São poucas as áreas planas.
Os pontos de maior altitude da Ilha estão no Jardim Guanabara, Cacuia, Dendê e Barão. Do alto do Dendê a vista panorâmica é de 360 graus e avista-se desde a Serra dos Órgãos à Ponte Rio-Niterói, passando pelo Pão de Açúcar e o Corcovado.
Na Ilha há vários cursos de água, o Jequiá é o mais significativo e o único em formato de saco da Baia da Guanabara. Existe o Córrego do Galeão e várias nascentes, entre elas a da Praia da Bica e da Rua Colina.

Havia vegetação tropical em abundância, com madeiras de lei, como Cedro e Peroba, que foram utilizadas na construção do galeão Padre Eterno (Em 1659, Salvador Correa de Sá mandou construir na Ilha do Governador, o que seria o maior galeão do mundo, o "Padre Eterno", com 53 metros de comprimento e 2 mil toneladas, preparado para receber 144 canhões e com um mastro feito de um único tronco, com quase 3 metros de circunferência na base. Acabou vencido pelo oceano, afundando no Índico alguns anos depois.)..

A fauna é também da região tropical da Mata Atlântica: onça, jaguatirica, tatus, pacas, macacos, gambás (que até a década de 70 era fácil encontrar) e muitos pássaros.

O clima é tropical com estação de seca. Temperatura média é de 28º graus em fevereiro e mínima de 20º graus em julho.
Nos vales, entre os elevados, as trilhas indígenas são utilizadas por nós até os dias de hoje. Como a Estrada do Galeão, a Avenida Paranapuan e a Rua Cambaúba, por exemplo.
As praias, características físicas desde acidente geográfico e sócio-cultural desta comunidade são hoje impróprias para o banho.

O Manguezal do Jequiá é uma Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana – APARU. Todavia o barro que é acrescido ao Rio Jequiá afeta diretamente o manguezal, sobretudo o lado da Colônia de Pescadores Z10, que por sua vez despeja dejetos no espelho de água do manguezal. Contudo o ecossistema resiste e recebe visitas de aves diversas, algumas delas vindas do hemisfério norte.
O crescimento urbano acelerado da Ilha do Governador, que se deu entre as décadas de 60-70 e intensificado nas últimas décadas, compromete as nascentes e o estuário do Rio Jequiá. O comprometimento se dá tanto pela diminuição da vazão do rio e o assoreamento de sua foz, como pela contaminação por despejos domésticos e pelo óleo dos postos de abastecimento e garagens de ônibus, situados na bacia hidrográfica, agravada pela poluição trazida pelas águas da Baía de Guanabara. Ainda assim, as condições naturais se mantiveram, fundamentalmente pelo fato da área estar sob tutela da Marinha. Até o início da década de 1990, a Marinha era responsável pelo controle do crescimento da Colônia Z-10.

Embora sua densidade líquida ainda seja a terceira menor da Cidade, o vertiginoso crescimento traz consigo graves problemas de degradação das condições de vida da Ilha do Governador.

Por constituir um espaço físico delimitado a Ilha reúne, em escala menor, tudo o que a Cidade possui: topografia variada, população representativa das diversas camadas sociais da Cidade, bairros com características urbanísticas e arquitetônicas diferenciadas, comércio diversificado e independente, áreas de lazer, gastronomia variada, reservas ecológicas e grandes espaços ocupados por instalações militares.