domingo, 26 de julho de 2009

VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental

O VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental que aconteceu entre os dias 22 a 25 de julho no campus da UFRJ (Praia Vermelha) no Rio de Janeiro, reuniu ambientalistas de todo o país. Professor Alexandre Pedrini do Rio de Janeiro com o jovem acreano.

Num clima de muita harmonia, as diversas culturas marcaram o evento, como as comunidades indígenas que recepcionaram o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc com uma oração e um canto, as manifestações ocorreram durante todo o evento tendo como ápice o dia 24 quando Minc esteve presente.


Professor Pedrini com a Marilene Ramos, Secretária do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e Samyra Crespo, Secretária do MMA

Os jovens ambientalistas de todo país mostraram para que vieram. O Coletivo Jovem junto com a Rede de Juventude pelo Meio Ambiente fizeram uma manifestação como a muito não se via nesse país, mostrando que a força jovem sabe o que quer e tem conhecimento das fragilidades e potencialidades do nosso país.

O jovem Angelo Preste do Rio de Janeiro

As bonitas jovens da Rede Capixaba de Educação Ambiental com a Educadora Ambiental Mirim, Julia.

As comunidades tradicionais também presente no VI FBEA troxeram para o Rio de Janeiro um pouco de sua cultura e arte.

Indígenas de várias etnias dançaram, oraram, e enriqueceram o evento com os aromas de seus fumos, sabones e óles e com as cores vibrantes de seus artesanatos, além de proporcionar aos presentes músicas e sons. Vestidos de acordo com suas tribos todos se uniram mostrando para os "homens brancos" que podem viver harmoniosamente juntos respeitando a cultura de cada um.

A Educadora Ambiental Mirim, Julia, com os índigenas das tribos Pataxó (BA) e Funi-o (PE)

As diversas oficinas ofereceram aos participantes conhecimento e troca de experiências dos diversos atores espalhados por esse Brasil, possibilitando aos mesmos uma aproximação descontraída e saudável.

Os mini-cursos foram enriquecedores e marcaram um momento onde todos se puderam se conhecer melhor e trouxeram para o Rio de Janeiro um pedaço de cada estado do país.

Outro momento muito interessante e rico para os participantes foram as jornadas diversas oferecidas pelo VI FBEA.

A riqueza dos temas debatidos nas diversas mesas rodondas foram fizeram do gigantesco salão um espaço coloroso e agradável.

A criançada presente pode além de se ambientar com o tema e conhecer o diferente teve a oportunidade de ganhar livros e jogos. O espaço Semente foi criado especialmente para ela.


Os jovens do Movimento Marina Silva Presidente marcaram presença.

O VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental acabou deixando uma certeza no coração de todos os presentes: É preciso haver encontros regulares e muitos e muitos diálogos.

Vamos rumar ao VII FBEA.

Parabéns a Jaqueline Guerreiro e Declev Dib pela organização.


Teresinha Victorino

Espécies deixam o fundo do oceano e ocupam a costa de diversos países‏

E. A. com urgência!
A cena atípica aconteceu num final de tarde em Oceanside, praia de SanDiego, na Califórnia. Banhistas saíram amedrontados do mar. Mergulhadores profissionais nadaram fortemente para alcançar a areia - e estampavam no rosto assombro e preocupação. Surfistas recuaram de um momento para outro.
“Estava sobre a prancha quando percebi a movimentação das pessoas. Mergulhei e vi uma criatura marinha de quase dois metros de comprimento”, diz o americano John Guilmette. Ele se deparou, naquela abafada tarde, com uma lula gigante que pesa cerca de 45 quilos, pertence à espécie Humboldt e ataca o que encontra pela frente.
Segundo biólogos dos EUA, mais de duas mil Humboldt foram vistas na costa da Califórnia na semana passada, e a surpresa está no fato de que elas viviam, até então, nas profundezas do oceano Pacífico. Também nas Ilhas Balneares e em diversos pontos do litoral da Catalunha a cena se repetiu: a medusa caravela-portuguesa, cujo veneno é um dos mais letais que se conhece, apavorou os banhistas. Na costa norte da Austrália, os “monstros” também se fizeram presentes sob a forma da água-viva “vespa do mar”. Mas há mais: no Japão uma quantidade incalculável de águas-vivas gigantes se espalhou pela água.
Cabe a questão: por que esse fenômeno?
Biólogos marinhos são unânimes:
Ele é fruto do desequilíbrio ambiental.
“Estamos sendo invadidos por um número gigantesco de águas-vivas. São mais de 300 milhões delas e esse movimento migratório prova que o oceano está doente. Elas estão à procura de alimento”, diz o biólogo e oceanógrafo japonês Shinichi Eu, da Universidade de Hiroshima. A água-viva gigante que está atacando os pescadores no Estreito de Tsushima chega a medir dois metros de diâmetro e pesa cerca de 200 quilos. A indústria pesqueira japonesa estima que o ataque causará um prejuízo de US$ 320 milhões.
Na mesma situação, e com alto risco de morte, estão os australianos que habitam áreas costeiras. Lá há o avanço da água-viva vespa do mar. Ela é linda. E agressiva. A ação de seu veneno é tão rápida e potente que a vítima não tem tempo de nadar para a praia, morre no mar. Quem mergulha na Grande Barreira de Corais australiana, um dos cartões-postais do país, sabe da existência de um pequenino “monstro” de 12 centímetros de comprimento chamado polvo de anéis azuis. Inversamente proporcional ao seu tamanho é a potência de seu veneno: aniquila 20 homens.
O fato é que a morte de muitos corais, devido à acidez do mar, quebrou acadeia alimentar - desapareceram caranguejos e camarões e, com isso, o polvo de anéis azuis aproxima-se cada vez mais da costa para suprir suas necessidades. O governo da Austrália acaba de montar um plano de emergência tentando proteger os banhistas.
MIGRAÇÃO : A falta de nutrientes causada pela acidez dos oceanos obriga os animais a mudar de hábitat.
Na paradisíaca Península Ibérica o ataque em massa da caravela-portuguesa atraiu pesquisadores de toda a comunidade científica europeia. “O aquecimento global é a esfera maior. Em uma de suas camadas está o desequilíbrio ambiental”, diz o analista geográfico da Universidade de Alicante Jorge Olcina. “Fizemos diversos estudos e comprovamos que há uma série de desequilíbrios no ecossistema do mar. Isso se traduz na proliferação de medusas que estão invadindo praias da Catalunha.” Foi o mesmo fenômeno que se deu na Califórnia. Milhares de lulas com mais de um metro de comprimento, dotadas de cortantes tentáculos, invadiram as águas de San Diego. “Todos ficaram assustados por nadar lado a lado com um monstro das profundezas.
Nossas máscaras foram envolvidas por tentáculos”, diz o biólogo marinho americano John Hyde. Ele acrescenta que essa espécie de lula é conhecida como “diabo vermelho” e que seu comportamento se alterou: “Sempre viveram em águas profundas da América Central, mas agora passaram a invadir o sul daCalifórnia. Temos de prestar atenção a esses sinais da natureza.” Em outras palavras, o sinal dado por esse movimento migratório é o da falta de alimentos e do declínio no número de predadores naturais.
Fonte:<http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2072/invasao-dos-monstros-marinhosdesequilibrio-ecologico-faz-com-que-algumas-especies-144925-1.htm>
Armas de caça e partes de animais em extinção foram apreendidas pela Polícia Federal nesta sexta-feira, em uma casa dentro do Parque Nacional da Serra doItajaí, em Presidente Nereu.
Também foram encontradas munição de fabricação artesanal, carcaças de animais e carne de pássaros congelada. Ninguém foi preso pelo crime.
O mandado de busca e apreensão foi expedido pela Justiça de Rio do Sul. A operação envolveu agentes do Parque Nacional da Serra do Itajaí e da Policia Federal.
O que mais surpreendeu os técnicos foi a quantidade de pedaços de animais exibidos como troféus nas paredes da casa. Entre os pedaços estavam patas de anta, animal extinto desde a década de 1980 em Santa Catarina, e garras de gavião, espécie ameaçada em todo o Sul do Brasil.
Fábio Faraco, chefe do Parque Nacional da Serra do Itajaí, acredita que foram usadas redes de neblina — usadas para capturar morcegos e pássaros —para pegar os animais e, assim, poder comercializá-los vivos.
A carne apreendida foi incinerada, e as armas, encaminhadas à Polícia Federal de Itajaí. Já as partes de animais foram levadas à Universidade Regional de Blumenau para pesquisa.
Fonte:
http://www.clicrbs.com.br/especial/sc/jsc/19,0,2592969,Armas-de-caca-e-partes-de-animais-em-extincao-sao-apreendidas-em-Presidente-Nereu.html
Jornal de Santa Catarina e http://www.anda.jor.br/?p=12968

O brasileiro, Gabriel Buchmann está perdido na África

Essa é a história de Gabriel Buchmann.
Gabriel é um economista brasileiro de 28 anos que está perdido desde sexta da semana passada no Monte Mulanje, no país Centro-Africano do Malawi, um dos países mais pobres do mundo.
Precisamos de ajuda para manter o assunto na mídia e garantir a continuidade do apoio governamental.
Ao longo do último ano, Gabriel Buchmann viajou por dezenas de países na Ásia, Oriente Médio e África. Sempre com poucos recursos, a base de carona e com a ajuda de pessoas locais. Sua intenção era conhecer o mundo, suas belezas, suas dores, seus erros, a pobreza, a injustiça dos homens contra a natureza e contra seus semelhantes.
Gabriel é um economista brilhante.
No vestibular, foi primeiro lugar geral na Puc-Rio. Na faculdade, fez duas graduações: em Economia e Relações Internacionais. Ao longo da faculdade ganhou 2 bolsas para estudar na Europa, na Science-Po francesa e depois na Universidade de Madri. Voltou ao Brasil para completar sua monografia, em reforma agrária. Depois, iniciou o mestrado na própria Puc-Rio, defendendo a dissertação sobre a interação entre educação, fertilidade, e o sistema político do país.
Ao terminar o mestrado, ingressou no centro de políticas sociais da FGV onde trabalhou na avaliação de diversos programas do governo. Essa seria sua preparação para o seu doutorado em economia da pobreza, na Universidade da Califórnia.
Antes do doutorado, Gabriel falou que precisava entender a pobreza mais de perto, e essa foi uma das suas razões para sua viagem à Ásia, Oriente Médio e África. Não que ele não a conhecesse. Ainda na faculdade, embarcou num avião do correio aéreo nacional para a Amazônia, onde subiu o pico da neblina e conviveu nas comunidades pobres locais. Abandonou o verão do seu Rio de Janeiro para passar meses em cidades do sertão nordestino, onde fazia questão de ir às cidades mais pobres e se hospedar na casa das pessoas humildes da região. O seu interesse era a vida deles, os problemas deles.
Para Gabriel, a estrada é conhecer e viver.
Esse é um trecho do e-mail que ele escreveu no dia primeiro de junho
(veja mais no blog:http://ajudegabrielbuchmann.blogspot.com/ )

“mas o melhor de tudo é que aqui na África to conseguindo por em pratica a viagem que sempre idealizei...hoje ficarei em hostel pela segunda vez desde que pisei no continente, todos os outros dias dormi e comi na casa de locais, gastando uns 2-3 dolares por dia, o que me permitiu a cada dia distribuir meu daily budget entre as pessoas que me hospedaram, alimentaram, etc...to muito feliz com isso, de conseguir estar vivendo grande aventuras e realizando uma viagem de profunda imersão no continente africano, absolutamente não turística, e de forma totalmente sustentável, transferindo 80% dos meus gastos pra africanos pobres... e aqui com quase nada vc faz uma substancial diferença na vida das pessoas...esse amigo meu congoles, por exemplo, com 12 dólares paguei o aluguel mensal da casa da família dele, esse menino com 40 dólares garanti um ano escolar pra ele numa escola super legal...”

Malawi era o último país que ele iria visitar. Dia 28, está com viagem marcada de volta ao Rio. Gabriel já está desaparecido há uma semana, mas em 1994 um Malawiano passou 3 semanas sozinho no monte, sendo encontrado numa trilha após ter desmaiado de fome. Houve ainda outros casos de resgate.
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d) Comentem as notícias que aparecem na mídia! É fácil achar na uol, no
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CLIPPING DE NOTÍCIAS:
Helicóptero começa buscas por brasileiro desaparecido na África
G1.com.br - ‎23/07/2009‎
Um helicóptero começou as buscas pelo economista Gabriel Buchman no monte Mulanje, no Maláui, na África, nesta quinta-feira (23). ...
Helicóptero sobrevoa área onde brasileiro sumiu no Malauí
Estadão - ‎23/07/2009‎
RIO - Um helicóptero começou a sobrevoar nesta quinta-feira, 23, o Monte Mulanje, no Malauí, onde o economista franco-brasileiro Gabriel Buchmann, ...
Tempo melhora e Malauí intensifica buscas por brasileiro desaparecido
bbc brasil - ‎22/07/2009‎
As operações de busca para tentar localizar o brasileiro Gabriel Buchman, desaparecido em uma montanha do Malauí desde a semana passada, ...
Tempo melhora e Malauí intensifica buscas por brasileiro desaparecido
Estadão - ‎22/07/2009‎
Equipes de resgate esperam pela chegada de um helicóptero do Zimbábue para ajudar nas buscas. As operações de busca para tentar localizar o brasileiro ...
Tempo melhora e Malauí intensifica buscas por brasileiro desaparecido
O Globo - ‎22/07/2009‎
As operações de busca para tentar localizar o brasileiro Gabriel Buchman, desaparecido em uma montanha do Malauí desde a semana passada, ...
Tempo melhora e Malauí intensifica buscas por brasileiro desaparecido
Terra Brasil - ‎22/07/2009‎
As operações de busca para tentar localizar o brasileiro Gabriel Buchman, desaparecido em uma montanha do Malauí desde a semana passada, ...
Tempo melhora e Malauí intensifica buscas por brasileiro desaparecido
Último Segundo - ‎22/07/2009‎
As operações de busca para tentar localizar o brasileiro Gabriel Buchman, desaparecido em uma montanha do Malauí desde a semana passada, ...
SRZD Família de jovem desaparecido na África se mobiliza na luta ...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Navios roubam água dos rios da Amazônia

Erik von Farfan
Jornalista
Depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce.
Uma nova modalidade de saque aos recursos naturais denominada hidropirataria.
Cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.
Porém a falta de uma denúncia formal tem impedido a Agência Nacional de Águas (ANA), responsável por esse tipo de fiscalização, de atuar no caso.
Enquanto as grandes embarcações estrangeiras recriam a pirataria do Século 16, a burocracia impede o bloqueio desta nova forma de saque das riquezas nacionais.
Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas, sabe desta ação ilegal; contudo, aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.
A defesa das águas brasileiras está na Constituição Federal, no Artigo 20, que trata dos Bens da União. Em seu inciso III, a legislação determina que rios e quaisquer correntes de água no território nacional, inclusive o espaço do mar territorial, é pertencente à União. Isto é complementado pela Lei 9.433/97, sobre Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu Art. 1, inciso II, que estabelece ser a água um recurso limitado, dotado de valor econômico. E ainda determina que o poder público seja o responsável pela licença para uso dos recursos hídricos, “como derivação ou captação de parcela de água”.
O gerente do Projeto Panamazônia, do INPE, o geólogo Paulo Roberto Martini, também tomou conhecimento do caso em conversa com técnicos de outros órgãos estatais. “Têm nos chegado diversas informações neste sentido, infelizmentesempre estão tirando irregularmente algo da Amazônia”, comentou o cientista, preocupado com o contrabando.
Os cálculos preliminares mostram que cada navio tem se abastecido com 250 milhões de litros. A ingerência estrangeira nos recursos naturais da região amazônica tem aumentado significativamente nos últimos anos. Águas amazônicas
Seja por ação de empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou pelas missões religiosas internacionais. Mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM) ainda não foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região. A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobras e de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local.
“Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captaçãoé feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro.
O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área. Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia.
O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
As águas salinizadas estão presentes no subsolo devários países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, Kuwait e Israel. Eles praticamente só dispõem desta fonte para seus abastecimentos. O Brasil importa desta região cerca de 5% de todo o petróleo que será convertido para gasolina e outros derivados considerados de densidade leve. Esse procedimento de retirada do sal é feito por osmose reversa, algo extremamente caro.
Na dessalinização é gasto US$ 1,50 por metrocúbico e US$ 0,80 com o mesmo volume de água doce tratada. Hidro ou biopirataria?
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos.
“Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”,argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico.
“Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes.
“Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou. Segundo o pesquisador do INPE, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos,12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupado por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são deágua doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras.
Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível. A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes. Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva. Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte. As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental.
Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos. Fonte: Eco 21Ano XIV - nº 93 - Agosto - 2004
www.eco21.com.br

UM DISCÍPULO DE TODA SENSEI E SUA MARAVILHOSA HISTÓRIA!‏

Essa é especialmente para os budistas!!
Quando você estiver sem vontade de fazer Gongyo ou Daimoku, pegue o trem para Tóquio que vai até o centro e procure pelo prédio "Sunshine", perto da estação "K". Ele foi construído por alguém que não falhou nem no Gongyo e nem no Daimoku por 30 anos.
Era uma vez um homem que estava completamente deprimido e que resolvera cometer suicídio. Ele tinha dívidas até as orelhas, sua esposa era cega e seus filhos tinham problemas. Mas antes de decidir morrer, esse homem queria comer seu último prato preferido - um guisado de legumes chamado "oden".
Enquanto andava pela cidade durante a noite procurando um restaurante, ele percebeu um brilho especial de lanternas que vinha de um local na esquina. Havia várias pessoas na frente do lugar, e ele pensou: "Ah! Um restaurante!". Ele entrou depressa no local e foi de encontro à luz.
Assim que entrou e foi em direção às pessoas, ele percebeu que havia cometido um engano. Era uma reunião. Quando perguntou a alguém perto sobre do que se tratava, foi-lhe dito que o palestrante era o Sr. Toda.
Depois de escutar, o homem perguntou ao Sr. Toda.: "Se esse Nam-Myoho-Rengue- Kyo é tão poderoso, meus problemas financeiros serão resolvidos? Minha mulher voltará a enxergar? Os problemas dos meus filhos serão solucionados"?
O Sr. Toda respondeu: "Não seja ridículo! Se tudo que o Nam-Myoho-Rengue- Kyo fizesse fosse resolver coisas tão pequenas como essas, eu não estaria aqui! Seus problemas financeiros serão resolvidos! Sua esposa voltará a enxergar! E os problemas dos seus filhos serão resolvidos! Não apenas isso, você se tornará um homem rico! Você construirá um prédio tão alto que olhará de baixo, para os aviões! Faça o Gongyo da manhã e da noite e recite o Daimoku todos os dias".
Não porque o homem tenha acreditado em alguma coisa do que lhe foi dito, mas sim pelo fato de ter ficado perplexo com a poderosa convicção do Sr. Toda, ele começou a praticar. Apesar de ser bastante difícil no início, ele seguiu corajosamente as instruções do Sr. Toda. Ele não falhou no Gongyo. Ele fez o Gongyo da manhã e da noite e recitou Daimoku por 1h30 todos os dias.
Logicamente, os resultados começaram a aparecer. Seus problemas financeiros foram resolvidos. Sua esposa não era mais cega. Seus filhos não tinham mais problemas. O homem até tornou-se presidente da companhia em que trabalhava, apesar de não ter tanta instrução quanto seus colegas. Ele se tornou rico. Seus filhos tornaram-se ativos na Divisão dos Jovens. As coisas superaram suas expectativas.
Quando fez 30 anos de prática, ele estava no topo do prédio que havia construído, imerso em lágrimas. O homem estava no topo de um arranha-céu que ele mesmo havia construído. "Tudo tornou-se verdade! Este prédio olha mesmo para baixo para ver os aviões! Depois de 30 anos... Obrigado, Sensei, obrigado, Soka Gakkai!".
Não muito tempo depois, o homem veio a falecer depois dos 80 anos, deixando como legado uma prática de consistência. Mas antes de morrer, ele sempre apontava para o arranha-céu e dizia: "Isto mostra o poder do Daimoku! Estou aqui para dizer isso. Então, por favor, faça o Gongyo da manhã e da noite e recite Daimoku".
Então, quando não sentir vontade de fazer Gongyo ou Daimoku, dê uma olhada no prédio Sunshine... Ele ainda está lá.
ObS.: O prédio Sunshine é bastante conhecido, e já foi o prédio mais alto de Tóquio. Há de tudo dentro dele: restaurantes, escritórios, lojas de departamentos e até mesmo um planetário e um aquário. O prédio Sunshine foi construído no lugar onde era a Prisão Suginamo - onde o Sr. Makiguchi e o Sr. Toda ficaram presos.

Etanol brasileiro é o que mais reduz CO2‏

Mariana Amaro, de INFO Online
Segunda-feira, 20 de julho de 2009 - 17h45 - SÃO PAULO
O etanol fabricado no Brasil tem efeito maior na redução de emissão de gases que provocam o efeito estufa do que os biocombustíveis europeus e americanos.
A informação está no estudo Avaliação Econômica das Políticas de Apoio ao Biocombustível da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, apresentado na semana passada, em Paris.
De acordo com o estudo, o uso do etanol brasileiro, feito a partir de cana-de-açúcar, permite uma redução entre 70% e 90% das emissões de CO2 em comparação com os combustíveis fósseis.
Já o biodiesel comumente utilizado nos países da União Européia, fabricado apartir de óleos vegetais, a economia em relação à produção convencional varia entre 40% e 55%. O etanol americano, à base de milho, foi ainda pior nos resultados. Ele só diminui as emissões de gás carbônico entre 20% e 50%,com uma média inferior a 30%.
Fonte<

segunda-feira, 20 de julho de 2009

CONSÓRCIO CRIMINOSO - tentativa de emboscada fracassa

18/07/2009 Delegado Protógenes Queiroz

CONSÓRCIO CRIMINOSO - tentativa de emboscada fracassa

Ao povo brasileiro e aos internautas:

Hoje, em São Paulo, por volta das 13h30, nas imediações da Rua Vergueiro com início da Av.. Anchieta, em direção do ABC, percebi que o pneu do carro que dirigia estava furado. Parei no acostamento próximo ao posto da Polícia Militar. Ato contínuo notei que dois carros, um Fiat Uno, cor preta e um Vectra dourado, possivelmente ano 96, de placas BDP 9091 - São Paulo, encostaram logo atrás.

Ao perceber a situação suspeita, de emboscada, arranquei com o carro mesmo com o pneu furado. Entrei em uma rua onde haviam alguns caminhões estacionados e parei para telefonar e avisar os colegas. Em seguida, um jovem oriental usando boné, aproximou-se e pediu que eu o acompanhasse a seu carro que estava parado ali perto. Argumentei que não podia ajudá-lo e, ainda que com o pneu furado, continuei dirigindo e consegui chegar a um lava-jato. Continuei a ser seguido.

Desta vez apenas pelo Vectra, que novamente parou próximo ao local onde eu estava. Deste carro sairam dois orientais, sendo o jovem de boné com idade entre 25 e 30 anos e, outro com aproximadamente 45 ou 50 anos. Ao confirmar naquele momento o perigo que estava correndo entrei no carro sai a procura de uma oficina ou borracheiro para tentar resolver o problema do pneu furado. Quando percebi que novamente a perseguição continuava, e no Vectra os dois orientais, utilizei técnica especial de direção defensiva e consegui me livrar graças a um cavalo-de-pau. Mesmo assim continuaram tentando me acompanhar a uma certa distância. Parei no posto de gasolina da Petrobras para buscar auxilio, momento que avistei uma patrulha da Polícia Militar passando no local. Informei a situação e o acontecido, apontando para o veículo parado que fugiu em disparada não logrando êxito alcançá-lo.

Deixo aqui o registro da situação suspeita que vem ocorrendo por onde eu me desloco, quase que diariamente, bem como uma homenagem aos valorosos colegas policias brasileiros, em especial as escoltas de Policiais Militares do Estado de São Paulo, que me auxiliaram e conseguiram evitar o mal maior.

E aviso aos meus inimigos que a partir de hoje, além de escolta, tudo que acontece ao meu redor está sendo devidamente registrado e monitorado. Não curvarei ou me intimidarei de meus propósitos, seja como Delegado de Polícia Federal, cidadão brasileiro e sobretudo como um pai determinado a proteger a família.

Por Protógenes Queiroz às 00h25

especiação e diversidade (grupos confinados em geleiras, aves, a seleção natural, a formação espontanea, os padrões)‏

Especiação sem barreiras
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP - Trabalhando com simulações em modelos matemáticos, um grupo de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos acaba de propor um mecanismo de formação de novas espécies biológicas que não envolve barreiras físicas ou isolamento geográfico. O estudo foi publicado na edição desta quinta-feira (16/7) da revista Nature.
De acordo com o primeiro autor do artigo, o professor Marcus Aloizio Martinez de Aguiar, do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o mecanismo mais conhecido de formação de novas espécies biológicas é a chamada especiação geográfica: barreiras ecológicas impedem a troca de genes entre indivíduos de uma mesma população que, ao longo do tempo e submetidos a distintas pressões de seleção natural, acabam por gerar espécies diferentes.
Segundo ele, a principal contribuição do novo estudo é ter sugerido um mecanismo de especiação que prescinde das barreiras espaciais e da seleção natural, mas cujos resultados são compatíveis com os padrões de abundância de espécies observadas na natureza.
"O número de espécies existentes atualmente é muito grande - cerca de 100 milhões -, o que indica que a especiação é a regra e não uma exceção. Portanto, os mecanismos de especiação devem ser muito simples, embora sua compreensão não seja trivial. Um deles, sem dúvida, é o processo de isolamento geográfico, mas é improvável que seja o único. Nosso estudo aponta para a existência de um mecanismo diferente, em consonância com as observações experimentais", disse Aguiar à Agência FAPESP.
O artigo foi publicado pelo físico e colegas das universidades de Boston e do Arizona e do New England Complex Systems Institute, nos Estados Unidos.
Segundo Aguiar, uma das hipóteses aceitas para explicar a diferenciação das espécies com mecanismo de especiação geográfica é o avanço das geleiras nas eras glaciais, que formavam barreiras e isolavam grupos de animais por longos períodos.
"Mas alguns estudos confirmaram casos, como o da formação de certas espécies de aves, que não tinham correlação com a glaciação, sugerindo que deveria haver outros mecanismos. Aparentemente, o isolamento geográfico não dá conta de observar toda a variedade de espécies observada na natureza", apontou.
Utilizando modelos matemáticos, os pesquisadores simularam populações de indivíduos idênticos distribuídos no espaço de forma a permitir a reprodução entre aqueles que não estivessem muito distantes uns dos outros. Mas, a partir de certa distância, essa reprodução não ocorria.
"Conseguimos determinar que existe uma distância crítica para que um indivíduo escolha um parceiro para a reprodução, mesmo sem a existência de barreiras. O tamanho dessa vizinhança onde as escolhas são feitas foi um dos parâmetros do modelo", explicou Aguiar.
Além do fator relacionado à distância, o estudo determinou também que a reprodução só ocorre quando os indivíduos têm um certo grau de semelhança genética.
"Além da distância espacial, há também uma distância genética crítica. O que mostramos é que, se a distância espacial ou genética for muito grande, não há formação de novas espécies. Existe uma região de parâmetros na qual a especiação ocorre e uma outra na qual não ocorre", disse.
Congestionamento natural
No modelo desenvolvido, cada vez que a especiação ocorria os cientistas analisavam quantas espécies eram formadas e quantos indivíduos apareciam em cada espécie.
"Esses padrões de números de indivíduos e de espécies são mais ou menos universais. As análises estatísticas dessas quantidades se mostraram bastante compatíveis com o que é observado na natureza. Esse foi um dos pontos fortes do estudo", disse Aguiar.
Segundo ele, o mecanismo de especiação proposto, que não envolve o processo de seleção natural, é conhecido como mecanismo neutro. "Trata-se de uma formação espontânea de espécies, sem nenhuma pressão seletiva. É um processo natural que aparece simplesmente por conta de uma formação de padrões", disse.
O surgimento de espécies sem barreiras físicas específicas, segundo o estudo, pode ser comparado aos pesados fluxos de tráfego de veículos, que podem formar engarrafamentos mesmo em casos isentos de acidentes ou barreiras.
O artigo Global patterns of speciation and diversity, de Marcus Aguiar e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Para brasileiros, país carece de valores

MARIANA DESIDÉRIO
da Prima Pagina
Já está definido o assunto do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil. Por escolha da maior parte dos 500 mil brasileiros que responderam à pergunta "O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?", da pesquisa Brasil Ponto a Ponto, o tema do estudo será "valores".
Nas respostas à consulta, a falta de respeito, honestidade, amor, responsabilidade e de virtudes similares foi mencionada mais vezes do que questões como educação, segurança, saúde ou emprego. Para o coordenador do relatório, Flávio Comim, o resultado é surpreendente e só foi possível porque a consulta tinha uma pergunta aberta. Segundo ele, é a primeira vez que uma pesquisa desse tipo é feita com questão aberta, que permite que as pessoas escrevam a resposta que quiserem. A iniciativa é inédita — em nenhum outro lugar do mundo, o tema do relatório nacional feito pelo PNUD foi decidido dessa forma.
"As respostas abertas permitiram que as pessoas falassem o que quisessem. Não só o que deveria mudar para suas vidas mudarem, mas também os comos e os porquês daquilo", salienta Comim.
"Nas respostas, você vai encontrar problemas relacionados a saúde, educação, emprego. As novidades foram os comos e porquês. Este é o diferencial.
"Os valores mais citados pelos participantes da consulta foram respeito, justiça, paz, ausência de preconceito, humanidade, amor, honestidade, valor espiritual, responsabilidade e consciência. Para o coordenador do relatório, isso "nos leva a um conceito novo de valores de vida: nem só morais ou éticos, nem só financeiros, são os valores praticados no dia-a-dia.
"Dentre os 500 mil que contribuíram com o projeto Brasil Ponto a Ponto estão moradores dos maiores municípios brasileiros e dos dez com menor IDH, estudantes dos ensinos fundamental e médio, além de pessoas que deixaram sua resposta registrada no site da campanha, dos clientes das empresas TIM (telefonia) e Natura (cosméticos) e de quem se manifestou pelos sites dos canais de televisão MTV (cabo) e Globo. As empresas parceiras foram as responsáveis pelo grande número de participações obtido pela consulta, diz Comim. A organização da Brasil Ponto a Ponto esperava, inicialmente, 50 mil respostas.
Apesar de a consulta ter alcançado grupos bem diversos, Comim conta que os principais pontos levantados foram basicamente os mesmos. Nos primeiros lugares das questões mais objetivas (os pontos compreendidos pelo PNUD como "valores" vieram muitas vezes acompanhados de outras questões) estão educação e violência. Esses dois temas terão destaque no relatório. Comim conta que o que mais apareceu em relação à educação não foi uma demanda por mais conteúdo nas escolas, mas uma carência de que o espaço escolar também transmita valores aos alunos.
Sobre a violência, o que mais apareceu foram reclamações sobre a violência contra a pessoa — agressões, violência doméstica — em detrimento da violência contra a propriedade, como roubos e furtos. A conclusão que se tira disso, para Comim, é de que "o problema é muito maior. Significa que a sociedade resolve seus conflitos de forma violenta.
"Terminada a pesquisa, que parou de receber contribuições em 15 de abril e teve os dados computados até meados de junho, o desafio agora é materializar o tema "valores". O relatório deve ser publicado até o início de 2010 e seu primeiro caderno abordará a experiência da consulta.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Reggae a Lona com Amor!!




Escolas no marketing verde das empresas

O catarinense Germano Woehl Jr é doutor em física pela UNICAMP, Pesquisador Titular do Instituto de Estudos Avançados, em São José dos Campos (SP) e nas horas vagas se dedica na defesa da Mata Atlântica através do Instituto Rã-bugio.Desenho que foi premiado em um concurso promovido nas escolas públicas por uma empresa do setor florestal. Faz parte de uma cartilha de educação ambiental que a empresa distribui nas escolas.

Uma diretora de escola pública contou-me que a data que ela mais detesta é o Dia do Meio Ambiente. “As aulas são interrompidas para os alunos assistirem peças de teatro fajutas que a empresa traz de fora”, justificou, muito irritada.
O que mais me surpreendeu foi uma outra diretora revelar que os alunos de sua escola já foram obrigados a se deslocarem quase 200 quilômetros até a sede de uma empresa do "setor florestal" para um evento extremamente chato no Dia do Meio Ambiente, sendo que o fretamento dos ônibus e demais despesas da viagem teve que ser bancada pela Secretaria de Educação do município, que é muito pobre, cujo orçamento para a área de Educação, como se pode imaginar, é sempre muito minguado.
Os dois casos acima são de municípios que tiveram quase todo seu território coberto por reflorestamento de pinus e eucalipto de empresas do "setor florestal". A indignação dos diretores e professores se justifica quando se folheia as cartilhas de “educação ambiental” que estas empresas distribuem nas escolas.
O desenho abaixo foi extraído de uma destas cartilhas, que menciona tratar-se do desenho selecionado através de um concurso promovido nas escolas no evento do dia da árvore. Reparem que já naquela época (2001) o aluno representou perfeitamente a mata ciliar de apenas cinco metros, redução que está em conformidade com o "Código Ambiental" de Santa Catarina, aprovado há poucas semanas. Mas o desenho vencedor do concurso não foi este. É o que está na imagem no topo deste artigo e não deixa dúvidas sobre quais são os objetivos destas empresas.
Infelizmente é um retrato fiel da paisagem.
Esta cartilha não foi a pior que eu vi. Tem uma outra, também de uma empresa do "setor florestal", que conta uma história da amizade entre um menino e uma árvore. Logo no início, o menino reclama que está com muito frio e a árvore responde para ele cortar seus galhos secos e acender uma fogueira para se aquecer (para desespero dos diretores dos parques nacionais e do pessoal do previ-fogo do Ibama).
A historinha da cartilha de "educação ambiental" vai se desenvolvendo com a amiga árvore atendendo todos os desejos de consumo do menino (barco, casa, móveis...), mas sempre cedendo suas partes é claro. O curioso é que mesmo após ser derrubada e serrada, a árvore, ou melhor, suas tábuas continuam conversando com o menino. As paredes da casa conversam, bem como o casco do barco, a cama, mesa, cadeiras, carteira da escola... até os cadernos!
Estas empresas do setor florestal não são as únicas que utilizam as escolas para fazer marketing verde fortemente subsidiado com recursos públicos das prefeituras. Mas todas elas têm algo em comum: um tremendo passivo ambiental. Há casos de empresas que entram só com a idéia de projeto, daqueles bem manjados e sem nenhuma eficácia. Tudo é bancado pela prefeitura. É uma forma de parceria muito esquisita.
Os professores e diretores das escolas estão cada vez mais atentos a estas investidas das empresas e já começam a se rebelar e questionar estes abusos contra o ensino público. Eles percebem quando estão sendo usados apenas para o marketing verde de empresas. Mas são ameaçados e até demitidos, no caso de professores temporários e diretores. Conheço o caso de uma diretora de escola municipal que perdeu o cargo por este motivo.
O que deixou muitos professores perplexo no ano passado foi terem recebido uma advertência das esferas superiores de que eram obrigados a participarem do prêmio anual de uma grande empresa. Isto ocorreu logo após a primeira reunião com os representantes da empresa, quando nenhum professor compareceu. Tiveram que participar na marra.
Mas não são apenas os diretores de escolas e professores que odeiam as datas comemorativas relacionadas com o meio ambiente. Nos últimos anos não temos mais conseguido espaço nos jornais nestas datas, justamente devido a esta competição com os eventos oportunistas das empresas.
Mesmo com projetos inovadores de larga escala feitos com critérios científicos, sob a orientação de especialistas das melhores universidades do Brasil e do exterior, não conseguimos competir, por exemplo, com eventos pontuais de distribuição de mudas de espécies árvores exóticas ou o projeto de educação ambiental de outra empresa que deu um prêmio de R$ 500 para uma escola pela “criatividade” de reaproveitar o lixo, transformando uma caixa de papelão na forma de um computador, agregando tintas e outros materiais tóxicos. Ou seja, a caixa de papelão que poderia ser reciclada entregando-a limpinha para um catador agora vai para o lixo comum impregnada de produtos tóxicos. Este projeto da empresa ganhou destaque na edição estadual do maior jornal de Santa Catarina.
Quando a gente vê a edição impressa do jornal, com anúncios grandes e coloridos da empresa poluidora (com processos por vários crimes ambientais) em quase todas as páginas dá para entender tudo. Nossa esperança é a Internet, como o site O Eco.
Certa vez, ganhei um manual de comunicação para ONGs com uma dica para aproveitar bem as datas comemorativas para divulgar as ações em prol da sociedade, pois a imprensa costuma dar espaço para o trabalho desenvolvido pelas ONGs nestas datas. Acho que eles só esqueceram de alertar que no manual de comunicação do departamento de marketing das empresas também tem dicas parecidas e que elas inventam qualquer coisa, partem para o vale tudo, para ocupar este espaço.
É claro que nem todas as empresas agem assim. Temos muitos exemplos de empresas que realmente são responsáveis com o meio ambiente e que contribuem significativamente com a causa ambiental, fortalecendo as ONGs ambientalistas e também realizando projetos sérios de educação ambiental diretamente com as escolas.
Muitas empresas estão também se esforçando para melhorarem sua conduta ambiental e além de se adequarem à legislação ambiental investem recursos financeiros nos projetos das escolas e não apenas nos anúncios publicitários com utilização das prefeituras para executarem as “idéias”.
Aos poucos estamos construindo uma sociedade mais ética, cada vez mais crítica e consciente dos problemas ambientais. A geração que está vindo aí será bem melhor do que a nossa e certamente não vai aceitar mais o marketing verde enganoso de empresas e tampouco os meios de comunicação que propagam isso. E quem não mudar já tem data para fechar.


Fonte:

terça-feira, 14 de julho de 2009

Mapa do IBGE mostra onde estão os 238 peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção*

*Encerrando o projeto de divulgação dos mapas da fauna brasileira ameaçada de extinção, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança um mapa que localiza pela primeira vez, no território nacional, as 238 espécies e subespécies de invertebrados aquáticos e peixes que correm risco de desaparecer, segundo a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), publicada em 2004.*

*Apresentado na escala de 1:5.000.000 (**em que 1 cm corresponde a 50 km de território), o mapa "Fauna Ameaçada de Extinção: Invertebrados Aquáticos e Peixes - 2009" **pode ser adquirido por R$ 15 nas livrarias do IBGE em todo o país e também na loja virtual do instituto, pelo site www.ibge.gov.br,onde é possível ainda acessar e baixar o mapa gratuitamente, tanto por meiodo link "Mapas", na seção "Canais", como na área destinada a "Geociências".*

*O mapa de invertebrados aquáticos e peixes ameaçados completa a série iniciada pelo IBGE em 2006 e que inclui um mapa específico para as aves; outro para mamíferos, répteis e anfíbios; e um mapa de insetos e outros invertebrados terrestres, totalizando 632 espécies de animais que podem entrar em extinção caso nada seja feito para preservá-las.*

Das 238 espécies e subespécies ameaçadas que o mapa mostra, 79 são invertebrados aquáticos - como estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepinos-do-mar, anêmonas-do-mar - e 159 são peixes de água doce e salgada - a exemplo de alguns tubarões, cações, raias, peixes-serra, pacus, barrigudinhos, vermelhos, bagres, cascudos e lambaris. Esses animais foram catalogados pelo Ibama pela primeira vez em 2004, e o maior número deles ocorre nos estados de São Paulo (86), Rio de Janeiro (76), Rio Grande do Sul
(55), Bahia (51) e Paraná (43). Dentre as espécies relacionadas no mapa, 41
(6 invertebrados aquáticos e 35 peixes) se encontram em estado mais crítico
de perigo de extinção. É o caso do marisco-do-junco, do ouriço-do-mar-irregular, do cação-bico-doce e do surubim, entre outros.

Os invertebrados aquáticos são pouco conhecidos e estudados; muitos deles vivem no fundo do mar e não se locomovem, por isso são difíceis de serem vistos no dia-a-dia, e alguns não possuem sequer um nome popular. Já os peixes são mais conhecidos e estudados e se encontram em número maior. A
destruição dos *habitats* naturais é um dos principais fatores que aceleram o processo de extinção desses animais, ao lado de outros, como a poluição das águas, a sobrepesca, a pesca esportiva, o comércio de peixes ornamentais etc.

O mapa de invertebrados aquáticos e peixes ameaçadosé ilustrado com desenhos dos animais e fornece, como pano de fundo, informações sobre vegetação primitiva, área antropizada (modificada pelo homem) e delimitação dos biomas. Na legenda estão os nomes das classes, ordens e famílias a que pertencem as espécies, bem como seus nomes científicos e populares, categorias de ameaça (criticamente em perigo, em perigo e vulnerável) e distribuição geográfica.

Os estudos sobre a fauna ameaçada de extinção vêm sendo realizados pelo IBGE desde o fim dos anos 1980, fundamentalmente com base nas listas do Ibama e complementados por informações levantadas em diferentes instituições de pesquisas e na literatura especializada. Os estudos produzem informações que são armazenadas no banco de dados dos cadastros de fauna, que, por sua vez, gera os mapas. Ao divulgar espacialmente o estado atual de preservação da fauna, o IBGE contribui na orientação de possíveis programas de recuperação das espécies ameaçadas e no despertar da consciência ambiental.

*Comunicação Social
10 de julho de 2009*

*Fonte<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1410&id_pagina=1>*

<http://www.ibge.gov.br/mapas_ibge/default.php>*Fauna Ameaçada de
Extinção *
- Aves
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/tematicos/mapas_murais/aves.pdf> - PDF (9.64 MB)
- Mamíferos
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/tematicos/mapas_murais/mamiferos_2006.pdf>- PDF (1.74 MB)
- Insetos e Outros Invertebrados Terrestres
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/tematicos/mapas_murais/Insetos_2007.pdf>- PDF (2.05 MB)
- Invertebrados Aquáticos e Peixes
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/tematicos/mapas_murais/Invertebrados_Aquaticos_e_Peixes.pdf>- PDF (2.05 MB)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Bons ecos da Satiagraha!

Santos fortes do delegado Protógenes
Vitor Hugo Soares
De Salvador (BA)
No Dois de Julho o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, foi a sensação do grande desfile cívico e popular realizado em Salvador, na data magna da Bahia.
Ele deixou no chinelo o governador Jaques Wagner (PT), o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), o prefeito João Henrique (PMDB) e o ex-governador carlista Paulo Souto(DEM), entre outros políticos renomados da terra - do governo e da oposição.
Protógenes percorreu quilômetros a pé sob aplausos e gestos efusivos da multidão nas ruas e das famílias nas sacadas dos casarões históricos durante o cortejo aos heróis simbólicos da batalha da independência nos cerros de Pirajá, em 1823.A consagração veio no Pelourinho, onde o delegado recebeu, de joelhos, a saudação dos integrantes do Olodum, que tocaram tambores para ele em formação especial, algo raro de ver.
Desde então é difícil encontrar no País alguém mais contente que Protógenes. Ele próprio atribui esse estado de felicidade pessoal a motivos de fé: religiosa, moral e cívica.
O homem que há um ano conduziu a Operação Satiagraha e prendeu, entre outros, o conterrâneo Dantas Dantas - banqueiro-mor do Grupo Opoortunity - é católico praticante, devoto de São Bento e do Senhor do Bonfim, cujas medidas não tira do braço por nada.
Sincrético, nascido no seio de família com um pé nas sacristias e outro nos terreiros, Protogenes foi recebido também em um dos templos mais sagrados do candomblé de sua terra. Ali teve a confirmação de que é protegido de Xangô, guerreiro poderoso do reino dos orixás que adora desafios. Saiu da visita quase em estado de levitação, segundo testemunhas confiáveis. Esta seria uma das principais razões do atual estado de espírito e do moral elevado exibido por Protógenes ultimamente. Mas não é o único, podem apostar. Basta ler a entrevista do delegado na revista virtual Terra Magazine, postada na quarta-feira (8/7) na passagem do primeiro ano da Operação Satiagraha, para tirar essa conclusão.
O devastador evento político-policial que virou o país de cabeça para baixo segue emblemático em seus desdobramentos, como se vê pela denúncia criminal apresentada pelo Procurador da República Rodrigo de Grandis, na sexta-feira, 03, contra o banqueiro Daniel Dantas e mais 13 pessoas envolvidas. Eis aí causa mais concreta e explícita para explicar a euforia destes dias de Protógenes Queiroz. Isso se revela a cada resposta do delegado à repórter Marcela Rocha, na conversa em que o delegado avalia os desdobramentos das investigações que ele conduziu na fase mais crucial, até ser abrupta e injustificadamente afastado pelo novo comando da corporação a que pertence. Os motivos estão ainda submersos, mas provavelmente ainda virão à tona, como outras estranhas transações (para dizer o mínimo) deste caso.
Os fatos mais recentes revelam que o filho de Xangô não só é bom de briga e sabe nadar bem, como parece ter a proteção atenta de santos e orixás poderosíssimos. Assim, no primeiro aniversário da Satiagraha, ele pode afirmar na TM, que não teria feito nada diferente do que fez. Para Protógenes a denúncia do procurador De Grandis, esta semana, não é diferente da primeira, como alguns afirmam. Ao contrário, confirma integralmente os crimes antes apontados por ele. "Inclusive o procurador foi muito feliz ao requisitar, com urgência, a instauração de três novos procedimentos, em especial o da BrOi, que já era para ter sido instaurado no ano passado, porque eu requisitei que a PF prosseguisse, mas isso não foi feito. O MP, segundo o delegado, teve grande lucidez em razão das provas levantadas, que apontam a autoria de fraude e participação de várias pessoas no esquema da BrOi", entre elas o advogado e ex-deputado petista Luis Eduardo Greenhaalg e o advogado e ex-ministro Mangabeira Unger, que inesperadamente deixou o governo Lula e voou de volta para a sua cadeira mais tranqüila e segura, na Faculdade de Direito de Harvard. Quanto ao fato de ter aberto um novo capítulo sobre a mídia na operação Satiagraha, o delegado também não se arrepende de nada. Ao contrário, afirma estar cada vez mais convencido de que a relação do banqueiro Daniel Dantas e do grupo dele com setores da mídia "é uma relação espúria e criminosa, como foi desde o início apontado na investigação. Foi mostrada a relação que ele (DD) tinha com determinados jornalistas... Entendo que tem que aprofundar essa questão", conclui o delegado.
Neste domingo (12), à meia noite (que pena o horário tão tarde), na católica Rede Vida de Televisão, o feliz delegado Protógenes Queiroz dará entrevista também no programa de Kennedy Alencar. Mais "chumbo grosso" a caminho, pois munição o delegado não esconde que ainda tem de sobra. Que o Senhor do Bonfim, São Bento e Xangô reforcem a guarda de seu protegido. Ele precisa, e merece.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site-blog Bahia em Pauta (http://bahiaempauta.com.br/).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A verdadeira face do fumo

O advogado Guilherme Eidt explica como vê a relação entre os governos e as empresas fumageiras e detalha a realidade de quem vive da plantação de fumo.
07/07/2009
IHU On-Line
"A face mais perversa da fumicultura é o emprego de mão-de-obra infantil associado ao empobrecimento das famílias e ao uso extensivo do trabalho familiar no cultivo do tabaco." Essa é uma das situações ressaltadas pelo advogado Guilherme Eidt na análise que fez da cultura do fumo no Brasil, refletindo especialmente sobre o Rio Grande do Sul, durante a entrevista que concedeu à IHU On-Line. Eidt explica como vê a relação entre os governos e as empresas fumageiras e detalha a realidade de quem vive da plantação de fumo. "O endividamento dos fumicultores é apenas uma face dos problemas. Os mais conhecidos incluem os riscos à saúde e os danos ao meio ambiente, resultantes do uso inapropriado de pesticidas e do desmatamento para usar a lenha que seca a produção", contou ele.
Guilherme Eidt Gonçalves de Almeida é graduado em direito pela Universidade Estadual de Londrina, onde realizou a pesquisa A Constitucionalização da função sócio-econômica-ambiental. É especialista em Análise Ambiental pela Universidade Federal do Paraná, e mestre em direito pela Universidade de Brasília. Eidt trabalha como coordenador da Aliança para Controle do Tabagismo no Brasil e é autor de Fumo: servidão moderna e violações de direitos humanos (Curitiba: Terra de Direitos, 2005).
IHU On-Line
- Como você vê o incentivo dado pelo governo do Rio Grande do Sul à Souza Cruz?
Guilherme Eidt
- Trata-se de uma confusão que há muito se verifica entre o público e o privado. É o "ranço" patrimonialista que domina a estrutura burocrática do aparelho estatal em todos os poderes e esferas de governo. O Estado é parceiro, senão preferencial, necessário, do capital privado. O que se viu mundo afora, com o socorro às instituições financeiras e corporações transnacionais, em nada contradiz os procedimentos deliberativos das democracias modernas. Os Estados nacionais deixaram de ser tão só paradigmas de sobrecodificação e se constituem em modelos de realização da lógica do mercado, dos fluxos descodificados que lhe são próprios.
Os incentivos à Souza Cruz são de longa data conferidos não só pelo Rio Grande do Sul. Também o Estado brasileiro já colocou bilhões de reais neste setor com financiamentos subvencionados através dos bancos públicos, créditos e isenções tributárias, enquanto o Programa de Diversificação em Áreas Cultivadas com Fumo, do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), teve apenas R$ 10 milhões em dois anos para promover assistência técnica e aquisição de alimentos. A prioridade fica clara quando se observa a participação do Ministério da Agricultura nas reuniões do grupo de trabalho instalado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para estabelecer diretrizes aos artigos 17 e 18 da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (CQCT), que buscam alternativas sustentáveis à fumicultura, ponderando aspectos socioambientais, de respeito aos direitos humanos e econômicos, para tão só defender o país de qualquer medida que possa impactar negativamente suas exportações de folhas de fumo.
O Brasil alterna com a Índia a segunda ou terceira posição no ranking dos maiores produtores de fumo, e é o principal exportador mundial: 85% do que produz é exportado e, através da famosa Lei Kandir, não paga impostos, ou melhor, recebe em créditos tributários aquilo que paga. Essa é uma grande polêmica nos estados da região Sul, porque as fumageiras reclamam esses repasses e ameaçam se retirar para outros estados quando ocorrem atrasos.
Sendo um dos estados que mais produz fumo, por que o Rio Grande do Sul dá incentivo para indústrias de cigarro?
Uma estrutura fundiária assentada em pequenas propriedades, com forte presença de mão-de-obra especializada no cultivo do fumo e uma infra-estrutura incipiente de produção e comercialização mantida pelo núcleo de empresas nacionais no período anterior à década de 1970, foram condições prévias para a constituição do arranjo produtivo fumageiro na região do Vale do Rio Pardo. A partir da década de 1970, o setor experimentou uma desnacionalização e forte concentração de capital transnacional.
Inicia-se um processo conhecido como modernização conservadora, por ter favorecido aos antigos e modernos setores dominantes da agricultura latino-americana, em detrimento das maiorias camponesas. Trouxe crescente participação do setor privado na geração e transferência de tecnologia; sucessivas inovações e rápido incremento das exportações agropecuárias; desenvolvimento do comércio agrícola em grande escala e mudança dos sistemas de produção; influindo na própria concepção das políticas públicas.Nesses territórios integrados ao mercado internacional, bem dizer, verifica-se a incidência daquilo que o geógrafo Milton Santos chama de "lógicas exógenas", que os faz funcionar sob um regime obediente a preocupações subordinadas a racionalidades distantes, externas em relação à área de efetiva atuação das grandes corporações transnacionais do tabaco. Lógicas próprias dos setores e empresas globais que as mobilizam e criam, assim, situações de alienação que escapam à regulação local ou nacional em todos os domínios da vida, influenciando o comportamento da moeda, do crédito, do gasto público e do emprego, incidindo sobre o funcionamento da economia regional e urbana, por intermédio de suas relações determinantes com o comércio, a indústria, os transportes e os serviços.
Pode-se dizer que existe um discurso da verdade que é dominado pelas indústrias fumageiras, com apoio da mídia e das autoridades públicas que insistem em sustentar com palavras vazias o imaginário de desenvolvimento e prosperidade que teriam trazido para a região. Uma pesquisa de 2006, realizada pelo Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (DESER), atestou que as principais regiões produtoras de fumo apresentam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média estadual, nos três estados da região Sul. Para compreender este quadro é necessário verificar que nos municípios fumicultores os indicadores de frequência escolar e renda sempre são menores que naqueles não produtores de fumo; ou seja, onde se produz fumo com certo grau de importância, as pessoas têm menor renda e frequentam menos a escola; e, inclusive, onde quase com exclusividade se produz fumo, a expectativa de vida é menor.
Qual a realidade dos fumicultores hoje?
Quais são os principais problemas que eles enfrentam?
O MDA encaminhou uma nota técnica à segunda seção da Conferência das Partes (COP2) da Convenção-Quadro, realizada pela OMS em Bangcoc, em 2007, onde reconhece evidências substanciais dos efeitos nocivos do controle exercido pela indústria do fumo sobre a organização da cadeia agroindustrial do tabaco. O modelo sugere inúmeras facilidades aos agricultores, principalmente para aqueles descapitalizados que necessitam recorrer ao financiamento direto ou avalizado pelas indústrias ao adquirir o pacote tecnológico, num esquema de venda casada de utensílios e implementos agrícolas.
Na cadeia produtiva do fumo não é quem vende que faz o preço. A fumageira é que decide o valor do produto que irá comprar, ao manipular a classificação e estimular o acúmulo de dívidas que mantém o fumicultor vinculado para safras futuras. O fumicultor pode recusar as condições dadas para a comercialização, mas, como sua lavoura foi dada em penhora para a garantia da dívida, as fumageiras conseguem ordem judicial para arrestá-la, valendo-se das notas promissórias assinadas em branco no momento em que o agricultor firma o contrato. É esse o esquema que está por detrás da liderança mundial do Brasil no setor de exportação de fumo em folhas: a sujeição do pequeno agricultor a uma verdadeira servidão moderna.
E o endividamento dos fumicultores é apenas um dos problemas. Os mais conhecidos incluem os riscos à saúde e os danos ao meio ambiente, resultantes do uso inapropriado de pesticidas e do desmatamento para usar a lenha que seca a produção. A dificuldade em quantificar os casos de intoxicações ligados à fumicultura decorre de sistemas de notificação toxicológica incipientes e do pouco preparo dos profissionais de saúde para correlacionarem os sintomas e as causas. O mesmo se observa para a doença da folha do tabaco, provocada pela absorção transdérmica de nicotina, que apresenta toda uma sintomatologia associada (prostração, fraqueza, vômitos, dores estomacais, musculares e de cabeça, tremores, taquicardia, insônia, depressão) pouco diagnosticada e relacionada com a exposição e manejo das folhas de fumo.
A face mais perversa da fumicultura é o emprego da mão-de-obra infantil associado ao empobrecimento das famílias e ao uso extensivo do trabalho familiar no cultivo do tabaco. É comum relatos de professores da rede pública de ensino que atendem escolas nas áreas rurais indicando o déficit cognitivo de crianças que trabalham na lida com o fumo, além da evasão escolar. Pesquisa que realizei junto com a Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade de Brasília, aponta que as crianças trabalham em jornadas que chegam a mais de dez horas por dia na época da colheita e da secagem do fumo. Elas absorvem quantidades de nicotina no organismo exorbitantes, semelhantes a uma pessoa fumante.
Para fazer frente a estas e outras situações, em dezembro de 2007, o Ministério Público do Trabalho (MPT) da 9ª e da 12ª Região interpuseram, ao todo, 18 Ações Civis Públicas na Justiça do Trabalho dos Estados do Paraná e Santa Catarina, contra as principais indústrias atuantes no setor fumageiro, bem como contra o Sindifumo e a Afubra. No Rio Grande do Sul uma articulação das fumageiras com o MPT local impediu que as ações também fossem interpostas no estado.
Que alternativas o senhor propõe à fumicultura em relação aos aspectos socioambientais, de direitos humanos e econômicos no que diz respeito à produção no país?
Os fumicultores vivem em um modo peculiar e doloroso de participação na sociedade, em que são privados das condições básicas de inserção social, definidas por valores que o próprio capitalismo proclama, como o direito à igualdade, ao bem-estar e ao acesso pleno aos bens que essa sociedade é capaz de produzir. É o que José de Souza Martins chama de "inclusão perversa" numa realidade que não priva em termos absolutos, nem exclui de fato, mas simula pertencimento numa realidade de padecimentos e privações. A capacidade de resistência dos pequenos agricultores que plantam tabaco é ainda condicionada pelo vínculo e pela dependência socioeconômica frente às indústrias do sistema de integração rural. Esse é o principal obstáculo para um programa de diversificação de atividades agrícolas e não-agrícolas que atenda aos fumicultores.
Existe um grupo de trabalho no âmbito da OMS para estabelecer as diretrizes que orientarão as políticas públicas no sentido de buscar alternativas à fumicultura. A primeira reunião desse grupo foi em Brasília (2007), a segunda foi na Cidade do México (2008) e a terceira será em setembro deste ano em Nova Deli, na Índia. Está claro para os países membros que cabe olhar a situação através de uma variada gama de indicadores de sustentabilidade, além da rentabilidade para os agricultores. Aspectos que norteiam este trabalho ponderam o impacto das atividades produtivas no meio ambiente (solo, ar, fauna, flora, recursos hídricos), na saúde dos trabalhadores, das pessoas e das comunidades, no planejamento e na dinâmica de desenvolvimento territorial, com diversificação dos meios de vida e o respeito aos valores e princípios dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
A agroecologia e os sistemas agroflorestais apresentam-se como horizontes nesse caminho. Todavia, ainda há o que ser trilhado para chegarmos à condição de oferecer uma resposta a essa pergunta. Eu vejo que são muitas as potencialidades que podem orientar a construção coletiva de alternativas ao modelo agrícola decorrente da modernização conservadora de que falávamos antes. E essas potencialidades encontram-se nas virtudes de cada território. Metodologias são importantes por retratar a experiência acumulada, mas é preciso trabalhar as políticas públicas em conjunto com as forças e saberes locais, adaptar os programas de governo para atender as circunstâncias que emergem a cada acontecimento, e estabelecer linhas de fuga para evitar incorrer na repetição de cadeias produtivas estéreis, que fazem dóceis os corpos dos trabalhadores e os abandonam à sorte no velho mercado, eivado dos mesmos e corruptos vícios. Estimular uma nova economia, que promova vínculos criativos, fraternos e solidários entre trabalhadores e consumidores, é uma saída na qual vale investir.
O caminho não é trocar banana por manga, caqui por abacaxi, chuchu por maracujá, nem fumo por tomate. E agrofloresta não é plantar girassol no meio de eucaliptos. É muito mais do que isso: exige transformações em níveis muito mais profundos do que esses. E requer um comprometimento de gestores e autoridades públicas hoje ainda inexistentes. As ações do Programa de Diversificação do MDA para as áreas cultivadas com tabaco sequer chegam a ser paliativas. São ousadas, sim, estão no rumo adequado, mas precisam ganhar força e serem valorizadas, primeiro, dentro do próprio governo para conseguirem chegar às pessoas e comunidades.
Na cultura do fumo, qual é a média de agrotóxicos utilizada nas lavouras?
Não é nem a quantidade utilizada que é o mal. É mais um grande negócio de interesse comercial dentro do sistema de integração rural, que promove a venda casada de agrotóxicos (fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas). O Anuário do Fumo de 2003 trouxe a informação de que o setor fumageiro estaria parando de comercializar o brometo de metila, classificado como extremamente tóxico e banido mundo afora, depois que os estoques desse produto acabassem. Ou seja, mesmo cientes do malefício que pudessem vir a causar à saúde e ao meio ambiente, venderiam o produto estocado aos fumicultores. Esse exemplo mostra o respeito que as indústrias desse setor têm pela vida. Também pudera, são as únicas que colocam no mercado produtos que causam a morte de 50% dos usuários que os consomem, conforme recomenda o fabricante. E, pior, os receituários agronômicos que autorizam a comercialização dos agrotóxicos são conferidos por pessoas que sequer conhecem as propriedades onde eles serão utilizados. Já faz parte do pacote tecnológico a indicação para ser aplicada a cada período da produção. É como se, por premonição, soubessem que naquele momento a "praga x" fosse requerer o "veneno y", na dose "z". Um total desrespeito à Lei dos Agrotóxicos, que fala em prescrição adequada, com diagnóstico caso a caso e posologia específica.
No Brasil a lavoura do fumo é de difícil mecanização e exige lida manual, cuidados que sujeitam os trabalhadores a um contato direto com os agrotóxicos e a própria seiva de nicotina da planta. O sistema floating que dispõe as mudas em bandejas e as imergem em caldas de agrotóxicos até reduziu a carga de substâncias utilizadas, mas nem por isso retirou a toxidade delas, ou fez impedir a contaminação de mananciais e solos próximos às áreas de cultivo. Outro triste exemplo da irresponsabilidade das fumageiras com a vida é que, sistematicamente, elas negam evidências científicas que apontam o potencial teratogênico do Flumetralin, substância ativa do anti-brotante Prime Plus, vastamente comercializado para ser aplicado na fase do desbrote das flores e folhas do fumo. Esse produto causa má-formação fetal, problemas congênitos, é neurotóxico e cancerígeno. Fosse outra a preocupação das fumageiras, o discurso de que as lavouras de fumo usam menos agrotóxicos do que as de tomate seriam mais comoventes. Mas essa é apenas mais uma faceta do interesse comercial que as orientam. Tudo para atender aos padrões de qualidade e exigência dos importadores de folhas de fumo e muito pouco, ou nada, para a saúde dos agricultores que, quando buscam atendimento em casos emergenciais, devem ir ao Sistema Único de Saúde (SUS), pois a indústria que exige e monitora a utilização dos agrotóxicos não oferece assistência alguma. Isso também não é surpresa, pois os fumantes acometidos por trombogeite obliterante, doença exclusivamente provocada pelo cigarro, que faz as partes periféricas do corpo necrosar, também não têm assistência alguma.
O Brasil foi um dos pioneiros na legislação de combate ao fumo. Como o senhor vê a legislação atualmente?
Ela precisa de mudanças?
O pioneirismo do Brasil é reconhecido mundialmente e a Organização Mundial da Saúde referenda boa parte do programa nacional de controle do tabaco. Todavia, a legislação nacional é de meados da década de 1990 e hoje se encontra defasada frente ao acúmulo de evidências científicas reunidas na construção da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, ratificada pelo país em 2006. A Convenção responde às evidências de que a globalização da economia é fator determinante da transferência da carga epidêmica do tabagismo e de doenças relacionadas ao tabaco, de países desenvolvidos para países em desenvolvimento. Ela sistematiza um conjunto de políticas públicas com o objetivo claramente definido, em seu artigo 3°, de proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco, proporcionando uma referência para as medidas de controle do tabaco. Por exemplo, a Lei Federal 9.294/1996 prevê área destinada exclusivamente ao fim de se fumar, devidamente isolada e com arejamento conveniente, o que está em flagrante inadequação às diretrizes do artigo 8º da Convenção, que determina medidas legislativas, executivas, administrativas e outras eficazes para proteção contra a exposição à fumaça do tabaco, com adoção de ambientes coletivos 100% livres de fumo.
O que se observa hoje é que essa exceção na lei federal permitiu toda sorte de violações de seu conteúdo. Primeiro, porque as áreas destinadas a fumantes não são exclusivamente destinadas para o fim de se fumar, e os trabalhadores que prestam serviços nestas áreas são expostos involuntariamente à poluição tabagística ambiental (PTA). Segundo, porque o isolamento de áreas por sistemas de ventilação não é eficaz e, segundo a Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Condicionamento de Ar (ASHRAE), órgão de referência mundial em engenharia de ventilação, nenhuma tecnologia disponível atualmente é capaz de eliminar as 4.800 substâncias particuladas da fumaça do cigarro e reduzir os riscos de exposição à PTA. O arejamento esconde dos olhos, mas não do coração, digamos, pois apenas ameniza o incômodo da fumaça e os odores do tabaco.
E, mesmo os sistemas ineficazes hoje existentes são de elevado custo econômico e poucos estabelecimentos poderiam pagar por eles. Incentivar os fumódromos traria desequilíbrio na concorrência entre bares e restaurantes e, além de ser paliativo, chegaria apenas às classes econômicas privilegiadas, imprimindo tratamento desigual à população de baixa renda, o que é inaceitável do ponto de vista da saúde pública. A interferência das indústrias do tabaco e seu interesse nos fumódromos decorrem do impacto econômico das leis proibitivas para o setor fumageiro. Se cada fumante deixar de consumir somente três cigarros por dia, a queda nos lucros anuais já será da ordem de bilhões de reais. A propósito, em recente recomendação ao Brasil, o Conselho Econômico e Social da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas apontou essa falha da legislação nacional e cobrou do Estado brasileiro uma resposta que seja adequada, eficaz e integral para garantir a prevenção da saúde pública, restringindo 100% o fumo em ambientes coletivos.
Como compreender que a indústria fumageira seja apontada como modelo de tecnologia e, ao mesmo tempo, exponha os trabalhadores desse ramo a péssimas condições de trabalho?
Costumo chamar de "engenharia biopolítica" aquele sistema de integração rural montado pelas indústrias fumageiras. Isso porque elas conseguem se valer de sofisticadas práticas de controle disciplinar, dividir no espaço, ordenar no tempo, compor no espaço-tempo as relações de força e saber que exercem, delineando relações de sujeição efetivas que fabricam os sujeitos e modelam sua subjetividade. A capacidade de integração que constituem os dispositivos do saber possibilita a atualização, o remanejamento e a estabilização de relações de forças diferenciais que determinam as singularidades (afetos). Ou seja, opera o alinhamento, a homogeneização das singularidades, colocando-as em séries e convergindo, como diz Deleuze, a multiplicidade de integrações locais, parciais, cada uma em afinidade com tais relações, tais pontos singulares. Constituem mecanismos operatórios que não explicam o poder, pois supõem as relações e se contentam em "fixá-las" sob uma função reprodutora e não produtora.Trata-se de uma "engenharia", porque essa homogeneização das singularidades, de fundamental importância para a constituição do capitalismo industrial e da sociedade moderna, passa pelas disciplinas de funcionamento do sistema de integração rural, neste caso da fumicultura, que criam aparelhos de saber e múltiplos domínios do conhecimento, e portam um discurso da verdade distinto do direito, alheio ao da lei e da regra. Além disso, veiculam um discurso que é o de um código que não é o da lei, mas da normalização das condutas e práticas corporativas que são próprias das fumageiras.
E é uma engenharia "biopolítica", porque faz viver de uma determinada maneira, influi na própria concepção de modo de vida, afetando as mais variadas dimensões da vida das pessoas, garantindo relações de dominação e efeitos de hegemonia; o ajustamento da acumulação dos homens à do capital, como diz Foucault, e a articulação do crescimento dos grupos humanos à expansão das forças produtivas e a repartição diferencial do lucro; abandonando os fumicultores ao mercado e à morte segundo sua própria sorte. Ela faz viver e deixa morrer. E, como outros pesquisadores já verificaram, a alta incidência de suicídio entre os trabalhadores rurais usuários de agrotóxicos em Venâncio Aires (RS), região predominantemente fumicultora, são exemplos que configuram manifestações visíveis de um modelo fundado na injustiça estrutural e na irresponsabilidade ambiental de empresas e governos.